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Danilo Beyruth: “A HQ brasileira não está presa a um gênero”

Em entrevista ao DarkBlog, quadrinista fala sobre o lançamento Love Kills e a versatilidade do seu trabalho

21/01/2020

Um dos nomes mais respeitados do mercado nacional de quadrinhos, Danilo Beyruth tem uma trajetória que inspira muitos profissionais que ainda estão começando. Entre publicações autorais e trabalhos para várias editoras, o quadrinista já recebeu diversos prêmios HQ Mix, o mais recente deles em 2019 pela graphic novel Samurai Shirô, publicada pela DarkSide® Books. No final do ano passado ele lançou o seu segundo título pela Caveira: Love Kills.

LEIA TAMBÉM: LOVE KILLS: NOVO SANGUE PARA A CLÁSSICA HISTÓRIA DE VAMPIRO

Beyruth tem obras publicadas internacionalmente, em países como Portugal, Argentina e França. Em 2010 ele participou da coletânea Mauricio de Sousa por mais 50 artistas, elaborando a sua versão para a Turma do Penadinho. Dois anos depois, o quadrinista assinou a história do Astronauta na coleção Graphic MSP, com histórias fechadas de personagens criados por Mauricio de Sousa. A publicação fez tanto sucesso que na CCXP de 2019 teve a sua quinta edição anunciada e uma das edições está sendo adaptada para uma minissérie de animação da MSP em parceria com a HBO.

Além destes trabalhos, Danilo Beyruth também foi contratado pela Marvel Comics para desenhar a personagem Gwenpool. A relação deu certo e o quadrinista acabou trabalhando em outros títulos da editora, como O Motoqueiro Fantasma e Guardiões da Galáxia.

A parceria com a DarkSide® Books começou quando Beyruth fez as ilustrações para a edição comemorativa de A Noite dos Mortos-Vivos, de John Russo. Depois disso ele publicou dois títulos originais: Samurai Shirô, lançado em 2018, e Love Kills, em 2019. 

Autoretrato de Danilo Beyruth
Danilo Beyruth por ele mesmo

A HQ Samurai Shirô foi premiada com o troféu HQ Mix e receberá uma adaptação para o cinema em 2020 com o título Yakuza Princess. A produção tem elenco formado pelo ator irlandês Jonathan Rhys Meyers (The Tudors e Match Point), a cantora e atriz nipo-americana Masumi e Tsuyoshi Ihara.

Apesar da forte influência dos westerns spaghetti, Danilo Beyruth tem como característica principal a versatilidade em seu trabalho. Em entrevista ao DarkBlog ele comenta um pouco sobre esta variedade de temas, Love Kills e sobre o mercado nacional de quadrinhos. Confira:

DarkSide: Você já publicou a HQ Samurai Shirô com a DarkSide® Books em 2018, uma história instigante que retrata a cultura oriental, lutas pelo poder e honra familiar; e agora retorna com o quadrinho sangrento e vampiresco Love Kills. Explica pra gente da onde surgiu essa mudança de cenário e de contexto do novo lançamento.

Danilo Beyruth: Isso é um esforço consciente meu desde o início de carreira, de mudar de gêneros e não ficar preso a só um assunto. E, na verdade, quando eu termino uma obra fico satisfeito com aquele assunto por um tempo e começo a ter uma coceira pra escrever algo. Num universo diferente. Aí faço faroeste, depois ficção científica, depois policial etc.

D: Sabemos que os universos das duas histórias são bem diferentes entre si, mas não podemos deixar de perguntar: teremos uma personagem feminina como protagonista da aventura, assim como em Samurai Shirô? Comente um pouco sobre essa decisão e a personalidade da personagem.

DB: Sim e não. A protagonista de Love Kills tem muito pouco em comum com Akemi, de Shirô, além do fato de as duas serem mulheres. Acho que são até de certa forma personagens opostas. Em Shirô é uma menina para a qual uma realidade nova lhe é imposta e ela é obrigada a amadurecer de uma forma meio cruel. Helena, de Love Kills, está na outra ponta, é uma pessoa que meio que se perdeu e se distanciou do todos. Em Shirô a história é de amadurecimento, em Love Kills é de redescoberta. Acho que não dá falar muito mais sem dar spoiler.

D: Love Kills leva o seu traço preciso e possui uma narrativa bastante intensa, com cenas de ação e sangue. Mas existe algo a mais por trás dessa história? Alguma reflexão que gostaria de comentar?

DB: Sim, e mais uma vez é complicado falar disso sem entrar em spoilers, mas em Love Kills eu faço a minha versão do universo vampírico, com menos glamour e mais concentrado nos detalhes e nas relações entre seres que são a encarnação de uma visão de mundo materialista. O vampiro é uma criatura movida pela necessidade carnal, é aquele que abriu mão da sua alma, o morto vivente. É, em certa forma, uma máquina trágica. A HQ vai nesse sentido, explorando o quanto alguém se perde quando sua força motriz é uma necessidade quase que fisiológica.

D: Bram Stoker, Ben Templesmith, Anne Rice, F. W. Murnau, diversos autores e cineastas utilizam-se do mito dos vampiros para compor as suas histórias. O que podemos esperar das criaturas de Love Kills?

DB: Meus vampiros têm um pouco menos de glamour e um pouco mais de cracolândia.

D: Você participou recentemente de mais uma CCXP, com diversos artistas do cenário nacional e internacional. Vê alguma evolução no mercado brasileiro de quadrinhos nos últimos anos? 

DB: Sempre. Acho que a todo ano aparecem novos talentos, e a produção nacional só faz crescer. O curioso é que a HQ brasileira não está presa a um gênero ou um estilo específico. Existe uma pluralidade de temas e estilos, de gêneros e de formatos. Ainda assim, acho que ainda estamos longe de saber qual é o potencial real desse mercado. O Brasil é um continente.

D: Falando agora da sua carreira e criações. Sabemos dos seus trabalhos com a Marvel e, ao mesmo tempo, vemos Samurai Shirô, Necronauta, o Astronauta, do Mauricio de Sousa, que você também desenhou. Quais os próximos passos na sua carreira e como essa versatilidade te ajuda?

DB: Ajuda muito. Acho que ainda tenho bastante para a aprender e cada uma dessas experiências tem seus próprios pontos positivos. Acho que para o artista é muito bom entrar em contato com diferentes talentos, editores, formas de trabalho e públicos. Cada um te obriga a focar mais em uma área e na soma final você se torna um profissional mais completo.

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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