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Olá, Sidney: Relembre a franquia Pânico

Slasher de Wes Craven continua mais vivo do que nunca

06/03/2023

ATENÇÃO: O POST A SEGUIR CONTÉM SPOILERS DOS FILMES DA FRANQUIA PÂNICO

Qual é o seu filme de horror favorito? É praticamente impossível não imaginar essa frase na robótica voz de Ghostface. O assassino mascarado criado por Kevin Williamson chegou um pouco mais tarde do que outros gigantes do horror, como Freddy, Jason e Michael, estreando nas telas em 1996. Mas logo ele ganhou seu espaço no hall dos grandes assassinos slashers. Convenhamos, hoje em dia é muito difícil falar de filmes de horror sem mencionar a franquia Pânico

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Dirigido por Wes Craven, Pânico foi o epicentro dos filmes de horror adolescente dos anos 1990. Para muito além de seu sucesso financeiro, o filme de 1996 se destacou por sua aderência, atenção e derradeira rejeição à fórmula dos slashers que fizeram sucesso na década de 1980. Ghostface e sua turma abriram as portas para que o subgênero fosse reformulado e alcançasse uma nova audiência. Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Lenda Urbana, Premonição… todos esses filmes devem um pouquinho de sua existência ao fenômeno chamado Pânico

O começo de tudo

Tudo começou com um roteirista chamado Kevin Williamson. Tentando sobreviver em Hollywood, Williamson escreveu um roteiro chamado Scary Movie [Filme de terror]. A inspiração veio em um especial de televisão sobre um assassino em série conhecido como o Estripador de Gainesville, que matou cinco estudantes entre novembro de 1989 e agosto de 1990.

Na época, Williamson estava cuidando da casa de um amigo e, assustado com o que estava vendo na TV, pensou ter escutado um barulho e decidiu vistoriar a casa com uma faca de açougue e um telefone na mão (parece familiar?). Enquanto fazia isso, ligou para o dono da casa e eles começaram a conversar sobre filmes de horror, testando seus conhecimentos. Nascia assim a ideia principal de Pânico

pânico
Dimension Films/Divulgação

O roteiro de Williams foi posteriormente vendido por 500 dólares à Dimension Films. Um agente de Hollywood então enviou o roteiro para Drew Barrymore, que ficou interessada. Com isso, a produção foi capaz de chamar à bordo o diretor Wes Craven, conhecido por filmes como A Hora do Pesadelo, que foi atraído pela chance de trabalhar com Barrymore e também de satirizar filmes de horror ao mesmo tempo em que fazia um (só para constar, ele já havia recusado o filme duas vezes). Lançado em dezembro de 1996, no meio da temporada de Natal, Pânico teve críticas positivas e se manteve no top 10 durante toda a primavera de 1997.

“Vocês viram filmes demais”: Pânico (1996)

A história todo mundo já conhece: na fictícia cidade de Woodsboro, Sidney Prescott, uma estudante de ensino médio, e seus amigos se tornam alvo de um misterioso assassino aficionado por filmes de horror. Além da participação inicial de Barrymore, o filme é protagonizado por Neve Campbell, ao lado de nomes como Courteney Cox, David Arquette, Matthew Lillard, Skeet Ulrich e Rose McGowan

Uma das maiores ironias de Pânico é que o enredo se passa em um universo onde filmes de horror existem e são consumidos pelos personagens! Diversas produções são mencionadas ao longo da história, especialmente Halloween, um dos pioneiros do subgênero slasher. Os DarkSiders, inclusive, já estão familiarizados com a franquia graças a Halloween: O Legado de Michael Myers, de Dustin McNeill e Travis Mullins.

halloween 1984

Usando da metalinguagem, o filme incorpora muitas das regras estabelecidas pelos slashers oitentistas. Elas são exemplificadas por Randy (Jamie Kennedy), em uma das melhores cenas do longa. Ele ensina que se você deseja sobreviver a um filme de horror, e consequentemente a Ghostface, precisa respeitar regras: nunca fazer sexo (é um grande NÃO!); nunca beber ou usar drogas e nunca, mas nunca falar “já volto”. Ao mesmo tempo em que incorpora muitos desses elementos, o filme reformula grande parte dos estereótipos populares dos anos 1980. Os personagens não estão apenas esperando para ser descartados, eles possuem personalidades únicas, como a dupla formada pela repórter Gale Weathers e o policial Dewey Riley, respectivamente Cox e Arquette.

