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Caveira Viu: O Macaco

Osgood Perkins dá vida a conto de Stephen King

10/03/2025

Todo mundo morre e isso é uma m*rda. A frase que estampa o pôster de O Macaco resume bem o tom do novo filme do diretor de Longlegs, Osgood Perkins. Baseado no conto homônimo de Stephen King, o filme acompanha os irmãos gêmeos, Hal e Bill Shelburn, que têm suas vidas viradas de ponta cabeça após encontrarem um sinistro macaco de brinquedo entre os pertences do pai. Como se não bastasse, a já estremecida relação dos garotos, que são completos opostos em todos os sentidos possíveis, piora quando o macaco revela seu poder de iniciar uma série de mortes violentas e aleatórias

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Após uma tragédia pessoal estremecer de vez sua relação, eles decidem jogar o brinquedo fora e seguir com suas vidas. No entanto, 25 anos depois, o macaco ressurge para causar novos estragos e ceifar mais vidas pelo caminho

O Macaco e a inevitabilidade da morte

Em O Macaco, Osgood Perkins utiliza envereda por um tom completamente diferente de seu filme anterior. Abandonando o ambiente opressivo e maligno de Longlegs, aqui o diretor abraça o absurdo e as gargalhadas para falar sobre a inevitabilidade da morte e os traumas do passado. 

o macaco

Desde a sua sequência de abertura, protagonizada por Adam Scott, de Ruptura, O Macaco já explicita para o espectador seu tom extravagante e perturbador. Ensanguentado da cabeça aos pés, o homem, que é o pai dos gêmeos, chega em uma loja de penhores para tentar se livrar do infame macaco de brinquedo.

Em meio a tensão e risos nervosos, não demora muito para que o objeto toque seu tambor, desencadeando uma sangrenta morte com um arpão. Logo no início, O Macaco deixa claro ao público que é um filme sangrento e violento, mas que não se leva muito a sério. O objetivo aqui não é assustar, mas sim fazer com que confrontemos temas assustadores por meio do riso. 

Afinal, entre mortes extremamente elaboradas, dignas da franquia Premonição, e momentos cômicos, somos constantemente lembrados de que a morte é inevitável. Ela vem para todos nós, sendo impossível fugir ou prever o que vai acontecer. 

o macaco

O mantra do filme, inclusive, é dito em voz alta pela personagem de Tatiana Maslany, que dá vida a Lois, a mãe dos meninos. Após um funeral inesperado, ela diz aos filhos: “Todo mundo morre. Alguns de nós pacificamente e durante o nosso sono, e alguns de nós… horrivelmente. E essa é a vida.” 

Ao mesmo tempo em que esse mantra possibilita que Perkins bombardeie a plateia com uma enxurrada de carnificinas absurdas e brutais, ele também permite que o cineasta crie ótimos momentos de tensão. Não sabemos quem será a próxima vítima aleatória da maldição do macaco, muito menos qual será o seu trágico destino. Na verdade, a única coisa que sabemos é que será algo chocante (e sangrento!), sendo que apenas nos resta esperar. 

Além da direção e do roteiro frenético de Osgood Perkins, O Macaco também se beneficia imensamente de um elenco talentoso e competente. O grande destaque vai para as performances duplas de Theo James e Christian Convery, que dão vida aos gêmeos nas duas temporalidades do filme e acertam em cheio ao criar personalidades distintas para personagens idênticos.

o macaco

O elenco de apoio também não tem medo de se jogar no absurdo.  Além de Tatiana Maslany, o filme traz Sarah Levy, Elijah Wood e Rohan Campbell em papéis que ajudam a movimentar a estranheza, o caos e o senso de humor distorcido do roteiro. O próprio Perkins faz uma aparição especial como Chip Zimmer, o excêntrico tio de Hall e Bill. 

No entanto, aqueles que estão esperando por uma adaptação fiel do conto de Stephen King provavelmente vão sair decepcionados. Desde a sua sequência inicial, O Macaco avisa ao espectador que esse não é seu objetivo. Osgood Perkins utiliza a história original de King como um ponto de partida, uma estrutura para sua narrativa frenética e nem um pouco sutil. Contudo, ainda é possível enxergar no roteiro algumas influências temáticas de Stephen King, como relações familiares, amadurecimento, culpa e traumas do passado que voltam para assombrar o presente. 

No fim, O Macaco surpreende por seu senso de humor caótico e pela violência caricatural, surgindo como uma inovadora adaptação de Stephen King. Sem vergonha de assumir sua essência cômica, o filme leva o espectador por uma jornada engraçada, sangrenta e estridente sobre a inevitabilidade da morte.

o macaco

Ao não explicar as origens do macaco e abrir mão de qualquer lógica possível, Perkins entrega um filme coerente que acerta em cheio em sua mensagem: a morte não tem lógica e não podemos mandar nela. Ela pode ser cruel, engraçada ou pacífica, mas de qualquer jeito sempre está por perto. E para sermos atingidos por ela, basta estarmos vivos. 

LEIA TAMBÉM: Osgood Perkins: curiosidades sobre o diretor de Longlegs

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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