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Em O Último Adeus, temas complexos sobre saúde mental são abordados com consciência

A autora Cynthia Hand consegue falar sobre depressão e saúde mental de maneira clara, equilibrada e cheia de ensinamentos

08/03/2019

Por Isabella Álvarez, parceira DarkSide

Algumas etapas da vida são mais complicadas que outras e isso não é nenhum segredo. Mais do que ritos de passagem, esses momentos costumam construir o caráter e a personalidade do ser humano. Explorá-los na literatura é muito comum, mas poucos fazem de maneira interessante, quanto mais fantástica. Em O Último Adeus, Cynthia Hand pega um dos principais obstáculos de nossas vidas:  lidar com a morte de alguém que amamos. Na história, a autora aborda temas como saúde mental, depressão, crescimento, amor e luto.

Alexia Riggs perdeu seu irmão há poucas semanas. Tyler cometeu suicídio quando tinha apenas dezesseis anos, chocando sua família e amigos. Sua irmã precisa aprender a seguir em frente, mas isso é muito mais difícil do que parece. Alexia tem uma grande dificuldade em lidar com suas emoções e, principalmente, com as emoções dos outros sobre a sua perda. Isso não fica nem um pouco mais fácil quando Ty aparece para ela em sua casa, pedindo algumas coisas de forma muito misteriosa. A jovem de dezoito anos precisa agora tentar resolver os problemas inacabados do irmão, enquanto lida com sua mãe traumatizada, um pai distante, um ex-namorado ainda apaixonado por ela e amigos que não sabem mais como ajudá-la.

A história se passa toda sob o ponto de vista de Lex, indo e voltando no tempo através de suas memórias. Ela é uma narradora peculiar, sem demoras em descrições imensas do ambiente ou do que está pensando. Esse estilo de contar a história faz a leitura ficar mais fluida e o leitor sente a história avançar, mesmo com os flashbacks. Embora não mergulhe em uma auto análise psicológica, Lex cresce ao longo da história e isso é visível no texto. No início, conhecemos uma menina isolada, cheia de raiva do mundo, que teme ser feliz. Com o tempo, no entanto, ela se torna uma pessoa um pouco mais aberta e nós vemos o que isso pode trazer de bom para a sua recuperação. Lex se torna, sem nem mesmo perceber, um fator decisivo para que todos consigam seguir em frente .

Todos os personagens apresentam algum tipo de arrependimento, afinal, quem nunca se arrependeu de algo na vida? O problema em O Último Adeus são aqueles que não podem mais ser consertados porque talvez seja tarde demais. As pessoas então aprender a conviver com a culpa seja por não ter sido o suficiente, ou não ter estado presente quando deveria estar, entre outros motivos.

Apesar de ter gostado do desenvolvimento dos personagens, senti que a história se prolongou durante um tempo na parte em que Lex precisa encontrar a antiga namorada de Ty para realizar um dos seus pedidos de seu irmão. Quando temos a primeira aparição de Ty, parece que teríamos um desenrolar maior da questão sobrenatural na história, mas acabamos com pequenos toques fantasmagóricos que decepcionam um pouco se o leitor espera mais do que isso.


Nesse livro, nós ganhamos uma perspectiva sobre a depressão muito mais realista do que várias outras histórias por aí. Essa doença está o tempo todo com a pessoa, que muitas vezes pode estar anestesiada pela situação em que se encontra e ter momentos pontuais de felicidades e esperança. Aqui, é importante deixar claro que a cura da depressão precisa de tratamento psicológico e apoio da família e amigos.

A questão em O Último Adeus é como Cynthia Hand conseguiu levar para o leitor uma história sobre depressão e perda sem exageros que ofendem ou anulam a importância dessa condição, tornando-se uma leitura que ajudaria qualquer pessoa que está passando por isso – assim como, quem tem algum amigo ou parente que tenha depressão – sem aquele teor de auto-ajuda que pode ser enfadonho e repetitivo.

A autora conseguiu alcançar vários tipos de leitores com uma história bem escrita e bem amarrada, que condiz com o que veio mostrar e, na minha opinião, traz uma protagonista muito boa, que não foca nos problemas típicos da adolescência o tempo todo. Tudo tem bastante equilíbrio ao mesmo tempo em que o chão parece ter desaparecido na trama. Foi um romance de medida certa.

Publicado originalmente no blog Anatomia Pop

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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2 Comentários

  • Paola Cruz

    19 de dezembro de 2019 às 07:34

    Ganhei esse livro de uma amiga,estou aguardando a entrega.

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