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Isso fica evidente no estereótipo da garota final, vivida por Sidney. Ela só sobrevive, como também revida: salva o pai e os amigos, tortura psicologicamente Billy e Stu, que descobrimos serem os assassinos, joga uma TV na cabeça de Stu e esfaqueia Billy com um guarda-chuva. Além de tudo, ela quebra um dos grandes pilares das garotas finais dos anos 1980: a virgindade. Sidney escolhe transar com o namorado, mas isso não coloca um alvo em suas costas. 

O filme é recheado de frases e momentos icônicos, a começar pela abertura com Drew Barrymore como Casey. Na época, esperava-se que por ser o maior nome do elenco, Barrymore seria a protagonista e não a primeira a morrer. Outra cena memorável é a morte de Tatum, interpretada por Rose McGowan, que implora para não morrer porque quer estar na sequência, mas infelizmente termina amassada pelo portão da garagem. Há também o final em que Randy alerta que “o assassino sempre volta para um último susto” e Sidney responde “não no meu filme” dando mais um tiro em Billy. 

pânico
Dimension Films/Divulgação

“Eu quero estar na sequência”: Pânico 2 (1997)

Depois dos slashers dos anos 1980, o mundo do horror ficou um pouco traumatizado com sequências. Mas felizmente, Pânico 2 conseguiu quebrar essa maldição. Lançado em dezembro de 1997, o enredo traz os sobreviventes no mundo da universidade, sendo atormentados por uma nova onda de assassinatos.  

Assim como no primeiro filme, a cena de abertura é sensacional. Um casal, Maureen e Phil, interpretados por Jada Pinkett Smith e Omar Epps, vão assistir Stab, a adaptação cinematográfica do livro de Gale sobre os eventos do primeiro filme, em uma sala lotada por espectadores fantasiados de Ghostface. O filme começa com uma morte impactante: Maureen é esfaqueada e sobe ao palco para pedir ajuda, mas é ignorada, pois todos acham que é parte da publicidade da estreia. 

pânico 2
Dimension Films/Divulgação

Além de fazer um comentário à falta de diversidade no horror (“é mais um filme branco sobre um bando de garotas brancas e burras sendo assassinadas”), esta sequência inicial também brinca com a ideia de um filme dentro de outro filme, já que assistimos uma adaptação em que os personagens do primeiro longa são interpretados por outros atores. Pânico 2 parte dessa premissa, unindo dois mundos: o de Stab/filmes de horror com o de Sidney e seus amigos.

A metalinguagem continua aqui com uma ênfase na existência de sequências. Pânico 2 tem ciência de que é uma continuação e não tem vergonha disso. Os próprios personagens sabem que estão em uma, pois o assassino está seguindo as mortes originais e escolhendo novas vítimas com nomes iguais aos do primeiro filme. As ideias de Billy e Stu ainda estão presentes, com um dos assassinos sendo justamente a sra. Loomis, a querida mãe de Billy que quer vingança (em uma enorme homenagem à sra. Voorhees, a mãezona de Jason em Sexta-Feira 13). 

