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De volta ao universo Dark

Série 1899 promete mais um quebra-cabeça para os fãs

13/09/2022

Alguns filmes e séries se apropriam de nossa mente com tamanha potência que nos sentimos órfãos quando finalmente lemos os créditos finais, do episódio final, da temporada final. Muitos de nós ainda se lembram de soltar o play na série alemã Dark pela primeira vez, sem expectativa alguma, e serem arrebatados para a pequena Winden e seus moradores peculiares.

Agradando a alguns e desagradando a outros, o fato é que a série se fechou, colapsando em si mesma, deixando nossas mentes atordoadas com o potencial criativo/inventivo de seus idealizadores. Desde então estamos sedentos por qualidade, verdade e por uma série que nos faça escapar da mesmice das produções modernas.

Eu, particularmente, tenho motivos para gostar dos números (vocês ainda entenderão essa parte), mas um deles perturbou minha tranquilidade nessa manhã cinzenta.

O número? 1899.

Dos mesmos criadores de Dark, a sinopse de 1899 diz o seguinte:

A série original gira em torno de um navio a vapor migrante indo para o oeste para deixar o velho continente, de Londres para Nova York. Os passageiros, uma mistura de origens europeias, estão unidos por suas esperanças e sonhos para o novo século e seu futuro no exterior. Quando eles descobrem outro navio migrante à deriva em mar aberto, sua jornada toma um rumo inesperado. O que eles encontram a bordo transformará sua passagem para a terra prometida em um pesadelo horrível.

Pela sinopse nos já temos duas pistas: horror e um novo quebra-cabeça, que se for tão interessante quando o proposto em Dark, já vale a visita. Mas a gente tem mais peças para colocar na mesa.

Segundos os showrunners da produção (Jantje Friese e Baran bo Odar), estamos na direção certa:

Nós não nos repetimos, nós realmente odiamos isso, mas vai ser um quebra-cabeça divertido para o público. Estamos voltando às nossas raízes misteriosas. Todos os passageiros do navio estão viajando com segredos que não querem revelar. É construído como um quebra-cabeça novamente. Sabendo que fizemos Dark, todos podem ter certeza de que isso será algo estranho, selvagem e louco.

[…]

Os oito episódios contam os eventos misteriosos durante a viagem de um navio emigrante da Europa para Nova York. Os passageiros das mais diversas origens aguardam com esperança o início do século.

Todos sonham com um futuro melhor no exterior. Quando eles descobrem um segundo navio em mar aberto que está desaparecido há meses, sua jornada toma um rumo inesperado. O que eles encontram a bordo transforma sua travessia para a terra prometida em um mistério de pesadelo. Uma teia de segredos parece amarrar o passado de cada passageiro.

Acho que todo maníaco por Dark (gente que, como eu, assistiu à série mais de cinco vezes) se lembra da linguagem, a alemã, e quem assistiu a série no idioma nativo certamente vivenciou uma experiência incrível, que de certa forma nos libertou, por algumas horas, do monopólio americano. Sobre essa pauta, os criadores de 1899 disseram:

Ser fiel às culturas e aos idiomas foi muito importante, nunca quisemos ter personagens de diferentes países, mas todos falam inglês, queríamos explorar esse coração da Europa, onde todos vêm de outro lugar e falam um idioma diferente, e o idioma define tanto de sua cultura e seu comportamento.

Acabamos de fazer uma leitura, em parte no Zoom, em parte com atores que estão aqui [na Alemanha], e foi uma experiência incrível ouvir todos falarem em seu idioma, indo do espanhol ao francês ao polonês, e tudo se encaixar. Espero que isso faça com que as pessoas que falam inglês aprendam e amem idiomas diferentes também.

1899 é pioneira em termos de compromisso com a autenticidade da linguagem. É emocionante fazer parte de um show verdadeiramente internacional. Haverá pontos na série em que os personagens terão problemas de comunicação por causa dos idiomas – não acho que seja algo que já vimos antes.

O que muitos de nós esperam da série é mais da aura sombria que permeou Dark, queremos mais daquela espécie de agouro quase depressivo, de uma certa desesperança que acompanhou cada diálogo, cada personagem. Pelo que vimos no teaser, podemos sim esperar algo incrível, com o mesmo teor de encanto hipnótico que nos derrubou em Dark. E para ser bem sincero, estou convencido que seremos atendidos.

Jantje Friese e Baran bo Odar já provaram que sabem chegar nos nossos dilemas mais íntimos, e que têm, como poucos criadores, a chave para os cômodos mais secretos de nossos corações e mentes.

As pessoas estão alheias à realidade, elas só veem o que querem ver.