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Como Linda Blair ficou marcada depois do filme O Exorcista

Atriz nunca mais foi a mesma

22/01/2022

Linda Blair começou cedo sua carreira artística: Aos 5 anos de idade já era modelo de catálogos e participava de comerciais, aos 8 já atuava em sua primeira novela na televisão; mas sua vida mudaria completamente com um dos papéis mais controversos do cinema. Antes tida como angelical, a garota ficou para sempre marcada na memória dos fãs de terror.

Em 1973, quando Blair tinha apenas 13 anos, ela foi selecionada para interpretar Regan MacNeil, a garota atormentada pelo demônio Pazuzu no filme O Exorcista, que teve como inspiração um caso real publicado no livro de Thomas B. Allen. O papel lhe rendeu indicações ao Oscar e Globo de Ouro (que ela venceu na categoria Melhor Atriz Coadjuvante). O filme chocou em sua estreia e, quase 50 anos depois, continua a chocar o público com sua narrativa tensa, interpretações brilhantes e também pelas histórias que a produção carrega, como as condições em que os atores foram colocados para filmar e também os acidentes que aconteceram ao longo de sua produção.

Sucesso

Lançado logo após o Natal de 1973, o filme se tornou um marco no cinema ao contar a história de Regan MacNeil, uma garotinha possuída pelo demônio Pazuzu e que deve passar por um exorcismo para expulsá-lo de seu corpo. Apesar de controverso, o filme fez bastante sucesso na época e lançou Blair ao estrelato.

Um dos maiores trunfos do filme é a interpretação de Blair que, apesar da pouca idade, se entregou totalmente ao papel. A caracterização da atriz também é impecável, fruto de sessões de maquiagem que levavam de duas a cinco horas para serem finalizadas.

Desafios da produção

As filmagens do longa envolveram dezenas de profissionais e também exigiram soluções criativas da equipe, como por exemplo o uso da sopa de ervilha para simular vômito e também a temperatura extremamente baixa no set de filmagem para que fosse visível o hálito/névoa que saía da boca de Blair.

Além dos desafios enfrentados pela produção, alguns acontecimentos marcaram essa fase do projeto, como um incêndio no set de filmagens e a morte inesperada do ator Jack MacGowran (que interpretava Burke Dennings) e de mais outras 8 pessoas ligadas à produção. O clima durante as filmagens era tão tenso que um padre foi chamado para benzer o set.

Entrevistas

Após o lançamento do filme, Blair concedeu diversas entrevistas, sendo algumas delas bastante desconfortáveis para a atriz, principalmente quando era questionada sobre tópicos religiosos. Em entrevista de 2013, a atriz se pronunciou sobre o que aconteceu na época:

“Eu não fui criada como católica, então não tinha respostas, e certamente também não entendia muito do que estava acontecendo na história. Nós não falamos sobre nenhuma dessas coisas – Deus, o diabo, o mal – antes de começarmos a filmar, e eu também não fiz nenhuma pergunta; para mim era apenas uma personagem que foi feita de efeitos especiais, e não um símbolo de algo mais como Regan se tornou ao longo dos anos.”

Ainda durante a entrevista de 2013, Blair afirmou que:

“Eles me colocavam em aviões para esses voos transatlânticos ridiculamente longos, que não eram tão rápidos quanto agora, e então eu era jogada na frente de centenas de pessoas que muitas vezes não conseguiam entender que estavam colocando sua fé em minhas mãos – foi horrível.”

Em outra entrevista, Blair relembra sobre como a mídia a tratou na época, muitas vezes colocando sua sanidade em xeque: “Não era interessante para a sociedade e a mídia que eu fosse normal. Foi mais interessante para eles pensar que algo estava errado comigo. Como eu poderia ser normal e fazer aquele filme?”

Atuações depois do Exorcista

Apesar do sucesso que fez com o filme, Blair não conseguiu muitos papéis de destaque nos anos seguintes, sendo colocada na maioria das vezes no papel de vítima, como nos filmes Born Innocent (em que ela foge de sua família abusiva) e Sarah T. (em que interpreta uma jovem com problemas relacionados a álcool). Em 1977 ela reprisou seu papel como Regan em Exorcista II: O Herege, mas o filme não chegou nem perto do sucesso que fez o 1º.

Cansada desses papéis de vítima e querendo demonstrar ao mundo que era uma mulher adulta capaz de interpretar personagens mais sérias, na década de 80 Blair participou de sessões de fotos sensuais para revitalizar sua imagem. A estratégia não funcionou como o esperado e ela apenas conseguiu estrelar filmes B.

Ativismo

Em 2004 Blair fundou a Linda Blair Worldheart Foundation, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a resgatar e salvar animais abandonados:

“Nossa missão é aliviar o sofrimento, resgatando, reabilitando e realojando animais maltratados, negligenciados e abandonados. Ajudamos em situações de crise, educando, incentivando e capacitando o público a fazer a diferença na vida daqueles que não têm voz.”

Créditos: Linda Blair Worldheart Foundation

O papel de Blair a persegue até hoje, muitas vezes ofuscando seu trabalho ativista. Sobre o assunto, ela afirmou: “O que é muito desencorajador às vezes é a incapacidade [das pessoas na mídia] de olhar para o que estou tentando fazer”.