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A cronologia completa do caso dos Irmãos Menéndez

Conheça toda a história: do crime à possibilidade de liberdade

11/08/2025

Localizada no elitizado bairro de Beverly Hills, em Los Angeles, uma mansão se tornou o cenário de um dos crimes mais chocantes e controversos da história dos Estados Unidos em 20 de agosto de 1989. Tudo começou quando Lyle e Erik Menéndez assassinaram brutalmente seus pais, José e Kitty Menéndez. Cometido bem no coração da realeza de Hollywood, não demorou para que o caso desencadeasse uma tempestade midiática que até hoje levanta debates sobre culpa, abuso e justiça.

Após dois julgamentos explosivos, os irmãos permanecem presos desde a década de 1990, condenados à prisão perpétua sem direito à liberdade condicional. No entanto, isso não significa que o público esqueceu dos Menéndez. Muito pelo contrário. Mais recentemente, o caso voltou a ganhar notoriedade com a minissérie Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan. Além disso, debates atualizados sobre abuso, trauma, violência doméstica e abuso sexual infantil, têm moldado novas interpretações do crime, fazendo com que os irmãos sejam vistos sob uma ótica mais complexa.

Lançamento da DarkSide® Books, Irmãos Menéndez: Sangue de Família cobre todos os aspectos do caso, começando com o chocante crime que ocorreu em agosto de 1989. Fruto de uma investigação minuciosa do jornalista Robert Rand, que acompanhou tudo desde o início e teve acesso exclusivo a Lyle e Erik ao longo dos anos, Irmãos Menéndez: Sangue de Família desmonta as narrativas simplistas, oferecendo um documento valioso para aqueles que desejam compreender as complexidade do caso, da justiça e dos laços familiares.

Entre novos julgamentos, sentenças revisadas e debates acalorados sobre motivação e culpa, o caso dos irmãos Menéndez continua mais atual do que nunca, aparecendo constantemente nos noticiários e nas redes sociais. Entre tantas informações e atualizações, sabemos que fica difícil ficar a par de tudo que está acontecendo. É por isso que a Caveira elaborou uma linha do tempo para você entender melhor a cronologia do caso dos Irmãos Menéndez.

Agosto de 1989: o crime

Na noite de 20 de agosto de 1989, o executivo da indústria musical, José Menéndez, e sua esposa, Kitty, são fatalmente alvejados por tiros de espingarda disparados à queima-roupa enquanto assistem televisão na sala de estar de sua mansão em Beverly Hills. Seus filhos, Lyle, de 21 anos, e Erick, de 18, ligam para a emergência, afirmando que ao retornarem para casa encontraram os pais já mortos, vítimas de uma invasão domiciliar orquestrada por desconhecidos. Posteriormente, a dupla alega que o assassinato foi resultado de um envolvimento de Jose com o crime organizado.

Março de 1990: os irmãos são presos

Os gastos extravagantes e o comportamento suspeito dos irmãos rapidamente atraiu a atenção da polícia. No entanto, a prisão só veio em março de 1990. Lyle foi preso no dia 08, enquanto Erik se entregou alguns dias depois de voltar de uma viagem internacional. A detenção aconteceu após a dupla ter confessado o crime a um terapeuta. Eles foram então acusados de assassinato em primeiro grau com o agravante de premeditação, o que os tornava elegíveis para a pena de morte. Tudo isso atraiu a atenção da mídia, o que rapidamente tornou o caso um dos mais divulgados e comentados da década.

Julho de 1993: o primeiro julgamento

Televisionado pelo canal Court TV, o primeiro julgamento começou em julho de 1993 na cidade de Los Angeles, com cada irmão tendo seu próprio júri. Com depoimentos de Lyle e Erik, que relataram sofrer abusos físicos e sexuais do pai, os advogados de defesa argumentaram que os jovens mataram Kitty e José em legítima defesa após anos de constantes violências emocionais, psicológicas e sexuais. Também foi argumentado que os irmãos acreditavam, talvez irracionalmente, que os pais iriam matá-los, silenciando assim qualquer denúncia de abuso. Por outro lado, os promotores alegaram que a dupla estava mentindo, sendo motivada unicamente por ganhos financeiros, já que herdaria uma fortuna de aproximadamente 15 milhões de dólares.

