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O que a franquia Alien nos fala sobre a sociedade

Temas políticos sempre estiveram presentes nos filmes

27/08/2024

Dirigido por Fede Alvarez, Alien: Romulus finalmente chegou aos cinemas e a Caveira veio te lembrar que a franquia criada por Ridley Scott em 1979, e primeiramente estrelada por Sigourney Weaver, embora pareça uma ficção científica, fala muito do mundo real em que vivemos.

LEIA TAMBÉM: Caveira Viu: Alien: Romulus

Recentemente, Noah Howley, showrunner da adaptação televisiva de Fargo e a cargo da nova série de TV de Alien, recebeu hate ao declarar que a narrativa se passaria na Terra e se concentraria em temas de riqueza e desigualdade de recursos. Alguns fãs ficaram indignados com a ideia de a franquia trazer mensagens políticas. Mas deixa eu te falar uma coisa: isso sempre aconteceu em Alien

A mensagem sempre esteve lá

Originalmente lançado em 1979, Alien gerou três sequências, dois prólogos, além de inúmeros jogos, quadrinhos e romances. E o primeiro filme é muitíssimo claro e direto nas mensagens que Ridley Scott queria passar: um grupo de civis caminhoneiros espaciais investigam um sinal de socorro, acidentalmente trazendo a bordo uma espécie alienígena hostil e quase todos eles acabam devorados pelo monstrengo que dá título ao filme.

alien

Ao longo da trama, a tripulação se refere regularmente a uma empresa sinistra, corrupta e insegura. A grande revelação do terceiro ato do filme ocorre quando Ellen Ripley (Weaver) descobre que a empresa ordenou que um colega de tripulação preservasse o alienígena hostil a todo custo. 

Este membro da tripulação é, na verdade, androide, o que significa que a empresa colocou uma máquina entre uma tripulação de civis para garantir que um monstro espacial extremamente perigoso voltasse à Terra. O comentário é claro: a empresa valoriza o lucro acima de seus próprios funcionários. Capitalismo selvagem purinho.

Capitalismo e imperialismo no alvo

Em filmes posteriores, a tal empresa recebe um nome: Weyland-Yutani. A megacorporação do conglomerado intergaláctico controla tudo, desde a fabricação de naves espaciais até o transporte para o espaço. 

aliens

A sequência do longa, Aliens, de 1986, apresenta Carter J. Burke (Paul Reiser), um pesquisador viscoso que executa um esquema para contrabandear o xenomorfo para a Terra dentro dos corpos dos tripulantes. Burke é um representante direto da Weyland-Yutani, e ele é cruel, traidor, corrupto e obcecado por lucro. Impossível não perceber as conotações políticas.

Ao lado de Burke, Aliens também apresenta os Colonial Marines, uma força militar cheia de níveis cômicos de masculinidade. A equipe como um todo serve de paródia (bem direta, diga-se) do imperialismo militarista. Os soldados se gabam e se gabam, constantemente provocando uns aos outros e ansiosos por uma luta real. Ripley até tenta avisá-los do perigo vindouro, mas eles não vão ouvir uma senhora chegando e dizendo a eles como fazer seu trabalho.

Eles são, é claro, rapidamente massacrados quando apresentados à grande ameaça, levando Ripley a ser forçada a assumir o controle. Há quem acredite que o filme seja uma referência direta à guerra do Vietnã, pois legiões de jovens são convencidas pela pressão dos colegas e pela masculinidade tóxica a se jogarem em um moedor de carne a mando de executivos viscosos, tudo em busca de lucros enormes para corporações quilômetros acima de suas cabeças. 

aliens 30

Girl Power, a origem da vida e evolucionismo

O tema recorrente de Ripley, uma mulher poderosa, tendo que salvar ou proteger homens hipermasculinos subverte narrativas mais antigas focadas em homens. James Cameron, diretor de Aliens, adora incluir mulheres fortes como heroínas de suas narrativas. 

Os filmes prólogo lançados mais recentemente, Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017), lidam com metáforas em uma escala ainda maior, geralmente de maneiras pouco sutis. A religião é um tema bastante central, muito de Prometheus é sobre o elenco principal tentando encontrar a origem da vida na Terra, debatendo consistentemente se o que eles descobriram prova ou refuta a existência de uma divindade.

Os personagens principais discutindo sobre o darwinismo e o design inteligente trazem à mente uma variedade de debates filosóficos. E mesmo neste filme sobre os segredos da criação humana e as razões pelas quais os humanos têm fé, a empresa continua sendo um problema na narrativa. 

alien prometheus

O magnata da empresa Peter Weyland (Guy Pearce) aparece em ambos os filmes, caracterizado como brilhante, mas obcecado pela sua própria imortalidade. A busca fadada de Weyland por viver para sempre é disfarçada por sua imagem como um prodígio benevolente resolvendo problemas humanos por compaixão. O bom e velho mito do bilionário moderno, fingindo salvar o mundo enquanto silenciosamente acumula ganhos ilícitos nas costas de seus funcionários. Uma atualização moderna para os temas da ganância corporativa, mantendo-a óbvia para a nova geração.

A ideia de que qualquer fã da franquia Alien poderia aproveitar os filmes sem absorver nenhum elemento do comentário político consistente inconcebível. Que outras mensagens você já identificou nos filmes da franquia?

LEIA TAMBÉM: Monstruosidade feminina no terror

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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