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Neon Maniacs: O brilho discreto de um slasher abandonado

Terror, pastelão adolescente e monstros

06/09/2024

Todo devoto criado em videolocadoras (me inclua aqui, por gentileza) sabe que a sessão de horror possui muitas camadas. Nas primeiras prateleiras os blockbusters, depois os atores queridinhos, mais embaixo os cults, só então chega a hora das indicações dos amigos e, bem depois, lá no fundo da estante: a cova dos filmes cultuados e quase desconhecidos. É de um desses corpos feitos de poeira e celuloide que falaremos hoje.

Neon Maniacs, classificado como horror slasher, brilhou discretamente na escuridão em 1986, e foi escrito por Mark Patrick Carducci e dirigido por Joseph Mangine. Como uma primeira curiosidade, o filme também foi lançado como Evil Dead Warrios. Mas vamos a ele, eu também estou curioso.

Começamos o filme com uma narração cigarrada e sorumbática que profetiza a vinda dos Neon Maniacs como resultado para a violência desmedida do mundo de hoje (e do mundo de ontem, de 1986). Em seguida temos a visão de um homem pescando sob a ponte Golden Gate de São Francisco. O homem termina sua pesca e caminha de volta pra casa. No caminho ele encontra uma ossada, e dentro da ossada, ele encontra algumas fotografias, dos chamados Neon Maniacs (de certa forma, a aparência poderia ser relacionada aos Cenobitas, que só viriam ao mundo do cinema em 1987 com Hellraiser, embora já estivessem descritos nos livros por Clive Barker). A cena termina com um corte abrupto, melhor dizendo: uma machadada…

Com o filme devidamente apresentado, conhecemos Paula, uma adolescente que parece aficionada pelo gênero horror, ela inclusive tem uma coleção de itens assustadores em seu quarto. Também conhecemos um pouco mais da São Francisco noturna, com um passeio por suas ruas iluminadas pelos letreiros das lojas e frequentadas por jovens entediados procurando diversão. Um grupo desses jovens escapa do asfalto com algumas cervejas em uma van, eles partem para um local ermo, a fim de fazer o que os jovens dos anos 1980 faziam em lugares propícios para a prática do assassinato.

O pessoal logo se anima e algumas peças de roupa caem por terra, então os Maníacos do Neon aparecem com suas ferramentas de trabalho para animar um pouco mais a festinha.

Não fica claro o que eles são, não existe uma padronização na monstruosidade. Alguns se vestem como samurais, outros como demônios, um deles é uma mistura de motoqueiro Hell Angel com policial, um segundo é um Apache deformado, outro se parece com o monstro Gyodai do seriado japonês Changeman. E ainda temos o Neandertal. As mortes não são muito elaboradas, mas são eficientes. Aos poucos, os maníacos eliminam quase todos os adolescentes festeiros.

A única a escapar com vida é Natalie Lawrence, a única virgem do grupo em questão. Sabe-se lá por qual motivo, a virgindade no passado era considerada algum tipo de superpoder nos filmes, enquanto o oposto, a liberdade sexual, era o mesmo que tatuar “me mate” bem no meio da testa.

Natalie consegue chegar à delegacia, mas os oficiais não acreditam em sua história, suspeitam de uma pegadinha dos jovens. Eles decidem esperar até o dia seguinte para investigarem. Depois de prestar depoimento, Natalie volta para sua casa, sozinha, seus pais estão viajando pela Europa.

No dia seguinte, quando a polícia vai até o parque onde aconteceu o massacre, tudo o que encontra é a van e alguma coisa parecida com muco na grama, uma gosma, uma geleia verde que pode ser qualquer coisa. Natalie segue com sua vida, e no intervalo entre as aulas é procurada por Paula Peterson, a garota que é fã de terror que conhecemos no comecinho do filme. Paula soube dos boatos de assassinato através de um amigo, e ela tem um interesse mórbido no assunto. Natalie também leva uma prensa de uma das vítimas na escola, mas diz que só contou a verdade para a polícia, que o irmão da garota está morto.

