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O Fantasma da Ópera: como o livro foi transformado em um musical

A jornada do clássico gótico: do papel aos palcos da Broadway

25/02/2025

Wicked, Os Miseráveis, Sweeney Todd e O Fantasma da Ópera. O que essas histórias têm em comum? Além de trazerem personagens marcantes e enredos inesquecíveis, todas elas saíram das páginas de livros para serem eternizadas em musicais que conquistaram o coração do público. 

LEIA TAMBÉM: O que sabemos sobre as novas adaptações de O Fantasma da Ópera

Mostrando que adaptações podem dar muito certo nas bilheterias, O Fantasma da Ópera, por exemplo, se transformou em um dos maiores musicais de todos os tempos. A produção criada por Andrew Lloyd Webber fez sua estreia nos teatros londrinos em 1986, rapidamente cruzando o oceano Atlântico para ser encenada na Broadway em 1988. Como muitos outros musicais, O Fantasma da Ópera de Webber também trilhou um caminho único, conquistando certa independência de seu material de origem: o clássico escrito por Gaston Leroux no início do século XX.

Mas como a história de Leroux sobre um atormentado prodígio musical se transformou no musical com mais tempo de cartaz da Broadway? Deixa que a Caveira te explica! Entenda a seguir como o livro foi transformado em musical e como ocorreu essa união fantasmagórica. 

Todo clássico tem uma história de origem 

Muito antes de assombrar os teatros musicais, O Fantasma da Ópera cativou leitores do mundo inteiro com o romance de Gaston Leroux. Publicada entre 1909 e 1910, a obra conta a história de Christine Daaé, uma jovem cantora que se torna alvo da obsessão de um atormentado prodígio musical que vive no subterrâneo da monumental Ópera Garnier. Conhecido como Fantasma e escondendo seu rosto sob uma misteriosa máscara, ele passa a manipular os bastidores do teatro para garantir o sucesso de sua protegida, não hesitando em cometer as maiores atrocidades. No entanto, as coisas tomam um rumo inesperado quando a cantora se aproxima de Raoul, seu amor de infância. 

o fantasma da ópera

Combinando horror, romance e mistério, assim como elementos realistas e sobrenaturais, O Fantasma da Ópera se tornou um clássico da literatura e recebeu incontáveis adaptações para o cinema, a mais famosa sendo a de 1925 estrelada pelo “Homem das Mil Faces”, Lon Chaney

O encontro com um compositor teatral

Fazendo um salto temporal de mais setenta anos após a primeira publicação de O Fantasma da Ópera, vamos direto para a Londres dos anos 1980. Nesse contexto, a obra de Gaston Leroux já havia sido adaptada algumas vezes para os cinemas e até mesmo para o teatro, já que em 1976, Ken Hill havia idealizado uma pequena versão musical voltada para a comédia

Nesse meio tempo, Andrew Lloyd Webber desfrutava de certo sucesso no ramo musical com produções como Evita (1976), Cats (1981) e Starlight Express (1984). Em uma noite quente de verão em 1984, Webber foi com a nova esposa, a cantora Sarah Brightman, e o coprodutor de Cats, Cameron Mackintosh, assistir ao musical de Ken Hill. Naquele mesmo ano, a produção havia ganhado uma nova versão no Theatre Royal Stratford East, ajustada para árias de óperas de Verdi, Mozart e outros compositores, sendo que anteriormente Hill havia convidado Brightman a assumir o papel da protagonista da bela soprano perseguida por um apaixonado compositor mascarado.

Por mais que Brightman não tenha aceitado o papel, Andrew Lloyd Webber enxergou potencial na produção. Junto de Mackintosh, ele abordou Ken Hill com a ideia de transformar sua versão musical de O Fantasma da Ópera em uma peça em grande escala no West End (a Broadway britânica) seguindo o mesmo estilo de The Rocky Horror Picture Show, concordando inclusive em produzir e compor uma música original. Contudo, a ideia acabou nunca saindo do papel e os envolvidos eventualmente seguiram caminhos diferentes. 

Uma cópia de cinquenta centavos e uma epifania

Cerca de um ano depois, em 1985, Webber estava em Nova York para os ensaios de Requiem, uma missa escrita em memória ao seu pai, falecido em 1982. Caminhando pela Quinta Avenida, o compositor passou por uma loja de livros usados e encontrou uma cópia surrada do romance de Gaston Leroux sendo vendida por cinquenta centavos. Fascinando, ele comprou o livro e o leu naquela mesma tarde. Foi durante a leitura que o compositor teve, em suas próprias palavras, uma epifania, percebendo que O Fantasma da Ópera poderia fornecer o material para o romance musical que queria escrever para esposa. Entre tantas adaptações cinematográficas que contaram a história, o compositor viu outra coisa: um homem apaixonado e atormentado com uma voz. 

No entanto, Webber sabia que para levar a história para os palcos e criar uma produção musical atraente para o público ele precisaria fazer algumas mudanças importantes. Para começo de conversa, o compositor preencheu a trama com muito mais romance, removendo o narrador da história original, cortando alguns personagens e diminuindo o tom de mistério. Desta forma, a trama foi centralizada em Christine Daaé, a jovem soprano, e seu complexo triângulo com o Fantasma mascarado e seu antigo amor de infância, Raoul, o Visconde de Chagny. 

O Fantasma da òpera musical

Diferentemente da obra de Leroux e da versão criada por Lon Chaney, o Fantasma de Andrew Lloyd Webber seria mais homem do que monstro, carregando em si um charme e erotismo que nunca antes haviam sido inseridos no personagem. Seu Fantasma seria como um Orfeu invertido, que atrai sua amada para o submundo da música, oferecendo então uma oportunidade para a trama abordar temas como paixão, música, desejo e perigo. A semente da produção estava aí, agora o compositor precisava de um time que o ajudasse a trazê-la à vida. 

