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Quem é o deus Hades na mitologia grega

Desvende o Mundo Inferior mitológico

15/10/2024

Deus do Mundo Inferior. Senhor dos Mortos. Deus da morte. Essas são apenas algumas das formas pelas quais podemos nos referir a Hades, uma das divindades mais famosas do mundo grego. Mas engana-se quem acha que o deus ficou preso no mundo antigo. Personagem em filmes, animações, livros e até mesmo em musicais, Hades continua presente até hoje na cultura pop.

Você provavelmente se lembra dele na animação Hércules ou nas séries de televisão Hércules: A Lendária Jornada e Xena: A Princesa Guerreira. Mais recentemente, o deus foi um dos personagens do musical Hadestown, que apresenta a história do mito grego de Orfeu e Eurídice.

Para além das telas e dos palcos, Hades também aparece em Guerra, Adorável Guerra, lançamento DarkLove que traz uma arrebatadora jornada pela Primeira e Segunda Guerra Mundial a partir de inusitados narradores: os deuses do Olimpo. Aqui somos apresentados a uma história de amor multifacetada que transcende a violência e a devastação da guerra onde quatro mortais têm seus destinos e corações controlados pelos deuses gregos.

Mas afinal de contas, quem foi Hades? Para responder essa pergunta, a Caveira mergulhou em Origens da Mitologia, uma enciclopédia A a Z escrita pela pesquisadora Anette Giesecke, que oferece centenas de definições sobre deuses, deusas, herois e heroínas, ninfas, espíritos, monstros e lugares importantes da mitologia greco-romano.

Antes do Mundo Inferior

Na mitologia grega, Hades é o filho primogênito dos deuses titãs Cronos e Reia. Ele possui três irmãs mais velhas, Héstia, Deméter e Hera, e um irmão mais novo, Poseidon, sendo que todos eles foram engolidos pelo pai logo após o nascimento. Segundo a mitologia, Cronos teria descoberto por meio de Gaia e Urano que estava destinado a ser superado pelos próprios filhos, de forma que passou a devorá-los para evitar o cumprimento da profecia.

Tudo mudou quando Zeus, seu sexto filho, conseguiu escapar deste destino e posteriormente forçou o pai a regurgitar os irmãos, que juntos expulsaram e derrotaram os deuses titânicos em Titanomaquia, uma guerra que durou dez anos. Aqui, Hades se mostrou um deus formidável em batalha e provou toda a sua ferocidade ao lado dos irmãos.

Logo após isso, quando chegou a hora dos novos deuses decidirem qual parte do mundo cada um governaria, foi tirada a sorte utilizando um elmo. Desta forma, Zeus ficou encarregado do céu, Poseidon dos mares e Hades do Mundo Inferior, o reino para o qual as almas dos mortos vão ao deixar o mundo dos vivos, e que se tornou seu domínio e esfera de influência.

O Deus do Mundo Inferior

Por estar associado à morte, Hades era uma divindade bastante temida pelos gregos, que não tinham pressa nenhuma em conhecê-lo. Desta forma, não existiam orações e adorações diretas em seu nome, cuja simples menção já era algo assustador. Para evitar mencioná-lo diretamente, os gregos o honravam em rituais funerários e recorriam a eufemismos como “Zeus Ctônia” ou “deus do Mundo Inferior”. Desta forma, não eram destacados muitos aspectos de sua personalidade para evitar atrair sua atenção.

Isso também fez com que Hades não fosse muito retratado em obras de arte, o que faz com que atualmente não existam diretrizes bem delineadas sobre como representá-lo. Enquanto em algumas obras ele aparece como um deus mais jovem, em outras, surge como um homem de meia-idade, de barba cheia e conduzindo uma biga.

Apesar de ser descrito como inflexível e severo, é importante entender que Hades não personificava as conotações modernas de mal e inferno. Muito pelo contrário, por governar o mundo dos mortos, o deus possuía o papel importante de manter o equilíbrio entre os dois mundos, sendo retratado como altruísta e justo.

Conhecendo a Casa de Hades

Como governante do Mundo Inferior, Hades raramente deixava seus domínios, os quais eram descritos como estando sempre cheios de “convidados”. Isso fazia com que o deus não se preocupasse muito com o que acontecia no mundo acima, pois estava mais interessado em garantir que nenhum de seus súditos fugisse. Afinal de contas, uma das coisas que mais o deixava furioso era alguém tentar sair de seu reino e enganar a morte.

Conhecido como “a Casa de Hades”, o Mundo Inferior era dividido em várias regiões. Os Campos Elísios, por exemplo, eram o local de repouso dos virtuosos, enquanto o Tártaro, descrito como sombrio e distante, era destinado ao eterno tormento. No meio disso, havia o Campo de Asfódelos, onde permaneciam as almas que não eram consideradas nem más, nem boas. O Mundo Inferior também era cruzado por diversos rios com significados simbólicos, como o Aqueronte, rio do infortúnio, o Lete, rio do esquecimento, e o Estige, rio da invulnerabilidade, o mesmo no qual Aquiles foi mergulhado pelos calcanhares quando bebê.