Com a confusão, a polícia a aconselha a ficar em casa por uns dias, até que se descubra algo concreto sobre o incidente. Paula, a menina que é fã de terror, também gosta de fazer filmes amadores do gênero, e entre uma tomada e outra ela volta a procurar por Natalie, por telefone. Natalie a rejeita, e também recebe ligações de familiares das vítimas, desesperados por notícias dos garotos assassinados. A polícia não encontrou nenhum corpo, então, eles são dados como desaparecidos. O único que parece acreditar no que Natalie diz é um colega de escola, Steven, que está apaixonado por ela.

Ignorada por Natalie, Paula decide investigar por si só, e vai até o parque onde ocorreram os assassinatos. Ela encontra mais da gosma esquisita, e segue os rastros de pistas até a ponte do São Francisco, onde encontra alguns pombos mortos próximos a uma porta de aço. Paula não avança porque a polícia orienta que ela deixe o local. Ela retorna à noite com câmeras e consegue filmar as criaturas. Paula também descobre que elas são susceptíveis à chuva e provavelmente à água. Ao chegar em casa, descobre que a câmera não registrou as imagens gravadas.

Na mesma noite, Natalie e Steven saem para um encontro. Eles descobrem no metrô que estão sendo perseguidos pelos maníacos sobrenaturais, e conseguem escapar por pouco trocando entre vagões, e se aproveitando de uma parada de emergência.

A menina Paula também é visitada por um deles, e consegue derrotá-lo usando água. No dia seguinte, ela conversa com Natalie, e juntamente com Steven, os três organizam um plano para derrotarem as criaturas. Não é a melhor ideia do mundo, nem de longe a mais original, mas o confronto final será em um baile à fantasia e competição de bandas da escola (e os alunos receberão pistolas com água, e dessa forma derrotarão os Maníacos do Neon).

A apresentação da banda de Steven é uma enorme vergonha alheia impressionante, mas era bacana nos anos oitenta esse lance de colocar pessoas de 30 anos interpretando adolescentes e se comportando como se tivessem sofrido algum dano mental severo. A outra banda é um pouco melhor, mas bem pouco, então nesse momento estamos desesperados pela invasão dos monstros.

Demora, mas eles chegam, e então o prometido banho de sangue começa a ganhar os corredores da escola, até chegar à pista de dança. Como podemos imaginar, o baile termina com uma porção de corpos, e a polícia precisa dar uma satisfação para a população local. Natalie, Steven e Paula são levados para prestar esclarecimentos. Depois do depoimento, a polícia resolve invadir o covil dos monstros para acabar com eles.

Se conseguiram ou não, vocês descobrem depois, mas ainda temos algumas palavras sobre esse filme. Neon Maniacs tem seus momentos, mas quase sempre falta uma definição clara ao que ele se propõe. Muitas vezes estamos assistindo um filme de terror, depois passamos a um pastelão adolescente, de repente entramos para a patrulha dos monstros. O grande mérito desse filme talvez seja semear ideias bastante iniciais, que precisariam das mãos de cineastas mais experientes para evoluir e crescer, ou seja: Neon Maniacs tem seus momentos. O melhor deles, talvez, seja imaginarmos o que eram e ao que se propunham aquelas criaturas.

Valeu o ingresso, então vamos deixar o trailer pra todo mundo espiar!

Vamos nessa?

1 Comentário

Daniel

9 de setembro de 2024 às 11:08

Daniel

9 de setembro de 2024 às 11:08

O Stephen Scarlata (Jodorowsky’s Dune) gosta tanto desse filme que fez um podcast com 10 episódios sobre ele, e foi atrás de praticamente todos os envolvidos ainda vivos para dar depoimentos: elenco, equipe, até as bandas da cena do baile ele localizou. Chama In The Shadows of The Neon Maniacs. Quem gosotou do filme tem que ouvir!

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