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O horror extremo de Hideshi Hino

Conheça o trabalho do respeitado magaká

01/12/2025

Frequentemente citado como uma grande influência para Junji Ito, Hideshi Hino é um verdadeiro mestre do horror, sendo conhecido por seus mangás sinistros e grotescos. Com uma habilidade única de elevar o horror à pura transgressão, Hino nasceu em 1946 na China, filho de imigrantes nipônicos que trabalhavam ao nordeste do país, na época ocupado pelo Japão. Ao final da Segunda Guerra Mundial, sua família retornou ao seu país de origem, com Hino crescendo na cidade de Tóquio.

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Embora tenha considerado uma carreira na indústria cinematográfica, o jovem rapidamente foi seduzido pelo mundo dos mangás, encontrando uma forma única de expressão ao se unir com um grupo de artistas independentes que criavam obras autopublicadas conhecidas como doujinshi. Foi aqui que Hino começou sua carreira, eventualmente publicando seu primeiro trabalho profissional, o conto Tsumetai Ase, em 1967 na revista experimental COM, projeto criado por ninguém mais, ninguém menos, do que o “pai dos mangás”, Osamu Tezuka. A partir de 1968, ele começou a publicar na inovadora Garo, uma revista voltada para obras vanguardistas. 

Com o passar dos anos, Hino estabeleceu vínculos cada vez mais produtivos com editoras e se firmou como um bem-sucedido mangaká de horror, publicando sua primeira coletânea em 1978. Ao longo de sua carreira, o artista, que atualmente está com 79 anos, publicou mais de duzentas obras e também dirigiu e roteirizou filmes de terror splatter, como o polêmico Guinea Pig 2: Flower of Flesh and Blood de 1985. Sim, aquele longa que o ator Charlie Sheen confundiu com um snuff, contatando as autoridades por acreditar que estava assistindo a um assassinato real. 

Hideshi Hino

O estilo inconfundível de Hino, aliado a sua capacidade incomparável de perturbar o público, chegou na DarkSide® Books por meio de Pesadelos Completos, uma coletânea que apresenta algumas de suas histórias mais impactantes. Convidando os leitores a conhecerem um universo bizarro e hipnotizante, Pesadelos Completos é mais um exemplo do horror visceral, impiedoso e extremo de Hideshi Hino. Conheça abaixo um pouco mais do trabalho de um dos nomes mais respeitados do mundo dos mangás de terror. 

O mundo bizarro e grotesco de Hideshi Hino

Uma das primeiras lembranças de Hino é justamente a violenta fuga de sua família da China. O terror oriundo de sua própria infância foi algo que influenciou imensamente seu trabalho, de forma que passou a traduzir seus traumas mais profundos em narrativas que assombram e fascinam, como é o caso de Panorama do Inferno, uma de suas obras mais celebradas. Outras inspirações foram encontradas também em sua infância no Japão e nas histórias que ouvia quando criança. 

Com desenhos meticulosamente detalhados, o horror de Hideshi Hino chama a atenção por ser perturbadoramente cartunesco e sangrento, se afastando dos traços refinados e marcados por sombras de seus contemporâneos dos anos 70.  Seu mundo bizarro é povoado por personagens com olhos esbugalhados, cabelos com tentáculos, crianças monstruosas, assassinos pervertidos, bestas grotescas e cadáveres em decomposição.

Entre membros decepados e doenças aterradoras, Hino também constrói um horror calcado em uma variedade de fluídos corporais, como sangue e pus. Exemplo disso, é a história “A Doença Bizarra de Zoroku”, presente em Pesadelos Completos, a qual apresenta um pintor ingênuo e recluso que é cruelmente abandonado pela família em um pântano. No entanto, o que pode parecer à primeira vista uma narrativa triste e melancólica, rapidamente se transforma em uma jornada apavorante – permeada por sangue, pus e tumores – na medida em que Zoroku é consumido por uma doença estranha que deteriora seu corpo. 

Com uma paixão por narrativas estranhas e oníricas, Hino consegue chocar e perturbar seus leitores. Grande parte disso acontece pelo fato do mangaká ser um artista de terror por excelência, dominando uma ampla gama de habilidades. Além de capturar com maestria as grotescas transformações presentes no horror corporal, ele ainda desenha sangue, vísceras e monstros como ninguém, frequentemente utilizando a lógica do sonho e de uma atmosfera sinistra para transmitir o horror. Desta forma, Hino surge como um artista raro, que não apenas exibe uma variedade de talentos, como também consegue atingir extremos que poucos conseguem alcançar. 

Ao quebrar a quarta parede, suas histórias também desafiam constantemente os leitores, misturando o real e o irreal e os levando por um estado de pesadelo que faz com que confrontem a si mesmos. Hino cria universos onde a moralidade é distorcida e a maldade se manifesta de formas inusitadas, sem nenhum pudor. Não é à toa que o mangaká tem uma predileção por criar protagonistas marginalizados pela sociedade.

É comum, por exemplo, que suas histórias tragam indivíduos considerados aberrações pelos outros muito antes de se tornarem monstros de fato, como The Bug Boy e Hell Baby. Conforme estes personagens cometem atos terríveis e obscenos, mergulham em novos níveis de loucura e testemunham o verdadeiro inferno, Hino entoa o hino dos desesperados, simultaneamente praguejando contra o próprio leitor e o desafiando a sentir empatia por esses seres perturbadores. 

Desta forma, o horror de Hideshi Hino não advém apenas da violência gráfica, mas também pela forma como o artista explora o grotesco, o tabu e a degradação humana em diferentes níveis. O mangaká não tem medo de mergulhar na sujeira, na loucura e na carne putrefata, criando uma estética calcada na repulsa. Contrastando traços caricatos e às vezes até infantis com um conteúdo brutal, Hino utiliza a deformidade, a mutação e a violência para abordar temas como exclusão e rejeição social, perda da identidade humana, família disfuncional, infância corrompida, trauma, autodestruição e até mesmo a produção social do mal. Nesse sentido, seu horror extremo não visa apenas o choque, mas também a catarse e a crítica social e existencial. 

Hideshi Hino é assim um dos autores de terror mais emblemáticos de todos os tempos. Com obras controversas e radicais, o mangaká construiu uma carreira prolífica ao longo de mais de 40 anos, nunca se contentando em contar um único tipo de história e criando imagens que jamais são esquecidas. Isso faz com que ofereça aos leitores uma experiência sensorial e simbólica única que não apenas assusta, mas também perturba, enoja e questiona, nos fazendo refletir sobre a humanidade em suas facetas mais feias e desagradáveis. 

Para os apreciadores do horror visceral, impiedoso e extremo, a boa notícia é que agora a abordagem de Hideshi Hino está disponível em Pesadelos Completos, lançamento da Caveira que nos convida a conhecer um mundo proibido, desconfortável e inesquecível. Já disponível na Loja Oficial Dark e no DarkApp, Pesadelos Completos é uma passagem de ida para o paraíso infernal de Hideshi Hino, mostrando por que o artista é uma referência inquestionável no mangá de terror e um especialista em traumatizar leitores de todo o mundo. 

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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