Embora Hades tivesse total autoridade, ele ainda contava com o auxílio de outras figuras. Uma das mais famosas é Cérbero, o cão de três cabeças, que guardava as portas do reino, impedindo que almas fugissem e que mortais se aventurassem pelo local, e Caronte, o barqueiro que transportava as almas do mundo dos vivos para o mundo dos mortos.

Além disso, por mais que Hades supervisionasse os julgamentos e punições, ele possuía três juízes que atuavam em seu nome, Minos, Radamanto e Éaco, os quais permaneciam sentados no pátio de seu palácio, julgando as almas e as direcionando para seus locais de repouso ou tormento. Já as punições, como torturas e outras formas de sofrimentos, eram atribuídas às Erínias, que viviam nas profundezas do Tártaro.

O rapto de Perséfone

Entre todas as histórias envolvendo Hades, o rapto de sua rainha consorte, Perséfone, é definitivamente a mais famosa. Segundo o mito, o deus do Mundo Inferior pediu ao irmão, Zeus, lhe conceder a mão de uma de suas filhas em casamento. A escolhida foi Perséfone, sua filha com Deméter. Sabendo que a deusa iria resistir ao casamento, Zeus concordou com o rapto da jovem, que então foi sequestrada por Hades enquanto colhia flores em um prado.

Desesperada pelo sumiço da filha, Deméter vagou pela Terra e deixou de se preocupar com o plantio e a colheita, causando fome e esterilidade do solo. Os deuses, que não receberam seus sacrifícios habituais, tentaram consolá-la, mas a única coisa capaz de resolver a situação foi devolver sua filha ao mundo dos vivos. Para que a humanidade não perecesse, Zeus enviou Hermes para que este convencesse Hades a permitir o retorno de Perséfone.

Surpreendentemente, o deus do Mundo Inferior cedeu e permitiu que a jovem voltasse. No entanto, antes de Perséfone embarcar na carruagem de Hermes para reencontrar com a mãe, ele secretamente a alimentou com sementes de romã, enganando-a e obrigando-a a passar uma parte do ano ao seu lado. Desta forma, Perséfone se tornou a rainha do Mundo Inferior, compartilhando com o marido o controle sobre os mortos. O mito foi utilizado para explicar a origem das estações do ano, já que quando Perséfone ficava ao lado da mãe as flores floresciam e as colheitas cresciam, correspondendo aos meses de verão e primavera, e quando a jovem permanecia ao lado do marido, a tristeza de Deméter era expressa pelas sementes dormentes no solo, correspondendo aos meses de inverno.

Visitantes ilustres

Além do rapto de Perséfone, Hades participou de outros mitos importantes, muitos dos quais relataram histórias de heróis que visitavam seu reino. Embora proibisse estritamente que seus súditos deixassem seu domínio uma vez que ali entrassem, o deus contou com algumas visitas ilustres.

Uma delas foi a do herói Orfeu, que se aventurou pelo submundo em busca da amada Eurídice. A música tocada por ele era tão adorável que Perséfone convenceu Hades a deixar que o casal retornasse para o mundo dos vivos com uma condição: Orfeu deveria andar à frente de Eurídice e não poderia olhar para trás até que ambos estivessem na superfície. Ansioso pelo reencontro, o herói se virou assim que pisou no mundo dos vivos, fazendo com que Eurídice desaparecesse para sempre.

Em outro mito, Hades enfrentou Teseu e Pirítoo, que decidiram raptar as filhas de Zeus. Enquanto Teseu escolheu Helena, Pirítoo optou por sequestrar Perséfone, viajando até o Mundo Inferior. No entanto, Hades estava ciente dos planos para capturar sua esposa e fingiu hospitalidade por meio de um grande banquete. Quando os dois estavam sentados, cobras se enrolaram em torno de seus pés e os prenderam ali. Teseu foi eventualmente resgatado por Héracles (Hércules), cuja última tarefa era capturar Cérbero, mas Pirítoo foi punido por ousar desejar a esposa de um deus.

O senhor das riquezas

Para além dos aspectos mais sombrios de sua personalidade, Hades também possui uma faceta mais benigna, vinculada à riqueza oculta da terra, como o solo fértil e a presença de metais, como ouro e prata. Isso fez com que os romanos o chamasse de Plutão, “o abastado” ou “o senhor das riquezas”. É justamente por isso que em algumas representações o deus aparece derramando fertilidade e abundância a partir de uma cornucópia. Além disso, é frequentemente representado com seu elmo e seu companheiro, Cérbero. Em outros casos, aparece associado à romã e ao cetro.

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