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Arsênico: Conheça um dos venenos favoritos das lady killers

Por que a substância se tornou popular entre as assassinas

25/07/2024

Mary Ann Cotton, Gesche Gottfried, Tia Suzy… o que essas mulheres têm em comum além do fato de serem, é claro, assassinas? Se você é um entusiasta da marca Crime Scene e já leu Lady Killers Profile: Mary Ann Cotton e a graphic novel Veneno: Anjo de Bremen, encontrará um ponto em comum com o lançamento As Criadoras de Anjos: o uso do arsênico como arma do crime.

LEIA TAMBÉM: VENENO: UMA ARMA DE MULHERES?

O livro de Patti McCracken investiga em profundidade um dos casos abordados em Lady Killers: Assassinas em Série: o dos envenenamentos na cidade de Nagyrév, na Hungria. A parteira conhecida como Tia Suzy e um grupo de esposas transformaram o arsênico em sua arma principal para se livrar de maridos abusivos e parentes indesejados por mais de uma década.

Mas o que tornou essa substância tão popular entre envenenadoras de diferentes localidades? Kathryn Harkup nos dá uma boa ideia do motivo em Dicionário Agatha Christie de Venenos, uma compilação das principais poções venenosas empregadas em suas histórias pela Dama do Suspense — que sabia muito bem do que estava falando graças à sua experiência trabalhando em hospitais e no preparo de fármacos.

dicionário agatha christie de venenos

Arsênio x arsênico

Com uma história longa e vasta de assassinato, o arsênico muitas vezes era considerado sinônimo de venenoso, considerado uma espécie de “padrão ouro” por criminosos como Tia Suzy, Mary Ann Cotton e Gesche Gottfried. Ele é composto a partir do elemento arsênio (As), o 14º mais comum na crosta terrestre.

É importante frisar que ele não é o único composto possível a partir do arsênio, portanto, quando as pessoas falam de arsênico em termos de veneno, geralmente se referem ao trióxido de arsênio, também conhecido como “arsênico branco”, ou a outros compostos mortais a partir do arsênio.

Por que o arsênico?

Uma das principais vantagens do uso do arsênico, também chamado de “o rei dos venenos” era a sua ausência de um sabor que pudesse alertar a vítima de que estava sendo intoxicada.

veneno

Mas o que tornava o veneno particularmente atraente para os criminosos era que os sintomas do envenenamento por arsênico são muito parecidos com o de uma intoxicação alimentar, cólera e disenteria, males comuns em vários momentos da história. 

Para quem não tinha tanta pressa, era possível envenenar as vítimas aos poucos, com doses menores. O acúmulo da substância tóxica no organismo ainda levaria a pessoa a uma morte mais lenta, agonizante e, por um bom tempo, misteriosa.

O arsênico na história

As propriedades venenosas dos compostos do arsênio são conhecidas pelo menos desde os tempos de Cleópatra. Quando a rainha egípcia decidiu tirar a própria vida, ela queria ter certeza de que seria uma morte com o mínimo de dor possível — ela teria feito os testes em seus escravos. Apesar de testado, o arsênico não foi escolhido por não proporcionar uma morte graciosa como a rainha pretendia.

cleopatra

Mais recentemente (mas não tanto), o arsênico se tornou um modo popular de matar na Europa renascentista. Um clã que até hoje é amplamente associado ao veneno é o dos Bórgias. Alegou-se que a família espalhava arsênico nas entranhas de um porco abatido e o deixava apodrecer. O resultado era transformado em um pó, batizado de La Cantarella, que era acrescentado à comida ou bebida. 

A família Bórgia contribuiu para que, nos séculos XVI e XVII o envenenamento fosse considerado uma arte especialmente italiana. Além deles, Giulia Tofana, que vendia seu composto “Aqua Tofana” disfarçado de cosméticos. Essa história você conhece melhor em Aqua Tofana, uma recriação da lenda de Giulia que mistura pesquisa histórica com romance.

aqua tofana

Lá pelo século XVII o arsênico chegou à França e acabou se tornando o “veneno dos ricos”. Muitas pessoas poderosas e influentes passaram até a empregar provadores oficiais e havia um cuidado especial com as pessoas responsáveis por preparar a comida — assim como os ricos tinham a possibilidade de envenenar seus desafetos, eles tinham medo de se tornarem alvo.

Durante a Revolução Industrial houve uma alta demanda de metais como ferro e chumbo, só que quando retirados do solo como minérios eles frequentemente estão contaminados por arsênio. Para obter o metal puro, esse minério era aquecido e o arsênio reagia com o oxigênio do ar, formando o perigoso trióxido de arsênio. 

Ele se condensava nas chaminés como um material sólido e branco, que precisava ser raspado constantemente para evitar o bloqueio. Em vez de fazer um descarte seguro, os industriais perceberam que poderiam obter lucro com o pó branco como veneno para ratos, percevejos, baratas e outros parasitas domésticos. Os preços desabaram e qualquer pessoa agora podia comprar arsênico para matar animais… inclusive os da espécie humana. 

mary ann cotton e os bórgias

Com a popularização do veneno, logo houve a necessidade de criar métodos que identificassem o envenenamento por arsênico em investigações de mortes suspeitas. Uma das principais contribuições neste sentido ocorreu no século XIX graças aos experimentos do químico britânico James Marsh.

Como o arsênico mata

A toxicidade do trióxido de arsênico e compostos relacionados vem da sua capacidade de interromper processos químicos básicos dentro do organismo. Eles são rapidamente absorvidos pela pele, pulmões e trato gastrointestinal, por isso era tão comum colocá-lo em alimentos e bebidas.

Os primeiros sintomas de envenenamento por arsênico — vômito intenso e dor abdominal — surgem aproximadamente trinta minutos após sua ingestão e são desencadeados pelos efeitos irritantes nos tecidos do estômago. Se a vítima tiver sorte, a maior parte do veneno será eliminada com os vômitos, caso contrário, sua corrente sanguínea poderá absorver uma quantidade letal.

as criadoras de anjos

A inflamação dos tecidos do estômago causada pelo trióxido de arsênio é visível para os patologistas numa autópsia, mas, sozinha, não determina a causa da morte. O vômito e a diarreia intensos podem causar desidratação, que é capaz de matar. No entanto, a ruptura dos processos bioquímicos do corpo causada pelo trióxido de arsênio é o que geralmente se mostra fatal para a vítima.

É claro que em algum momento da história o arsênico não foi visto como o vilão que realmente é para o organismo. Em mais um caso de Medicina Macabra, a substância antigamente era vista como um remédio para doenças que iam da malária à sífilis. Os detalhes você confere em Medicina Macabra 2, dedicado aos charlatões desta área da saúde.

LEIA TAMBÉM: O HALL DA INFÂMIA DOS ANTÍDOTOS

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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