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Dahmer & Dressler: desconhecidos, mas faces da mesma moeda

O que os assassinos tinham em comum

28/11/2025

A data de 22 de julho de 1991 foi completamente atípica para o médico legista do Condado de Milwaukee Jeffrey Jentzen. O dia de verão nasceu bonito, ensolarado e convidativo para um dia de trabalho. Jentzen, entretanto, estava apreensivo, pois teria um compromisso muito importante e delicado. O médico testemunharia em um dos julgamentos mais esperados do estado, cujo réu, Joachim Dressler, 42, foi acusado de assassinar cruelmente um jovem de 24 anos chamado James Madden em Racine, cidade ao sul de Milwaukee.

LEIA TAMBÉM: Gein & Dahmer: Os Filhos Distorcidos Do Wisconsin

O homicídio cometido por Dressler é daqueles que costumam chamar a atenção dos especialistas e entusiastas do true crime, pois envolvia um homem distorcido que se camuflava sob a pele de um pacato homem de família. Ele não somente matou, como fez coisas horríveis com o corpo da vítima. Foi tudo muito macabro e ninguém entendia ou sabia a razão pela qual Dressler cometera tamanha barbárie — era um crime sem sentido.

O que restou de Madden foi sendo encontrado ao longo de duas semanas em estradas rurais. Dressler o desmembrou e embrulhou os restos em sacos plásticos amarelos. Os detalhes, tão escabrosos, levantaram a hipótese de que o crime fosse resultado de um rito satânico. O próprio advogado do réu, numa tentativa de desviar sua culpa, afirmou existir muitas ações satânicas no interior do Wisconsin envolvendo “decapitação, remoção do coração e fígado, e amputações da mão esquerda”.

Jeffrey Jentzen
Dr. Jeffrey Jentzen

Mas Jentzen estava preparado para testemunhar que o crime nada tinha a ver com rituais ou demônios. Havia uma explicação mais simples, porém repugnante. Para o médico, o crime foi um “homicídio homossexual” com vistas à “satisfação sexual”. Dressler assassinou, eviscerou e esquartejou Madden por puro prazer sádico-sexual.

Isso é horrível e nos faz pensar que tipo de pessoa pode se excitar sexualmente ao matar outra, abrir o seu tórax, remover os órgãos internos e picar o corpo. A boa notícia é que crimes cometidos por indivíduos como Dressler são extremamente raros e Jentzen, apesar de lidar diariamente com a morte, provavelmente não veria outro Joachim Dressler por um bom tempo.

Suas horas no tribunal discutindo com agentes públicos os detalhes de um crime horroroso foram intensas e cansativas, e após acabar, Jentzen se dirigiu até sua casa para relaxar e aproveitar o resto do dia. 

A vida, porém, não obedece ao que programamos a ela. Horas após sair do tribunal, Jentzen teve o seu descanso interrompido por um telefonema inesperado. Do outro lado da linha falava um dos chefes do Departamento de Polícia de Milwaukee que, naquela noite de 22 de julho, se encontrava em um pequeno apartamento na região de Avenues West: “Temos várias cabeças no congelador e partes de corpos espalhados pelos cômodos. 

Precisamos de você imediatamente!”, disse o policial a Jentzen.

O resto é história.

O morador do apartamento era ninguém menos que Jeffrey Dahmer. E se Jentzen achava já ter visto o suficiente no caso Dressler, ele teria uma detestável surpresa com o novo incidente que caiu feito uma bomba em sua mesa. No mesmo dia, o médico saiu do mundo repulsivo de Joachim Dressler para cair no abismo definitivo da depravação de Jeffrey Lionel Dahmer. Convenhamos, tal “sorte” para um médico legista talvez seja única na história do crime.

Trabalhar no caso Dahmer foi extremamente exaustivo e, obviamente, Jentzen nunca havia visto nada igual. Dahmer, entretanto, podia ser único no “conjunto da obra”, mas não era muito diferente de outros assassinos antes dele, incluindo um que Jentzen acabara de testemunhar em seu julgamento. O loiro de Milwaukee e o moreno de Racine compartilhavam semelhanças.

Dahmer e Dressler eram homossexuais que viveram uma vida escondendo da sociedade suas preferências sexuais. Pervertidos, consumiam secretamente conteúdos pornográficos para lá de pesados. No porão de sua casa, guardado a sete chaves, Dressler mantinha livros, revistas e fitas de sexo homossexual, tortura e morte, incluindo o tenebroso As Faces da Morte. Ele era fascinado por vídeos de gore com cenas de sexo sádico e mutilação.

