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Medo Clássico

A melancolia e o romantismo de Álvares de Azevedo

Um dos autores presentes na antologia Medo Imortal, Álvares de Azevedo teve uma vida breve, mas seu legado tornou-se eterno

17/07/2019

Patrono da cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Álvares de Azevedo não teve ao menos a chance de sentar-se junto aos demais imortais — isso porque o brilhante escritor da literatura brasileira morreu aos 20 anos e quase meio século antes da fundação da Academia.

O autor, que assina o conto Noite da Taverna, anteriormente sob o pseudônimo de Job Stern, pertenceu a segunda geração do romantismo (1853 a 1869), que ficou conhecida como Ultrarromantismo ou Mal do Século e atuou como contista, dramaturgo, poeta e ensaísta ao longo de sua breve vida. Álvares de Azevedo deixou como legado uma prosa considerada por muitos especialistas em literatura como um dos textos mais byronianos da literatura brasileira.

“Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecerá ao menos
Se eu morresse amanhã!”

Em Medo Imortal, antologia de contos e poemas sobrenaturais publicada pela DarkSide Books, o autor assina Noite da Taverna, uma meganarrativa aclamada até os dias hoje.

Nascido em São Paulo, Azevedo mudou-se para o Rio de Janeiro com a família quando tinha apenas 2 anos de idade e, em 1848, retornou à capital paulista para cursar Direito na Faculdade de Direito de São Paulo, sendo considerado brilhante pelos colegas — na época, o autor era um jovem de 17 anos.

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Com um vida breve e uma obra valiosa para a história do Brasil, o autor morreu aos 20 anos, em 1852, na cidade do Rio de Janeiro — seu túmulo fica localizado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo. O movimento do qual Azevedo fez parte foi inspirado no byronismo, surgido no século XVIII na Europa, com base na vida boêmia do poeta inglês Lord Byron, conhecido por abordar temas tristes, desilusões, mortes e tragédias, além de explorar aspectos do narcisismo e do pessimismo.

O poema Se eu morresse amanhã foi escrito cerca de um mês antes de sua morte, em decorrência de um acidente de cavalo que lhe rendeu uma fratura na fossa ilíaca, com agravo da tuberculose que o acompanhou por alguns anos. No dia se seu enterro, Se eu morresse amanhã foi lido pelo amigo e autor Joaquim Manuel de Macedo.

Ilustração de Álvares de Azevedo em Medo Imortal, por Lula Palomanes

Álvares de Azevedo em ilustração de Lula Palomanes, presente em Medo Imortal

O legado de Álvares de Azevedo para a literatura brasileira é imortal — da construção dos personagens ao clima sombrio presente em seus contos e poemas. Além de ser grande admirador de Byron, Azevedo também foi leitor voraz de Goethe e suas influências também passaram por Shakespeare e Dante Alighieri. Com obras carregadas de melancolia e angústia, o autor também já discursou no enterro de dois companheiros de escola, cujas mortes teriam enchido seu espírito de presságios. Um dos maiores escritores da literatura brasileira não chegou a ter em mãos o texto escolhido para integrar a antologia Medo Imortal — a obra só ganharia formato de livro três anos após sua morte  — mas ainda assim nos inspirou a caminhar pelo lado sombrio, romântico e melancólico da literatura.

“A noite ia cada vez mais alta: a lua sumira-se no céu, e a chuva caia às gotas pesadas: apenas eu sentia nas faces caírem-me grossas lágrimas de água, como sobre um túmulo prantos de órfão.”

Entre 1848 e 1851, Álvares de Azevedo publicou alguns poemas, artigos e discursos. Depois da sua morte surgiram as publicações Poesias (1853 e 1855), cujas edições sucessivas foram acrescidas outros escritos, alguns dos quais publicados antes e de forma separada. As obras completas do autor compreendem os mais conhecidos Noite na Taverna, o drama Macário, o romance O Livro de Fra Gondicário e Lira dos vinte anos, além de vários ensaios sobre literatura e civilização em Portugal.

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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3 Comentários

  • Gabriely Rayane P. Natividade

    18 de julho de 2019 às 03:16

    Muito bom! Grande Maneco… Nosso eterno poeta…

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