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O Mago no cinema: conheça o filme de 1968

Fracasso total ou clássico incompreendido? Conheça as polêmicas da adaptação

27/02/2025

Publicado em 1965, O Mago é possivelmente a obra mais ambiciosa e também a mais amada de John Fowles, autor britânico conhecido pelos DarkSiders por O Colecionador. Considerado um grande representante da metaficção, este é o primeiro livro escrito por Fowles, que passou doze anos trabalhando no manuscrito até publicá-lo, em meados dos anos 1960. Devido ao tempo em que seu autor passou empenhado no processo de escrita, O Mago acabou se tornando o terceiro livro de Fowles a ser publicado, sucedendo O Colecionador (1963) e The Aristos (1964).

LEIA TAMBÉM: Spetses: conheça a ilha grega que inspirou O Mago

Misturando diferentes gêneros, a obra narra as desventuras de um jovem inglês que se vê preso em meio aos jogos psicológicos de um manipulador eremita. A história acompanha Nicholas Urfe, um professor que aceita um cargo em uma remota ilha grega. Lá, ele conhece e faz amizade com um magnata local de origens misteriosas. No entanto, logo esta amizade se transforma em um jogo perigoso, com realidade e fantasia sendo manipuladas de forma que Nicholas precisa lutar por sua sanidade e sobrevivência. 

Lançamento da DarkSide® Books, O Mago é um ousado thriller literário que explora temas como amor, erotismo, distúrbios psicológicos, manipulação de emoções e informações, além dos traumas causados pela ocupação nazistas em comunidades europeias. Considerado um clássico, o livro foi um grande sucesso em sua primeira tiragem e rapidamente deu origem a um filme homônimo bastante controverso. Conheça um pouco mais sobre o Mago, O Falso Deus, longa dirigido por Guy Green e protagonizado por Michael Caine e Anthony Quinn. 

o mago

O jogo é amor. O jogo é luxúria

Logo após o sucesso comercial de O Mago, foram iniciadas as negociações para que o livro fosse levado para as telonas. No verão de 1967, as filmagens enfim começaram, contando com a direção de Guy Green, que já havia recebido o Oscar de Melhor Fotografia em 1948 por Oliver Twist. Com um elenco estelar comandado por Anthony Quinn, Michael Caine, Anna Karina e Candice Bergen, as filmagens começaram na Grécia, o principal cenário do livro de John Fowles. No entanto, devido à agitação política no local, a produção precisou se mudar para a ilha espanhola de Maiorca. 

Todos os ingredientes estavam reunidos para um filme de sucesso. Afinal, Fowler havia adaptado seu próprio romance, escrevendo o roteiro, e Green era visto como um cineasta capaz de abordar o conteúdo sensível e maduro do livro. Aliado a um elenco com performances sólidas e um cenário exuberante, todos acreditavam que O Mago seria um enorme sucesso. Como se não bastasse, a adaptação cinematográfica de O Colecionador havia estreado apenas dois anos antes, alcançando um imenso sucesso e recebendo duas indicações ao Oscar.

Michael Caine, inclusive, era um grande fã de O Colecionador, de forma que se candidatou para participar da adaptação de O Mago sem saber nada sobre o roteiro. Segundo o icônico ator britânico: “eu sabia que queria participar do próximo romance de John Fowles… antes mesmo dele ter escrito qualquer coisa”. Contudo, mesmo com as altas expectativas, as coisas não aconteceram da forma esperada e o sucesso não veio. 

O filme, que no Brasil ganhou o título de Mago, O Falso Deus, em grande parte acompanha a história do livro homônimo. Caine dá vida ao protagonista, Nicholas Urfe, um jovem britânico que assume a posição de professor de inglês na ilha grega de Phraxos após o suicídio do antigo docente. Além de ser uma oportunidade de trabalho, Nicholas enxerga a mudança como uma forma de experimentar novos ambientes e vivências, além de escapar de um relacionamento instável com Anne, interpretada por Anna Karina. 

Inicialmente, a vida do jovem professor em Phraxos é tranquila, mas logo ela se torna depressiva e solitária. Tudo muda quando ele conhece o misterioso e recluso magnata local, Maurice Conchis, interpretado por Anthony Quinn, que possui uma propriedade no lado oposto da ilha e é acompanhado pela bela Lily, vivida por Candice Berger. Ao ser apresentado ao casal, a vida de Nicholas toma um rumo inesperado e ele fica entusiasmado com as novas relações e promessas de aventura.