Da mesma maneira, Dahmer tinha uma coleção de vídeos pornográficos homossexuais e um de seus conteúdos audiovisuais preferidos era exatamente As Faces da Morte, um filme-documentário banido na maioria dos países do mundo por mostrar filmagens reais de pessoas mortas ou em processo de morte (como execuções, acidentes e suicídios). Sua parte preferida era a cena da autópsia de um rapaz que ele via e revia. Uma vez, ele se masturbou assistindo à cena. “Ele era muito bonito e estava nu. Eu não sei por que tive fascinação por aquilo”, confessou posteriormente Jeff ao psiquiatra Park Dietz.

Jeffrey Dahmer

Não compreendendo a própria sexualidade, distorcendo-a e, sendo eles próprios homens devassos e perversos, cujas fantasias eram preenchidas pela desumanidade do homem com o homem, Dahmer e Dressler evoluíram de homens sexualmente confusos para assassinos cruéis e oportunistas.

O homicídio cometido por Joachim Dressler foi um claro crime de oportunidade. Madden caminhava pelo bairro de seu algoz solicitando donativos para uma ONG quando bateu na porta do seu futuro assassino. Ele foi atraído até a garagem, amarrado e erguido por uma talha antes de ser torturado e morto com um tiro na cabeça. Dressler, então, decapitou a vítima, removeu o cérebro e outros órgãos, como o coração, fígado e rins — finalmente colocando em prática suas doentias fantasias sexuais que alimentou por anos a fio.

Da mesma maneira, Dahmer matou quando a oportunidade lhe foi apresentada, a exemplo das vítimas James Doxtator e Matt Turner. Sua maneira de manipular os corpos no post-mortem também guarda semelhanças tétricas com Dressler, assim como o descarte dos restos mortais: cuidadosamente ensacados. Mas enquanto Dahmer foi eficiente em fazer com que eles jamais fossem encontrados, Dressler foi amador ao colocá-los nas vistas de possíveis descobridores.

Evidentemente, existem diferenças. A principal é o fato de Dressler ter assassinado uma pessoa. O tipo de crime cometido por ele aponta para alguém que não se contentaria em agir somente uma vez. Mas, até onde se sabe, Madden é sua única vítima. Quem sabe, se Dressler não tivesse sido pego, repetiria em algum momento — como especificado nos registros do tribunal — sua “matança homossexual”.

Outra distinção, e importante, é que Joachim era casado. Aparentemente, ele vivia uma vida dupla: uma para a sociedade e outra secreta, com esta última sendo a real — Dressler, o homossexual que gostava de erotismo pesado e se excitava com a mistura de sexo, tortura e morte. Na dimensão dahmeriana, isso também era uma realidade, com Jeff se apresentando como um pacato trabalhador noturno de uma fábrica de chocolates, solteiro, mas que causava suspiros nas moças, a exemplo de uma amiga de sua vizinha Pamela Bass, que se interessou por ele. Ninguém, entretanto, podia imaginar qual era a real e verdadeira vida de Jeffrey Dahmer.

Ao contrário de Dahmer, Joachim declarou-se inocente e chegou a sonhar com uma reviravolta. Isso porque, em meio ao seu julgamento, os crimes de Dahmer foram descobertos e metade do Wisconsin desconfiou se Madden não havia sido mais uma vítima infeliz do canibal de Milwaukee, cujo método de descarte consistia em desmembrar suas vítimas para deleite sexual e ensacar os pedaços. O juiz Gerald Ptacek, entretanto, negou o pedido do advogado de Dressler de avisar o júri sobre o que todo o país andava falando fora do tribunal.

No fim, com a explosão do caso Dahmer, Joachim Dressler foi completamente esquecido, sendo sua história sepultada com cal na vala comum de histórias públicas que se dissipam com o passar do tempo.

Já Jeffrey Dahmer, mais de trinta anos depois, continua a intrigar, não somente seus conterrâneos, como o mundo inteiro. Sabe-se que Jeff era afeiçoado ao oculto, portanto, se ele fez alguma magia para permanecer onipresente, foi muito bem-sucedido, pois, ainda hoje, a sociedade não conseguiu quebrar o feitiço deste assassino.

Sua história é minuciosamente examinada em Jeffrey Dahmer: Canibal Americano, obra que faz parte do Box Monstros Reais, que reúne os casos mais sombrios e perturbadores da história do crime.

box monstros reais

LEIA TAMBÉM: O controverso papel da mídia no caso Jeffrey Dahmer

Sobre Daniel Cruz

Daniel CruzDaniel Cruz é escritor, tradutor e autor do site OAV. Pela DarkSide® Books publicou Anjos Cruéis e Jeffrey Dahmer: Canibal Americano.

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