Uma jornada de esperança, fé e a ideia de que a vida pode melhorar um dia. É assim que Rafael Calça define Aurora, trabalho vencedor do 1º Prêmio Machado DarkSide na categoria Quadrinhos. A obra foi desenvolvida em parceria com o artista Diox e é inspirada nas histórias das mulheres das famílias dos dois quadrinistas.
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Rafael Calça é ilustrador e roteirista e possui ampla experiência na área. Ele já fez ilustrações para diversos livros e revistas, participou de coletâneas de quadrinhos, como Front e Quebra-Queixo: Techonorama e em 2013 lançou sua HQ independente Dueto. Além disso, ele participou de projetos envolvendo a Turma da Mônica para os projetos da linha MSP. O quadrinista foi responsável pelo roteiro da HQ de apresentação da personagem Milena. Em 2019, Calça recebeu os prêmios Angelo Agostini, HQ MIX e o Prêmio Jabuti pela obra Jeremias – Pele.
Aurora, quadrinho vencedor do Prêmio Machado, é uma graphic novel sensível e emocionante que mostra as batalhas e conquistas de três gerações de mulheres de uma família. A personagem que dá nome à história é a avó, que trabalha como empregada doméstica desde os 10 anos de idade. A trama é feita de sorrisos, dores e dramas capazes de transformar os leitores de forma poderosa.
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Em entrevista ao DarkBlog, Rafael Calça comenta um pouco de sua trajetória, inspirações e o que os leitores da Caveira podem esperar de Aurora.
DarkSide: Conta para a gente um pouco sobre você, sua carreira e amor pelos quadrinhos. Como tudo começou?
Rafael Calça: Os quadrinhos me aproximaram das histórias de uma forma forte. Entre a Turma da Mônica, super-heróis e tiras de jornal, via esse mundo colorido e cheio de possibilidades me atrair cada dia mais. Entre piadas e charges políticas, encontrei um lugar pessoal de criatividade. Daí, com 17, comecei a estudar na Quanta Academia de Artes. Fiz quatro anos de cursos lá, e conhecer profissionais da área, entender os mercados e as possibilidades me fez querer ainda mais contar minhas histórias.
D: De onde surgiu a inspiração para escrever Aurora?
RC: Veio da história de vida da minha avó Anna. Era algo cheio de azares e esperanças, que sempre me deixava triste e admirado. E não é algo único, é a vida da maioria das mulheres negras. Então, amarrei essa jornada numa ficção de esperança, de fé de que a vida pode ser melhor um dia. Porque a luta não é apenas por sobrevivência, é por fé em si em um mundo inimigo.
D: Como foi o processo de criação da obra, que é tão pessoal para você?
RC: Anotei tudo o que podia lembrar da vida da minha avó e da minha tia Silvia que amarraria um roteiro, acrescentando situações e lugares pertinentes às épocas. Há mais coisa que deixei de fora, mas o que está em Aurora é a essência. Conhecia Diox de um grupo de artistas negros, nos conhecemos em 2018. Ele também teve avó e mãe empregadas domésticas, sabia da verdade dos relatos do roteiro. E nos juntamos para contar essa história. Diox é um artista incrível, foi ótimo trabalhar com ele.
D: Em Aurora acompanhamos as batalhas e conquistas de três gerações de mulheres de uma família. O que os leitores da DarkSide podem esperar dessa leitura?
RC: Com certeza muita verdade sobre vivências ao longo de quase oito décadas. E talvez esse relato de vidas diferentes da deles amplie suas visões de mundo.
D: Em sua opinião, qual a importância de iniciativas como o Prêmio Machado para o mercado nacional?
RC: É tão bom quando editoras buscam novas narrativas, desejando olhares que vão além do que estamos acostumados. Fico muito feliz de fazer parte dessa história que se iniciou tão lindamente. Isso certamente irá inspirar mais autores a escrever suas verdades, renovando o mercado e atraindo novos tipos de leitores. E mais: reforça que as histórias em quadrinhos têm muito a dizer, que é uma mídia rica como qualquer outra e não está limitada a nada.
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