Contudo, o entusiasmo logo dá lugar à preocupação quando o jovem começa a tentar desvendar quem realmente é Conchis. Seria o magnata um místico que controla a vida e os destinos das pessoas ao seu redor? Um rico hedonista espírita? Um psiquiatra? Um produtor de cinema? Um antigo colaborador nazista? A partir desses questionamentos e de seu contato com Conchis, Nicholas começa a perder o controle da realidade, ficando preso no jogo do magnata e vivenciando experiências cada vez mais inesperadas e bizarras. 

Embora tenha sido produzido com muitas promessas de sucesso, a versão cinematográfica de O Mago foi um grande desastre, sendo rejeitado tanto pelo público quanto pela crítica especializada, o que o transformou em uma bomba na bilheteria. Muitos fãs do livro apontaram que o crime da adaptação era não se encaixar na obra de Fowles, apesar do autor ter assinado o roteiro. Já os críticos levantaram problemas conceituais e direcionais, argumentando também que o filme não possuía a intensidade e paixão encontradas no livro, distanciando-se da ideia central da narrativa.

Outro ponto que desagradou os espectadores foi o desfecho do longa, que se distanciou imensamente do final em aberto escrito por Fowles, fornecendo uma resposta definitiva e eliminando qualquer indefinição (dica da Caveira: para saber qual desfecho misterioso é esse e quais são as diferenças entre os dois títulos, recomendamos que você dê uma chance para o livro e depois para o filme).

Apesar dos problemas conceituais, hoje em dia o filme vem sendo valorizado em alguns pontos, com fãs e críticos argumentando de que não se trata necessariamente de um desastre irreparável e a adaptação pode ser uma experiência divertida, um “fracasso interessante”. Anthony Quinn é bastante efetivo como Maurice Conchis e a fotografia feita pelo veterano Billy Williams é impressionante. Com um cenário ornamentado e figurino impecável, O Mago é atualmente valorizado como um filme visualmente bonito e detalhado com uma história mágica.

Um suspense psicológico onde nada é o que parece

Em sua autobiografia, Michael Caine disse que O Mago foi um dos piores filmes de sua carreira, mas não por causa do resultado do longa. Segundo o ator, ninguém havia entendido seu significado e grande parte dos espectadores ficaram perplexos com a trama e seu conteúdo. Já Candice Bergen afirmou que ninguém lhe disse o que fazer e John Fowles apenas concordou que havia sido de fato um grande desastre. 

O autor, inclusive, chegou a afirmar que nunca mais escreveria um roteiro do próprio trabalho. Grande parte disso veio após a adaptação de seu primeiro romance publicado e adaptado para os cinemas, O Colecionador. O escritor ficou ressentido quando sua obra foi transformada, nos cartazes e anúncios da adaptação, em “O Colecionador de William Wyler”. Fowles ficou tão chateado com a experiência que estipulou que qualquer adaptação cinematográfica de O Mago precisaria contar com seu roteiro, o qual seria escrito e creditado de forma individual. 

Para o seu desgosto, mesmo com a sua participação, o filme não conseguiu transmitir sua prosa elíptica, algo praticamente impossível quando consideramos que livros e filmes possuem linguagens e mídias diferentes. Além de tudo, vale lembrar que livros são experimentados e vividos de formas diferentes por seus leitores e sua adaptação sempre será diferente daquilo que esperamos, especialmente quando falamos de romances pós-modernos, subjetivos e caleidoscópicos como O Mago

Embora não tenha sido o sucesso artístico e financeiro esperado, O Mago é um filme que contou com diversos esforços e que possui seus méritos, longe de ser um dos piores filmes já feitos. Personificando uma era psicodélica e com uma fotografia exuberante, o longa reúne alguns dos atores mais icônicos da época. Embora nunca chegue aos pés da obra original, que sempre vai se destacar quando o assunto é O Mago, a Caveira sugere que você dê uma chance para o longa, principalmente se for fã de Michael Caine e Anthony Quinn ou se simplesmente adorar filmes interessantes que não deram certo. 

Ou melhor, para um veredito e experiência completa, que tal uma dobradinha filme-livro? Um dos romances mais vendidos de John Fowles, O Mago já está disponível em uma edição extraordinária. Com ecos de Charles Dickens e Henry James, esta é uma obra surpreendente, deslumbrante e selvagem, um misto de horror e suspense aliado a uma investigação vertiginosa sobre a natureza da consciência moral. Se prepare para uma leitura marcante que lhe causará arrepios na espinha. Afinal, nada é o que parece ser.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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