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45 anos de Sexta-Feira 13

Em 09 de maio de 1980 ele chegava aos cinemas

09/05/2025

No dia 09 de maio de 1980, um filme chamado Sexta-Feira 13 chegou em mais de mil salas de cinema ao redor dos Estados Unidos. Com um orçamento modesto e roteiro inspirado no sucesso de Halloween – A Noite do Terror, ninguém imaginava que o filme daria início a uma das franquias mais populares e duradouras do cinema de terror. 

LEIA TAMBÉM: 13 Curiosidades sangrentas sobre a franquia Sexta-feira 13

45 anos depois é praticamente impossível pensar no gênero e no legado dos slashers como um todo sem lembrar de Sexta-Feira 13. A franquia cinematográfica, composta por doze filmes, incluindo uma refilmagem, um crossover com A Hora do Pesadelo e uma ida ao espaço, se tornou um dos grandes símbolos do terror moderno e não demorou muito até que Jason Voorhees dominasse os quadrinhos, os videogames e o mundo dos colecionáveis. No entanto, embora o assassino implacável e sua máscara de hóquei sejam o grande símbolo da franquia, tudo começou de forma muito mais modesta, embalada pelo sucesso de Michael Myers dois anos antes. 

Construindo Crystal Lake

Sean S. Cunningham, que já havia trabalhado com Wes Craven em Aniversário Macabro alguns anos antes, desejava dirigir um filme que fosse chocante e que mantivesse o público grudado em seus assentos. A inspiração em Halloween nunca foi um segredo, com um dos produtores confirmando que: “[…] Com Sexta-Feira 13 tentamos copiar o sucesso de Halloween, obviamente. Nós fizemos isso para entrar no ramo do cinema”. A ideia era utilizar a fórmula de John Carpenter e aplicá-la em um filme ainda mais sangrento, o qual Cunningham sabia que o público não seria capaz de resistir. 

O roteiro ficou à cargo de Victor Miller, sendo intitulado brevemente como Uma Longa Noite no Acampamento de Sangue. No entanto, logo um novo título, Sexta-Feira 13, foi proposto por Sean S. Cunningham que decidiu despertar o interesse do público por meio de um simples anúncio na revista Variety, o qual dizia: “o filme mais aterrorizante já feito”. Para criar o anúncio e evitar possíveis processos (caso alguém já detivesse os direitos do título), o cineasta contratou uma agência de publicidade que desenvolveu o conceito do logotipo do filme, o qual consistia em grandes letras irrompendo através de um painel de vidro. Não importava que a produção ainda estivesse longe de chegar aos cinemas, Sean S. Cunningham sabia que tinha uma mina de ouro em suas mãos e sua aposta pagou alto. 

sexta-feira 13

Com o roteiro finalizado na metade de 1979, as filmagens se iniciaram em setembro do mesmo ano. O elenco era composto majoritariamente por atores jovens e relativamente desconhecidos, como Kevin Bacon, Laurie Bartram, Peter Brouwer e Adrienne King. A exigência da produção era de que eles se parecessem com conselheiros de acampamento, atuassem bem e trabalhassem por pouco dinheiro. O membro mais experiente do elenco acabaria sendo Betsy Palmer, a Sra. Pamela Voorhees, que apenas concordou em participar do filme porque precisava comprar um carro novo

As filmagens então começaram em 4 de setembro de 1979 no condado de Warren, Nova Jersey, com muitas das cenas sendo filmadas em um acampamento de verdade, o Camp No-Be-Bo-Sco. Para os efeitos especiais, a produção chamou o veterano Tom Savini, que em 1978 havia trabalhado com George Romero em Despertar dos Mortos. 

Savini contribuiu imensamente para o sucesso do filme, com sua equipe criando alguns de seus efeitos mais memoráveis, como o machado no rosto de Marcie (Jeannine Taylor), a flecha que penetra a garganta de Jack (Kevin Bacon) e a própria decapitação da Sra. Voorhees. A ideia de Jason surgir ao final da trama também foi sugestão do artista de efeitos especiais, que insistiu que o longa precisava de um último susto aos moldes de Carrie, A Estranha. 

sexta-feira 13

Já a trilha sonora ficou sob responsabilidade do compositor Harry Manfredini, que criou uma assinatura sonora extremamente aterrorizante para o assassino, inspirando-se nas trilhas de Psicose, criada por Bernard Hermann, e Tubarão de John Williams (só para constar, de acordo com o próprio Manfredini o som é: “ki ki ki, ma ma ma”). 

Em 9 de maio de 1980, Sexta-Feira 13 enfim chegou aos cinemas com distribuição da Paramount Pictures. O sucesso foi imediato e o slasher rendeu quase 60 milhões dólares ao redor do mundo. Era o início de um sangrento e rentável legado. 

Bem-vindo a Crystal Lake

Olhando retrospectivamente, o segredo do sucesso de Sexta-Feira 13 está em sua simplicidade. Seguindo os moldes narrativos que se tornaram populares nos slashers, o filme começa em 1958 quando um jovem casal de monitores do acampamento Crystal Lake namora escondido ao invés de cuidar das crianças, sendo rapidamente morto a facadas por um assassino desconhecido. 

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Pulando para 1980, o acampamento está prestes a reabrir. Um novo grupo de jovens volta para o local, porém logo todos são brutalmente assassinados por um agressor invisível, o qual, inspirado em Tubarão, permanece fora do olhar da câmera o maior tempo possível. No ato final, o assassino é revelado como sendo a gentil e não tão inofensiva Sra. Voorhees, uma mulher devastada pelo trágico afogamento de seu filho, Jason, anos antes. 

