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Bruxas, feminismo e folk horror: as referências de Everybody Scream

Novo álbum de Florence + The Machine tem tudo para ser o mais bruxão

28/08/2025

Não é de hoje que Florence Welch flerta com a bruxaria e o etéreo em suas obras. Desde o ritualístico álbum Ceremonials (2011) até o corpóreo Dance Fever (2022), temas como bruxaria e o corpo enquanto templo e ao mesmo tempo ritual permearam suas canções. Quem aqui nunca se sentiu em uma sessão de exorcismo ao ouvir “Shake it out”?

LEIA TAMBÉM: 6 Trilhas sonoras de Florence + The Machine para filmes e séries

Há semanas a cantora vem dando pistas em suas redes sociais de que Everybody Scream, previsto para ser lançado nada menos do que no Halloween (31 de outubro), terá influências pagãs e de temas associados ao feminismo e ao terror. O single-título do álbum já deixou isso bem evidente, seja pela sua letra ou pela simbologia do seu videoclipe.

Florence Welch

A Caveira, como uma boa seguidora da nossa sacerdotisa suprema do pop vasculhou as referências do novo trabalho que são pura bruxaria:

1. Um verdadeiro coven

Como já vimos em outros clipes de Florence + The Machine como “The drumming song”, “Big God” e mais recentemente em “Heaven is Here”, no vídeo de “Everybody scream” a artista se reúne a outras mulheres em gestos ritualísticos que mimetizam um verdadeiro coven. 

Essa representação acompanha boa parte do imaginário da bruxaria, já explorada no filme Jovens Bruxas e no revival da Wicca nos anos 1970. Mais do que uma metáfora visual, essa é a materialização da ideia de irmandade e do poder feminino em confronto com as estruturas patriarcais.

 Everybody Scream

2. Feminismo e pioneirismo

Por falar em confrontar estruturas patriarcais, duas grandes influências para o novo álbum são autoras que são grandes referências sobre feminismo e pioneirismo — e são da mesma família: Mary Wollstonecraft e Mary Shelley. Ambas se tornaram escritoras famosas, apaixonaram-se por homens geniais e impossíveis, foram mães fora do casamento, viveram em exílio, lutaram por uma posição na sociedade e desafiaram os costumes da época.

Em um post no Instagram em 17 de julho, Florence exibe uma pilha de livros, e entre eles está a versão em inglês de Mulheres Extraordinárias: As Criadoras e a Criatura, uma biografia dupla das autoras. Wollstonecraft é uma influência incontestável do feminismo desde sua publicação de Reivindicação dos Direitos da Mulher. Já sua filha Mary Shelley é uma das precursoras da ficção científica desde a publicação de Frankenstein.

Florence

3. O Bebê de Rosemary

No mesmo post, Florence ainda publicou um vídeo curto dos créditos iniciais de O Bebê de Rosemary, filme estrelado por Mia Farrow. Adaptado do romance de Ira Levin, a história acompanha a história de um casal que se mudou para o imponente edifício Bramford, mas que logo precisa lidar com as interferências de vizinhos bem abelhudos.

Envolvendo temas como ocultismo e até mesmo um culto satânico, O Bebê de Rosemary faz ainda uma crítica à maneira como a sociedade tira da mulher o direito de domínio sobre o próprio corpo, além de abordar temas como gaslighting e masculinidade tóxica. 

 O Bebê de Rosemary

4. Bruxaria como feminismo e inversão de poder

A cena em que Florence empurra e domina um homem é um gesto de inversão simbólica, típico das leituras feministas da bruxa. Não é de hoje que bruxaria e feminismo andam lado a lado, inclusive sendo um dos prováveis verdadeiros motivos por trás da caça às bruxas. 

Em obras como o filme A Bruxa (2015), elas são apresentadas como figuras de resistência ao controle masculino sobre o corpo feminino. Essa dimensão aparece com força na obra de Florence, como na letra de “King”. Em “Everybody Scream”, a bruxa não é vítima: ela é agente de sua própria catarse e transformação.