Além das inúmeras referências, incluindo uma debate sensacional sobre sequências, e de mais mortes memoráveis, como a de Randy, o filme segue duas histórias paralelas que acabam se mesclando. A de Sidney, com seu status de garota final e explorando algo que poucos filmes fazem: o que acontece com a sobrevivente após o filme? Como ela supera eventos tão traumáticos? E a de Gale e Dewey, que continuam flertando e estabelecendo terreno para um futuro relacionamento (vale lembrar que Cox e Arquette foram casados na vida real de 1999 até 2013). 

pânico 2
Dimension Films/Divulgação

Obedecendo às regras da trilogia: Pânico 3 (2000)

Entre o segundo e o terceiro Pânico, o tom voltado para filmes adolescentes mudou muito após a tragédia do massacre de Columbine em 1999, minuciosamente abordado por Dave Cullen no livro Columbine. Na época, a Dimension já estava trabalhando em um esboço para o terceiro filme, mas abandonou o rascunho original, investindo em um conceito mais cômico e centrado nas filmagens de Stab 3. Pânico 3 foi o primeiro filme da franquia em que Williamson não foi creditado como roteirista. Mais tarde, ele contou que sua visão era de que os assassinos seriam jovens de um fã clube da franquia Stab

Pânico 3 continuou com a ironia das sequências, mas adicionou a questão das trilogias. Aqui temos um dos pontos mais altos do filme: a volta de Randy. Não, infelizmente o personagem não ressuscita. Tendo antecipado sua própria morte, ele oferece um guia em vídeo para sobreviver: “Se você está lidando com uma história de origem inesperada, as regras da sequência não se aplicam – porque você não está lidando com uma sequência, mas com o capítulo final de uma trilogia e todas as trilogias são sobre voltar ao início e descobrir que algo não era verdade”.

pânico 3
Dimension Films/Divulgação

Entre participações especiais de peso, incluindo a da eterna princesa Leia (Carrie Fisher), o filme aborda a violência sexual dentro dos grandes estúdios, adicionando algo à mitologia da franquia: a história de Sidney começou muito antes dela nascer, com sua mãe Maureen Prescott. 

Apesar de frequentemente ser citado como o pior filme da franquia, Pânico 3 traz questões interessantes e é o único filme da franquia a possuir apenas um Ghostface. Em 2010, Matthew Lillard revelou em uma entrevista a existência de um enredo alternativo para Pânico 3, no qual Stu era o assassino, orquestrando tudo da cadeia. Contudo, algumas semanas antes das filmagens começarem, aconteceram os eventos em Columbine e essa ideia foi descartada. 

Nova década, novas regras: Pânico 4 (2011)

Mais de uma década após Pânico 3, Wes Craven questionou: o que levaria alguém a matar em 2011? Nascia assim Pânico 4, o último filme da franquia a ser dirigido pelo diretor, que faleceu em 2015. Resgatando muito dos elementos descartados em seu antecessor, o quarto filme aborda temas como violência adolescente e desejo pela fama

pânico 4
Dimension Films/Divulgação

Como sempre, a cena de abertura brinca com as nossas expectativas, inserindo um filme dentro de outro filme e de outro filme e de outro filme (deu para entender, né?), tirando sarro das sequências de Stab em uma óbvia cutucada às continuações infinitas do horror.

Seguindo uma diferente geração de adolescentes, o filme mostra o retorno de Sidney à em Woodsboro para lançar seu livro, apenas para presenciar novos assassinatos. Além do retorno de Gale e Dewey (finalmente casados!), Pânico 4 apresenta um jovem elenco liderado por Emma Roberts, como Jill, e Hayden Panettiere, como Kirby, apresentando personagens carismáticos e interessantes.

pânico 4
Dimension Films/Divulgação

Em meio a acaloradas conversas sobre produções de horror, dessa vez é abordado o clichê das refilmagens. Afinal, como descobrimos nos motivos do assassinos, os eventos de Pânico 4 propõem um remake, não uma sequência. E como toda boa refilmagem, existem novas regras que precisam ser seguidas. Tudo isso contribui para um filme dinâmico que adquire novos ares, mas não deixa de lado a essência da franquia. 

