Você pode resumir em poucas palavras que Frances Hardinge é uma escritora que usa um chapéu preto – simplesmente por senso de aventura. Há rumores de que ela seja feita completamente de veludo e fontes próximas a ela, que preferem não se identificar, sugerem que ela possui uma irmã gêmea malvada, que se veste de branco e não usa chapéu. Porém, esta informação não pode ser confirmada.
Esta divertida definição da escritora está no próprio site de Hardinge, o que sugere o tom de alegre da autora de As Crônicas das Sombras e como ela própria pode ser uma personagem. Criada na área rural de Kent, na Inglaterra, “onde os ventos uivavam”, Frances Hardinge sempre gostou de histórias sombrias.
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Com apenas seis anos de idade, a pequena Frances escreveu um conto que envolvia tentativa de envenenamento, morte encenada e um vilão que era jogado de um penhasco – e tudo isso em apenas uma página! Conforme cresceu, continuou cercada de influências macabras, como as torres medievais e as capelas com gárgulas da Universidade de Oxford.
A autora afirma que quando era criança costumava ser “incrivelmente tímida” e um pouco estranha. “Tecnicamente eu ainda sou tímida, mas me tornei muito melhor em fingir que não sou”, explicou em uma entrevista ao jornal inglês The Guardian.
Toda esta insegurança não a ajudou quando a pequena Frances sofria bullying nas aulas de gramática em Kent. A escritora explica que toda esta timidez nunca foi completamente embora, mas que é algo que não a paralisa mais. “Eu até consigo falar na frente de centenas de pessoas e aparentemente eu também consigo aparecer na TV e no rádio e até falar com jornalistas”.
Frances Hardinge vê estas inseguranças como algo típico da idade e este é um dos motivos que a incentiva a escrever para audiências mais jovens. “Eu acredito que com 12 anos de idade você é consideravelmente subestimado. Entre os 10 e os 12 anos o seu entendimento do mundo começa a tomar forma e a amadurecer bastante. Você questiona muito mais, você vê as falhas dos seus pais, que não são mais infalíveis e, por consequência, você questiona o mundo lá fora, as autoridades e todo o resto. Eu considero este um importante rito de passagem além de, claro, você estar mudando fisicamente também”.
Apesar de já ter dado seus primeiros passos na escrita de ficção ainda criança, a carreira de escritora não se deu de forma natural para Hardinge. Antes de publicar livros, ela trabalhou como redatora técnica em uma empresa de software.
Mesmo com outra profissão, ela continuou escrevendo. Mas a sua carreira começou graças à amiga e também escritora Rhiannon Lassiter “ter roubado seu romance e entregá-lo a um editor na Macmillan”, conforme descrito no site da autora. Ela foi rapidamente contratada para escrever Fly by Night, sua primeira publicação, que lhe abriu as portas para trabalhar como romancista em período integral. O livro foi lançado em 2005.
Em pouco mais de uma década como escritora de ficção infantojuvenil, Frances Hardinge publicou nove livros, além de diversos contos publicados em revistas e antologias. Em 2015 ela ganhou o Prêmio Costa de Livro do Ano, um feito raro para obras dedicadas ao público infantil. Por As Crônicas das Sombras ela foi premiada com o Dracula Society’s Children of the Night Award na categoria de ficção gótica.
Apesar da experiência de 15 anos como escritora e das diversas premiações que venceu ou foi finalista, Frances Hardinge ainda tem muitas inseguranças: “Assim como muitos autores, eu tenho uma síndrome de impostor galopante: no meu entendimento eu apenas me infiltrei sorrateiramente na comunidade literária. A cada livro publicado eu tenho este medo aterrorizante de que vou ser desmascarada”.
Felizmente, milhares de leitores, editoras e a própria comunidade literária discordam do ponto de vista de Frances, reconhecendo seu trabalho que já foi traduzido para diversos idiomas. Mais do que uma autora de livros infantis, Frances Hardinge merece ser lida por audiências de todas as idades.
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