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DarksideEntrevista

Cesar Bravo: “Fale pouco, escreva muito, faça o seu melhor”

Autor fala ao DarkBlog sobre escrita, filmes e medos

26/06/2025

O terror nacional tem endereço certo: as cidades de Três Rios e Terra Cota, onde os horrores de Cesar Bravo ganham vida. Mas quais medos reais assombram o mestre? Será que ele já foi atormentado por alguma cena fruto de sua própria imaginação?

LEIA TAMBÉM: 6 Casos curiosos ligados aos livros de Cesar Bravo

Em uma conversa descontraída ao DarkBlog durante a Bienal do Livro, Cesar nos deu um vislumbre sobre a mente que deu vida aos livros Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618, Amplificador e Três Rios, com direito a filmes, parques de diversões e conselhos para escritores iniciantes. Confira:

DarkBlog: Se Três Rios fosse uma entidade sobrenatural com voz própria, o que ela diria sobre você? 

Cesar Bravo: Diria para eu crescer o suficiente para ser devorado depois, com certeza. 

Cesar Bravo

D: Qual foi a cena mais pesada que você já escreveu e pensou “acho que passei do ponto”. E então, passou do ponto ou deixou quieto? 

CB: Foi a cena que tem em Três Rios, no capítulo “A noite vermelha”, que é a terceira parte de 3, é uma cena de massacre num lugar que cuida de crianças com necessidades especiais. É mega pesado, é mega perturbador, foi difícil de escrever. Eu achei que eu tinha passado do ponto, até porque eu tentei evitar essa cena, por isso que só aparece no final. Mas ela não podia ficar fora, ela é um divisor de águas, porque no mesmo momento em que ela acontece, emerge a videolocadora, de novo. Então há uma espécie de mapeamento da maldade ali, mas foi terrível de escrever, terrível. 

D: Na sua videocadora, quais filmes estariam sempre entre os mais alugados? 

CB: Videodrome é um dos primeiros. A santíssima trindade, que é O Exorcista, A Profecia e O Bebê de Rosemary. Provavelmente De Volta Para o Futuro (todos) e A Volta dos Mortos-Vivos, que eu assisto pelo menos duas vezes por ano.

D: Se você pudesse passar uma semana em um filme de terror, qual seria? 

CB: Videodrome, com certeza.

cesar bravo

D: Tem alguma mania ou superstição quando você está trabalhando num livro? 

CB: Eu não gosto de saber o final. Se eu estipular algum final no começo do livro, eu esqueço dele e vou seguindo. Normalmente o final surge quando faltam 30% para acabar o livro. Se eu souber antes como acaba, eu não acho que vai dar certo. Eu também não falo muito das minhas histórias pra ninguém antes. Tem só uma pessoa da DarkSide que sabe das histórias antes, mas todas as outras eu não conto porque me dá bloqueio criativo. Se eu contar dá impressão de que eu matei o livro. 

D: Qual o seu medo, mais mundano e bobo? 

CB: Eu acho que ser assaltado. Mais do que isso, eu tenho medo de invadirem a minha casa, fazerem alguma coisa com a minha família. Eu sou aquele cara que tem um pouco de medo de assalto. Já fui assaltado, e é até uma coisa que eu acho meio bizarra, até porque se eu conseguir reagir, eu não vou ter uma reação contida. Então eu tenho medo do que eu posso fazer em uma reação. É um medo bobo, mas eu tenho esse receio.

Cesar Bravo

D: Se existisse um parque temático inspirado nas suas obras, o que encontraríamos na “Bravoland”?

CB: Provavelmente uma videolocadora assombrada, uma roda-gigante, muito, muito alta, destinada a quem tem medo de altura, e um trem fantasma temático com assassinos reais. 

D: Você foi convocado para escrever um manual de sobrevivência para novos escritores, quais as principais regras? 

CB: Fale pouco, escreva muito, faça o seu melhor. 

LEIA TAMBÉM: O Universo Macabro de Cesar Bravo

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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