Pânico 4 também discute uma cultura obcecada por fama e pelas mídias sociais. A grande reviravolta acontece quando descobrimos que Jill, a prima de Sidney, é a verdadeira vilã, tendo sonhado a vida inteira em receber atenção de uma garota final. Ela só não esperava encontrar uma competidora à altura, afinal não é à toa que Sidney sobreviveu por três filmes. A mensagem é clara: “Nunca mexa com o original”.

pânico 4
Dimension Films/Divlgação

Sempre é alguém conhecido: Pânico 5 (2022)

Quando todos achavam que a franquia estava enterrada, veio a notícia de que Ghostface iria retornar. Embalado pelo sucesso de Halloween (2018), Pânico 5 (ou apenas Pânico, como foi intitulado) voltou aos cinemas em 2022. Quem assumiu a direção foi a dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, conhecida por Casamento Sangrento.

Vinte e cinco anos após os assassinatos originais de Woodsboro, um novo Ghostface persegue um grupo de adolescentes, que estão ligados aos eventos do primeiro filme. Com o retorno do trio original, o filme traz uma nova geração para assumir o legado, comandada por Melissa Barrera e Jenna Ortega

Pânico 5
Paramount/Divulgação

Pânico 5 foca na recente moda de reboots e de sequências legado, ao mesmo tempo em que funciona exatamente como uma. Esqueça as regras de sequências, trilogias ou remakes, agora o que funciona são as regras de uma “requel, ou seja, de uma continuação que deriva diretamente do roteiro original, com a participação dos chamados personagens legados, ao mesmo tempo em que estabelece uma nova história. Quem nos explica tudo isso é Mindy, que representa muito bem seu tio Randy como a especialista em horror do grupo. 

Para mudar a dinâmica das coisas, uma surpresa na sequência inicial: pela primeira vez, ninguém morre! A personagem de Ortega, Tara, vai parar no hospital, mas sobrevive ao seu primeiro encontro com Ghostface, algo até então inédito na franquia. Com a apresentação de novos rostos, os fãs também se despediram de um querido personagem, que protagoniza a cena mais triste do filme.

pânico 5
Paramount/Divulgação

Ao mesmo tempo em que se insere no legado da franquia, Pânico 5 aborda temas como fãs tóxicos e o chamado “horror elevado”. O sucesso do filme provou apenas uma coisa: Ghostface está mais vivo do que nunca

Ghostface ataca Nova York: Pânico 6 (2023)

Adeus, Woodsboro! Olá, Nova York! Não demorou para que fosse anunciado um novo filme de Pânico. Afinal, o que seria do cinema de horror sem sequências, não é mesmo? Com o lançamento previsto para 9 de março de 2023, Pânico 6 traz mudanças na franquia, sendo a mais impactante o fato de que Neve Campbell não irá retornar como Sidney, devido a discordâncias sobre seu salário, o que torna este o primeiro filme sem a personagem principal.

Do trio original, temos apenas o retorno de Courteney Cox como Gale. Já de Pânico 5 retornam Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding. Para grande surpresa dos fãs, outro retorno muito aguardado foi o de Hayden Panettiere como a carismática Kirby de Pânico 4. Além disso, entraram para o elenco nomes como Dermot Mulroney e Samara Weaving.

Pânico 6
Paramount/Divulgação

Novamente dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, com produção executiva de Kevin Williamson, o sexto filme acompanha os sobreviventes tentando começar uma nova vida na cidade de Nova York. Eles apenas não esperavam ser acompanhados por um novo (ou novos?) Ghostface.

Apesar dos trailers já liberados, não se sabe muito sobre o desenrolar da história, mas segundo divulgado pela Paramount, Nova York exige sustos, surpresas e reviravoltas ainda maiores. Entre as cenas que deixaram os fãs arrepiados estão uma em um covil secreto de Ghostface e outra dentro do metrô. Será que estamos preparados para o que vem por aí?

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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