A ficção pode trazer histórias assustadoras, mas a realidade muitas vezes tem a capacidade de superá-la no horror e nos limites da maldade humana. Jack Ketchum sabia muito bem disso quando escreveu A Garota da Casa ao Lado, lançamento da DarkSide® Books.
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Acusado por seu terror visceral, quase pornográfico, o autor se inspirou em um caso real para escrever o livro. A história em questão se passou na década de 1960 com uma adolescente chamada Sylvia Likens, que foi torturada e morta pela mulher que cuidava dela – e que também incentivava as crianças da vizinhança a abusarem de Sylvia.
Ketchum conheceu o caso ao ler o livro de J. Robert Nash Bloodletters and Badmen, uma coleção de histórias de crimes reais. Ele declarou em entrevista ao site de Angela Y. Smith que aquilo o assombrou por anos. “Os temas me interessaram: violência contra uma moça, causada por uma mulher, adultos dando permissão a crianças para cometer crueldades horríveis e o heroísmo de uma irmã que daria a sua vida, se necessário, para proteger sua irmã indefesa”.
O que particularmente o assombrou na história de Likens foi a figura da mulher responsável por sua tortura e morte: Gertrude Baniszewski. “Aquela foto assustadora de uma arruinada, quase esquelética, Gertrude no livro foi o que continuou a me assombrar”.
Quando a mãe de Ketchum faleceu, ele precisou voltar diversas vezes para New Jersey e percebeu que as estruturas de ruas e casas não tinham mudado muito desde o pós-guerra. Isso lhe deu epifania, misturando a ambientação da própria infância com os eventos do assassinato de Sylvia Likens – por isso, A Garota da Casa ao Lado se passa na década de 1950, período da infância do autor.
Um elemento comum às obras de Jack Ketchum é o fato de que o monstro em questão é sempre um ser humano. Quando questionado por que ele não utiliza os monstros clássicos do terror, o autor é categórico: “As pessoas me assustam muito mais do que qualquer monstro. Sempre assustaram, sempre assustarão”.
Em 2007 os terrores do livro de Jack Ketchum foram adaptados para o cinema com o filme A Menina da Porta ao Lado. O autor ficou satisfeito com o resultado, conforme declarou na época à Dark Scribe Magazine. “O que torna A Menina da Porta ao Lado diferente é que o roteiro é bom e diferente de diversas formas. Quase o filme inteiro se passa em flashback, por exemplo. Outro exemplo é que quase todas as personagens são crianças – e você quase nunca vê um elenco de crianças em um filme assim cruel e sombrio”.
A ideia para o filme surgiu quando o produtor Andrew van den Houten leu o livro de Ketchum. “Ele imediatamente soube que queria adaptar aquela história”. Porém, já havia outro roteiro para a adaptação do livro, escrito por Phil Nutman e Dan Farrands. Apesar do autor ter ficado extremamente satisfeito com este roteiro, ele não acreditava que alguém seria capaz de bancar o projeto. O autor apresentou esta versão a Andrew e o projeto ganhou forma.
Uma das características que o filme mantém em relação à obra original é a sua visceralidade e violência. Isso chamou a atenção inclusive de Stephen King, que considerava um dos filmes norte-americanos mais assustadores que ele tinha visto nos últimos 20 anos. “Se você fica facilmente perturbado, não deveria assistir a este filme. Agora, se você está preparado para uma longa espiada no infernal estilo de vida do subúrbio, A Menina da Porta ao Lado não irá lhe decepcionar. É como a versão do sombria de Conta Comigo”, definiu King.
Além dos elogios ao filme, Stephen King já declarou sua admiração pelo trabalho assombroso (no bom sentido) de Jack Ketchum. Em uma das edições de A Garota da Casa ao Lado, King escreveu a introdução do livro. Tal apoio do rei do suspense sempre foi recebido com muita satisfação por Ketchum, pois, além de “ajudar a vender seus livros”, o escritor considerava que “é muito bom saber que um autor que você admira e respeita gosta do que você faz”.
Antes de A Garota da Casa ao Lado, Jack Ketchum já teve um de seus contos publicados pela Caveira na Antologia Macabra, que reúne grandes nomes do terror.
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