Janeiro de 1994: o júri não tem um veredito

Após meses de deliberação, os dois júris retornam com um impasse, afirmando que não conseguiram chegar a uma decisão. Isso significa que o primeiro julgamento terminaria anulado e sem um veredicto. O procurador do Condado de Los Angeles, Gil Garcetti, opta então por não oferecer nenhum acordo, decidindo acusar os irmãos novamente e passar por um segundo julgamento.

Outubro de 1995: o segundo julgamento

Em outubro de 1995, inicia o segundo julgamento de Lyle e Erik com um único júri para os dois. Diferentemente do primeiro, este evento foi infinitamente menos midiatizado, já que o juiz Stanley Weisberg não permitiu a presença de câmeras na sala do tribunal. Desta vez, de acordo com os advogados de defesa, grande parte da evidência que comprova o abuso que os irmãos disseram ter sofrido nas mãos dos pais foi excluída do julgamento.

Março – setembro de 1996: culpados e sentenciados à prisão perpétua

Em março de 1996, o julgamento chega ao fim com o júri considerando os irmãos culpados por assassinato em primeiro grau. Alguns meses depois, o juiz retorna condenando a dupla à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Em setembro, os irmãos são separados e enviados para prisões diferentes.

Abril de 2018: Lyle e Erik se reencontram

Em 2018, a dupla se reuniu pela primeira vez após Lyle ser transferido para a mesma unidade prisional de Erik em São Diego. Segundo Robert Rand, autor de Irmãos Menéndez: Sangue de Família, os dois começaram a chorar imediatamente e apenas se abraçaram, ficando alguns minutos em silêncio. Durante o tempo em que permaneceram separados, Erik ajudou a fundar um programa de cuidados paliativos para detentos em estado terminal, enquanto Lyle elaborou um programa para ajudar os presos a lidarem com traumas de infâncias, incluindo abuso sexual. Além disso, ao longo dos anos, os dois irmãos se casaram, Erik em 1999 e Lyle em 2003.

Maio de 2023: surgem novas evidências

Depois de passarem três décadas atrás das grades, em maio de 2023, os irmãos apresentam uma petição de habeas corpus pedindo para o tribunal reconsiderar sua condenação e sentença à luz de duas novas evidências não apresentadas no julgamento original.

A primeira evidência centrava-se nas alegações reveladas na série documental da Peacock “Menendez + Menudo: Boys Betrayed”. Durante uma das entrevistas, Roy Rosselló, ex-membro da boy band Menudo, alegou ter sido drogado e sexualmente violentado por José Menéndez quanto tinha cerca de 14 anos. Junto a isso, a defesa também apresentou uma carta escrita por Erik, a qual foi enviada ao primo, Andy Cano, oito meses antes dos assassinatos relatando os abusos sofridos na residência dos Menéndez. Enquanto Cano testemunhou no primeiro julgamento dos irmãos, a carta só foi encontrada vários anos depois.

Por meio do recurso de habeas corpus, os advogados esperam ou pela anulação da condenação e sentença dos irmãos ou pela reabertura do processo a partir de uma nova audiência.

Setembro de 2024: a Netflix lança Monstros – Irmãos Menendez

Em setembro de 2024, a Netflix lança um retrato dramatizado do caso em Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais. Apesar das polêmicas e críticas tecidas por Lyle e Erik, que acusaram o programa de retratar “mentiras horríveis e descaradas”, a minissérie de nove episódios despertou uma nova atenção ao caso, desencadeando uma onda de apoio público para com os irmãos.

Outubro de 2024: uma nova esperança para Erik e Lyle

Em 05 de outubro de 2024, o Procurador do Condado de Los Angeles, George Gascón, comunicou à imprensa que estava empenhando em revisar as novas evidências do caso, observando as mudanças nas formas pelas quais o público e a justiça tratam vítimas de abuso sexual.

Em 16 de outubro, diversos familiares de Lyle e Erik demonstram apoio público aos irmãos anunciando uma coalizão para pressionar as autoridades a revisarem o caso, retirando as condenações ou realizando um novo julgamento com base nas evidências de que os irmãos sofreram abuso por parte do pai.

No dia 24, George Gascón anuncia que estava recomendando que um juiz da Suprema Corte do Condado de Los Angeles revisasse a sentença dos irmãos, removendo a pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Além de elogiar o trabalho que Lyle e Erik fizeram na prisão para se reabilitar e ajudar outros detentos, a Promotoria também afirma que a dupla já havia quitado sua dívida com a sociedade, devendo receber uma nova sentença que permitisse sua liberdade condicional.