Um time especial

Enquanto Webber ficou encarregado da composição de O Fantasma da Ópera e da coprodução ao lado de Cameron Mackintosh, ainda era necessário um letrista. Inicialmente a dupla pensou em Jim Steinman, conhecido pelo hit gótico “Total Eclipse of the Heart”, que acabou recusando o projeto devido a outros compromissos. Em seguida, Alan Jay Lerner, responsável por sucessos como Minha Bela Dama e Gigi, chegou a trabalhar no musical por um curto período de tempo, antes de ficar doente e falecer. Então, Richard Stilgoe escreveu as letras para o programa, que por fim foram reescritas por um jovem desconhecido chamado Charles Hart.

Após ouvir a partitura do Ato 1, o diretor Harold Prince rapidamente aceitou comandar o espetáculo. Conhecido por seu trabalho em Cabaret, Sweeney Todd e Evita, Prince é considerado uma das figuras mais proeminentes do teatro musical e se tornou o maior vencedor de Tony Awards (o Oscar do teatro) da história levando 21 estatuetas para casa. O time que daria vida ao O Fantasma da Ópera ficou completo com a chegada de Gillian Lynne, diretora assistente e coreógrafa de Cats, que retornou para criar a coreografia da peça e Maria Björnson, que projetou os cenários e figurinos, além da icônica máscara que seria usada pelo personagem principal. Por seu trabalho na produção, Björnson ganhou o Tony de Melhor Design Cênico e Melhor Design de Figurino. 

harold prince o fantasma da ópera

Dando vida aos personagens

Com a equipe criativa completa, chegou a hora de escolher quem daria vida aos icônicos personagens nos palcos. O papel de Christine Daaé foi rapidamente preenchido, tendo sido escrito para a esposa de Webber, a talentosa soprano Sarah Brightman. Ela interpretaria Christine desde a primeira prévia de O Fantasma da Ópera no Sydmonton Festival em 1985 e permaneceria no elenco quando o musical estreou no West End em 1986 e mais tarde na Broadway em 1988. 

O papel de Fantasma foi então para Michael Crawford. Crawford já era um nome conhecido do ramo, tendo participado de diversas peças de teatro, programas de televisão e filmes, como o bem sucedido, Alô, Dolly!, longa estrelado por Barbra Streisand em 1969. Embora Crawford fosse uma escolha improvável para o papel título de O Fantasma da Ópera, Webber ficou comovido com sua performance no musical Charlie and Algernon, baseado no livro Flores para Algernon de Daniel Keyes. Apostando na capacidade do ator de interpretar personagens atormentados e sensíveis, ele ofereceu a Crawford o papel que lhe renderia o prêmio Laurence Olivier e o Tony de Melhor Ator. Para completar o trio de protagonistas, Raoul, o Visconde de Chagny, acabou nas mãos de Steve Barton, que assumiu o papel tanto no West End quanto na Broadway. 

Michael Crawford o fantasma da ópera

Com o elenco completo, os ensaios para a produção foram iniciados e enfrentaram alguns desafios peculiares. Para começo de conversa, o diretor Harold Prince havia tido a ideia de utilizar pombos de verdade, o que obviamente causou alguns contratempos nos palcos. Como era esperado, a ideia foi rapidamente descartada. Outro desafio foi a máscara utilizada pelo Fantasma, que precisou ser redesenhada de última hora pois obstruía a visão de palco e o microfone de Michael Crawford. Como se isso não bastasse, em um ensaio geral feito pouco menos de um mês antes da primeira apresentação, o icônico lustre ficou preso no teto. 

No entanto, nada disso foi suficiente para impedir que O Fantasma da Ópera fizesse sua estreia triunfal no His Majesty’s Theatre em Londres na noite de 9 de outubro de 1986.

Um clássico da literatura e dos musicais

Quase quarenta anos depois, O Fantasma da Ópera se tornou um marco na história do teatro musical. A produção continua a ser exibida no His Majesty’s Theatre em Londres e é o segundo musical mais longo do West End. Em 9 de janeiro de 1988, ele estreou no teatro Majestic em Nova York e se tornou o show mais antigo em cartaz da história da Broadway até sua última performance em setembro de 2023. Vencedor de inúmeros prêmios Tony, o musical criou uma franquia bilionária, sendo visto por mais de 140 milhões de pessoas, exibido em mais de 41 países e traduzido para 15 idiomas. Em 2004, foi levado para os cinemas na adaptação homônima dirigida por Joel Schumacher e estrelada por Gerard Butler, Emmy Rossum e Patrick Wilson. Impressionante não é mesmo?

novas adaptações o fantasma da ópera

E tudo começou com O Fantasma da Ópera de Gaston Leroux! Publicado em série no jornal francês Le Gaulois, o livro trouxe uma história imortal sobre obsessão, desejo e poder que ganhou espaço no cinema, na televisão e nos palcos de teatro. Conquistando gerações de leitores com uma atmosfera espectral e sedutora, O Fantasma da Ópera tornou-se um dos maiores clássicos do gótico e finalmente chegou na DarkSide® Books em uma edição especial que convida os DarkSiders a mergulharem nos misteriosos camarotes da Ópera Garnier. 

Deixe-se envolver por essa trama diabólica, romântica e inesquecível. Abra sua mente, mergulhe na escuridão e escute o chamado da música da noite. O Fantasma da Ópera está entre nós. 

o fantasma da ópera

LEIA TAMBÉM: Por que o Fantasma da Ópera de Lon Chaney é um ícone do terror

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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