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Vozes Negras: Escritoras e existências além do tempo

Na semana da Consciência Negra, a EducaDark destaca uma antologia de entrevistas com autoras de grande importância que nos ajudam a compreender a importância da escrita e a necessidade da resistência.

19/11/2025

Educação global

As discussões educacionais, em um nível global, já definiram seus propósitos para um futuro que é logo ali. E entre os temas de grande relevância para este tempo, está o crescimento de movimentos, e vozes (#MeToo, Black Lives Matter e Fridays for Future), que discutem as perspectivas decoloniais, racismo, desafios climáticos, juventude cidadã e alimentam debates sobre “quais histórias estão sendo contadas e ouvidas dentro das democracias e em um cenário cultural globalizado”?

Igualmente, vemos discussões sobre a necessidade de ler e escrever, de valorizar o livro impresso, as práticas analógicas de aprendizagem e a escrita como a forma primeira de expressão humana. Os países que foram as estrelas na virtualização das escolas, levando a tecnologia para dentro da sala de aula, hoje percorrerem um caminho inverso. Em diferentes lugares do globo, vemos instituições de ensino voltarem ao físico e ao material, fazendo crianças e jovens olharem o mundo fora das telas. Em outros termos, o ensino hoje está mais empenhado em viver o presente na velocidade do real e não mais na velocidade do algoritmo.

Our History – Black Lives Matter

E como educadores, esse convite nos propõe a ensinar por meio de uma abordagem significativa. Como já dizia Maria Montessori, propor um aprendizado a partir da experiência do indivíduo com o mundo ao seu redor, tornando-a uma carregada de sentido. Diante disso, questionamos: como podemos ensinar aos nossos jovens que suas vozes podem ser ouvidas e ressoarem no tempo?

Não há forma mais significativa se não pelo exemplo de autoras que leem e escrevem. E, é aqui que entra Vozes Negras: A Arte e o Ofício da Escrita. Um livro organizado pela professora, pesquisadora e Ph.D. em Literatura, Claudia Tate (1946-2002). Tate ocupou relevantes posições nas Universidades Howard e Princeton e construiu uma trajetória de destaque no estudo e defesa da escrita negra feminina. Em Vozes Negras, ela mergulhou nos processos criativos de diferentes escritoras, pioneiras na Literatura afro-americana, que se tornaram faróis para gerações inteiras de leitoras e leitores.

Em uma coletânea profundamente inspiradora e atemporal, acessamos as ideias de Maya Angelou, Toni Cade Bambara, Gwendolyn Brooks, Alexis De Veaux, Nikki Giovanni, Kristin Hunter, Gayl Jones, Audre Lorde, Toni Morrison, Sonia Sanchez, Ntozake Shange, Alice Walker, Margaret Walker e Sherley Anne Williams. São entrevistas abertas, francas e pessoais, em que cada uma dessas imensas estrelas, deram a Tate suas vozes, suas experiências, suas frustrações e seus aprendizados, não apenas da escrita como também de suas carreiras e vivências.

Em cada página dessas conversas, essas autoras mostram que criar obras tem a ver com ler, falar, pensar e acreditar que a criatividade é possível. Destacam como sua formação pessoal, seus contextos de vida, infância e contato com o ato de escrever foram suas janelas da alma, seu modo de gritar, de rebelar-se contra uma sociedade patriarcal de pesadas imposições às mulheres e, em especial, ainda mais dura com mulheres negras.

Altamente Recomendável

Com o selo de Altamente Recomendável da FNLIJ, Vozes Negras é parte do catálogo EducaDark e nasceu para ser destaque na constelação das brilhantes mentes criadoras. É uma obra que oferece um vasto cenário de inspiração para o trabalho pedagógico em sala de aula, podendo:

Referenciar gêneros textuais;
Discutir Literatura feminina;
Analisar a formação e desenvolvimento do processo criativo;
Trabalhar leitura e intertextualidade;
Construir interdisciplinaridade entre História, Língua Portuguesa e Literatura.

Para além desses tópicos, trata-se de uma obra essencial para trabalhar temas como o racismo em diferentes contextos formadores, a história da mulher negra e a importância da arte como caminho de resistência e revolução. E principalmente, como criar histórias pode ser um ato revolucionário, um exercício de falar com o seu tempo presente e o futuro de incontáveis gerações, por meio de narrativas fictícias ou reais.

“Quando esta coletânea clássica foi publicada, as escritoras entrevistadas por Claudia Tate estavam envolvidas no trabalho criativo que abriu espaço para novos territórios do feminismo negro. Hoje, Vozes Negras: A Arte e o Ofício da Escrita serve como um lembrete muito necessário de que a imaginação sempre abre caminhos que nos conduzem em direção a futuros mais habitáveis.” — Angela Davis, autora de Mulheres, Raça e Classe e A liberdade É Uma Luta Constante.

O projeto EducaDark é composto pelos consultores educacionais Cláudia Onofre, Angélica Barros e Enéias Tavares. Claúdia tem experiência no mercado educacional literário, principalmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Angélica, além de professora, é mestre em História e autora de materiais didáticos para os segmentos de Fundamental e Médio. Quanto a Enéias Tavares, além de professor de literatura na UFSM, é autor da DarkSide® Books, com seu livro Parthenon Místico sendo um projeto já adotado em escolas de Ensino Médio. Para outros conteúdos EducaDark, confira aqui.