Novembro e dezembro de 2024: um balde água fria

A esperança dos irmãos toma um revés menos de um mês depois, em 5 de novembro, quando George Gascón não é reeleito Procurador, sendo substituído por Nathan J. Hochman, que possuía uma opinião diferente sobre a revisão do caso.

Em 18 de novembro, o governador da Califórnia Gavin Newsom anuncia que vai adiar sua decisão acerca da clemência para Lyle e Erik até que o novo Procurador do Condado de Los Angeles pudesse concluir sua própria revisão das evidências. Hochman assume o cargo em dezembro e diz que vai analisar todas as provas disponíveis – incluindo registros de prisão e transcrições dos julgamentos – antes de decidir sua recomendação.

Fevereiro e março de 2025: mais baldes de água fria

Em 21 de fevereiro de 2025, Hochman finalmente anuncia sua decisão de não apoiar a petição de habeas corpus apresentada pela defesa dos irmãos. Segundo o Procurador, a nova evidência apresentada não é credível nem admissível em tribunal.

Menos de um mês depois, em 10 de março, ele pede que o tribunal retire a moção de reavaliação de sentença apresentada por seu antecessor, a qual defende que os irmãos recebam uma nova pena que os tornem elegíveis para a liberdade condicional. Segundo o Procurador, as alegações de autodefesa eram “fabricadas” e os irmãos nunca se responsabilizaram por suas ações homicidas.

Abril de 2025: uma pequena vitória

Em 11 de abril, o juiz Michael Jesic, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, decide que as audiências para a reavaliação das sentenças de Lyle e Erik podem continuar apesar da oposição de Hochman. Com base em uma lei estadual aprovada em 2023, o juiz afirma ter plena autoridade para prosseguir com a reavaliação, já que o tribunal tem o poder de revogar uma sentença e iniciar uma nova avaliação a qualquer momento. Isso representa uma pequena vitória para a defesa dos irmãos.

Maio de 2025: a reavaliação da sentença

Em 9 de maio, é realizada uma audiência para determinar se o caso de reavaliação da sentença deveria incluir informações da recém-concluída avaliação de risco do Conselho de Liberdade Condicional da Califórnia, realizada a pedido do governador Gavin Newsom como parte de um processo à parte de clemência.

A avaliação indica que Lyle e Erik representam um risco moderado para a comunidade caso fossem libertados, revelando que os irmãos possuíam celulares ilegais na prisão e várias outras infrações – embora muitas não fossem recentes. O juiz Jesic indica então que levaria em consideração parte da avaliação de risco.

Em 13 de maio, após uma audiência que durou o dia inteiro, Michael Jesic reavalia a sentença de Lyle e Erik para 50 anos à prisão perpétua, o que os torna imediatamente elegíveis para liberdade condicional. Segundo o juiz, isso não significa que os dois devam ser libertados, mas sim que “um dia devem ter essa chance”. Apesar do crime brutal, ele acredita na reabilitação da dupla, afirmando: “Agora cabe ao conselho de liberdade condicional e ao governador da Califórnia”.

Os irmãos assistem a audiência da prisão, dando suas próprias declarações ao juiz. Lyle afirmou que não existem desculpas por ter matado o pai e a mãe, além de admitir ter cometido perjúrio ao mentir no julgamento dos anos 1990. Ele também pediu perdão à sua família pelo choque e dor causados por seus crimes. Erik também pediu desculpas e argumentou que não havia justificativa para suas ações, afirmando ter cometido um ato atroz.

E agora?

No dia 15 de maio, o Conselho de Liberdade Condicional da Califórnia converteu uma audiência de clemência previamente agendada para 13 de junho em uma audiência de “adequação à liberdade condicional”. Após a audiência, a comissão tem até 120 dias para tomar uma decisão, sendo que o governador possui mais 30 dias para alterá-la.

Embora isso signifique que os irmãos possam ser libertados em questão de meses, a situação ainda é bastante complicada. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, ainda detém autoridade significativa sobre o destino dos Menéndez, ou seja, mesmo que o conselho opte por libertá-los, ele pode vetar a decisão. O governador também pode conceder clemência a qualquer momento, com ou sem recomendação do conselho de liberdade condicional.

Em 19 de maio, Mark Geragos, advogado dos irmãos, disse à imprensa que as audiências de junho haviam sido adiadas por dois meses, sendo definidas novas datas para 21 e 22 de agosto. A informação foi confirmada pelo Departamento Penitenciário da Califórnia.