King Florence

4. Fogos e velas em meio ao ritual

No clipe de “Everybody Scream”, o fogo também tem um importante papel, seja em velas, labaredas e gestos de invocação, remetendo a rituais pagãos de purificação e renascimento, como o Beltane e o Samhain. Sua manipulação pode funcionar como uma metáfora para o exorcismo interno de Florence e seu ciclo de destruição e reconstrução.

No cinema, o elemento é crucial em filmes que entram no território do folk horror, como O Homem de Palha (1973), representando o sacrifício e o renascimento pela chama, e Midsommar (2019).

Everybody Scream

5. Folk horror por todos os lados

O campo, o figurino que lembra os peregrinos da Nova Inglaterra e várias menções de Florence em suas redes já apontavam o folk horror como uma das principais influências do álbum. Uma das obras publicadas por ela em 7 de agosto é Damnable Tales: A Folk Horror Anthology, que reúne contos deste subgênero de autores como Sheridan Le Fanu (Carmilla), Edith Nesbit (Vitorianas Macabras, Princesas Quase Esquecidas, Damas Ferozes, O Livro dos Dragões), Robert Louis Stevenson (O Médico e o Monstro), Arthur Machen (O Grande Deus Pã), Shirley Jackson (A Loteria), entre outros grandes nomes da literatura.

 Damnable Tales: A Folk Horror Anthology

6. A dança como um ritual

Assim como em Dance Fever, a dança volta a ser apresentada como um ato ritualístico, próximo da “coreomania” medieval — surtos coletivos de dança incontrolável, interpretados à época como possessão demoníaca. Essa referência histórica alimentou não só o último álbum, mas também outras representações artísticas de Florence. 

Em “Everybody Scream”, a coreografia é circular, repetitiva, quase invocativa, lembrando tanto os sabás descritos em Malleus Maleficarum (1487) quanto representações modernas da dança extática no paganismo contemporâneo.

Everybody Scream

7. Um grito coletivo de exorcismo

O refrão “Everybody Scream” é mais do que catarse — é invocação. A ideia do grito como expulsão de dor e medo tem ecos em práticas xamânicas, rituais de exorcismo cristão e também na performance artística. Ao coletivizar esse gesto, Florence transforma o grito em exorcismo e renascimento, algo que conecta a experiência individual de cura ao poder de um ritual coletivo. 

Aliás, a ideia de cura é muito forte na canção, cuja inspiração veio de uma cirurgia delicada que a artista precisou fazer durante a Dance Fever Tour. O acontecimento a fez se aprofundar no misticismo e no folk horror, compreendendo os limites do corpo e questionando-se sobre o que realmente significa “estar curada”. O grito coletivo que ela propõe é mais do que catarse: é exorcismo e renascimento.

Florence

Referência óbvia: lançamento no Halloween

Como se não tivéssemos sinais suficientes para provar que Everybody Scream tem tudo para ser o álbum mais bruxão de Florence + The Machine até hoje, a data de lançamento não deixa dúvidas: 31 de outubro.

Mais do que Halloween ou do aniversário da DarkSide® (caso você ainda não soubesse), a data carrega a tradição de um importante sabá da Roda do Ano. Esta é a data do Samhain, o ano-novo bruxo, a noite em que o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos se torna ainda mais fino e que marca o início de um novo ciclo.

inutil magia

A verdade é que nada nas músicas, vídeos e álbuns da banda está lá por acaso. Para mergulhar de vez na mente e nos processo criativo de Florence Welch, o livro Inútil Magia é um prato cheio, com direito às letras dos quatro primeiros álbuns, além de poemas, sermões, fotografias e tudo o que a artista é capaz de transformar em arte.

Um verdadeiro rito sagrado para todos que desejam mergulhar em seu universo particular.

LEIA TAMBÉM: A magia de Florence Welch está em tudo que ela toca

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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