Um dos pontos altos de Sexta-Feira 13 é justamente a identidade de seu assassino, a qual é mantida em segredo ao longo de quase todo o filme. Assim como as cenas iniciais de Halloween, o longa utiliza extensivamente a câmera em primeira pessoa, fazendo com que o espectador tenha uma visão privilegiada dos assassinatos. A reviravolta de que o vilão não é o típico maníaco mascarado, mas sim uma mulher de meia idade, contribuiu imensamente para a longevidade do filme, oferecendo uma versão invertida de Norman Bates de Psicose.

Assim como todos os slashers que se seguiram, Sexta-Feira 13 conta com um elenco reduzido e com personagens que representam estereótipos recorrentes no subgênero, incluindo a garota final. Vivida por Adrienne King, Alice Hardy é a última sobrevivente do massacre que dizimou seus amigos e é a responsável por dar um fim ao reinado de terror da Sra. Voorhees. 

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Outro ponto de destaque de Sexta-Feira 13 é a sua contagem de corpos e violência intensa, inspirada no longa Banho de Sangue do cineasta italiano Mario Bava. Embora filmes sangrentos já fossem comuns na época, o longa trouxe um número colossal de nove vítimas, sem incluir a Sra. Voorhees, inovando nos utensílios utilizados pela assassina para cometer seus crimes. Aliado a tudo isso, Sexta-Feira 13 também impactou os espectadores com a sua cena final quando Alice acorda sozinha em uma canoa no meio do lago e é subitamente arrastada para as profundezas pelo cadáver do jovem Jason. Brincando com o espectador, esse gancho deixa em aberto: seria um sonho, os efeitos do trauma ou… algo mais? 

Contudo, apesar do sucesso comercial e aclamação por parte dos fãs do gênero, Sexta-Feira 13 não agradou aos críticos, gerando uma onda de reprovação. O crítico americano Gene Siskel, por exemplo, disse que Sean S. Cunningham era uma das criaturas mais desprezíveis do cinema, incentivando seus leitores a escreverem para a Paramount Pictures em protesto. Em sua crítica no Chicago Tribune, Siskel foi além e revelou nos primeiros parágrafos a identidade do assassino para evitar que as pessoas fossem ao cinema assistir ao filme. No entanto, isso não afetou o sucesso do slasher, muito pelo contrário. As críticas negativas apenas serviram para promover o longa e incitar a curiosidade do público. 

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O legado de Crystal Lake

45 anos depois, não é exagero dizer que Sexta-Feira 13 alimentou a fome de slashers dos anos 80. É claro que não demorou muito para que uma sequência fosse produzida, com Sexta-Feira 13 – Parte II chegando aos cinemas menos de um ano depois. O filme transformou-se assim em um marco definitivo das sequências cinematográficas, dando origem a uma franquia composta por 12 longas, além de histórias em quadrinhos, séries de televisão, videogames e livros, como Sexta-Feira 13 – Arquivos de Crystal Lake, publicado no Brasil pela DarkSide® Books.

Com a produção das sequências o antagonista do filme se tornou o próprio Jason Voorhees, que inexplicavelmente assumiu uma fisionomia adulta para continuar o legado de sua mãe e punir campistas desavisados. Nas décadas que se seguiram, Jason mudou algumas vezes de visual, adotando sua icônica máscara de hóquei no terceiro filme, matou mais de cem indivíduos, morreu algumas vezes, ressuscitou outras tantas, visitou Nova York, foi para o espaço e até entrou em uma briga com Freddy Krueger. ao longo de 45 anos, o filho da Sra. Voorhees, o qual inicialmente era apenas o catalisador da carnificina do primeiro filme, se tornou um dos maiores ícones do cinema de terror. Tudo isso graças a um slasher com um título cativante, concebido inicialmente como uma mera cópia de Halloween. 

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De certa forma, o primeiro Sexta-Feira 13 estabeleceu a mitologia e a base para todas as sequências que vieram em seguida, deixando sua marca no cinema oitentista e no gênero do terror. Embora o filme sofra um pouco com o teste do tempo, principalmente com seu baixo orçamento saltando aos olhos, e a franquia tenha se tornado sinônimo de Jason Voorhees, ele ainda tem seus encantos, não possuindo um único momento entediante. Com uma reviravolta que pegou os espectadores desprevenidos, muito sangue e uma trilha sonora memorável, Sexta-Feira 13 não apenas se transformou em um enorme sucesso de bilheteria, mas também um fenômeno da cultura pop e um nome familiar quando o assunto são filmes slashers, assassinos mascarados e acampamentos malditos. O legado do filme é tão grande que recentemente foi anunciado que a esperada série Crystal Lake, um prólogo para os eventos do primeiro longa, seria enfim produzido com Linda Cardellini interpretando a Sra. Voorhees. 

Com exceção da refilmagem de 2009 e do crossover Freddy x Jason, o longa de 1980 ainda é a maior bilheteria da franquia. 45 anos depois, Sexta-Feira 13 se transformou em um nome conhecido entre o público, conquistando gerações de fãs que aguardam ansiosamente pelos próximos capítulos dessa saga. Afinal, mesmo sabendo dos perigos que nos aguardam por lá, mal podemos esperar para retornar para o infame acampamento sangrento conhecido como Crystal Lake. 

jason sexta-feira 13

LEIA TAMBÉM: Crystal Lake: Linda Cardellini entra para a série

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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