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8 Curiosidades macabras do filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma

Clássico de Zé do Caixão está no catálogo do Telecine

15/09/2023

Marco do cinema de terror nacional, Zé do Caixão é um personagem que no imaginário popular acabou se confundindo com seu criador, o cineasta José Mojica Marins. Pioneiro do gênero no país, Marins alcançou reconhecimento internacional e é homenageado até hoje em edições especiais de seus filmes.

O filme que iniciou toda a mitologia em torno de Zé do Caixão — Coffin Joe para os gringos — foi À Meia-Noite Levarei Sua Alma, lançado em 1964. Os corajosos que quiserem conferir o clássico do terror trash nacional não precisam fazer pacto e nem recorrer a meios escusos: o filme está no catálogo do Telecine, pronto para assombrar seus piores pesadelos.

No longa, acompanhamos a história do cruel e sádico Zé do Caixão, um coveiro temido e odiado pelos moradores da cidade. Ele está obcecado em gerar o filho perfeito para dar continuidade à sua linhagem. Como sua parceira não consegue engravidar, ele põe na cabeça que a namorada do seu melhor amigo seria a progenitora ideal. Isso desencadeia atos cruéis do personagem e um desejo de vingança mortal.

Para conhecer melhor essa pérola do terror nacional, a Caveira separou algumas curiosidades pra lá de macabras:

1. O nascimento de um ícone

À Meia-Noite Levarei Sua Alma é um filme essencial para os amantes do terror nacional porque marcou a estreia do personagem Zé do Caixão. O personagem depois estrelaria vários outros filmes do diretor, além de fazer aparições em outras produções.

2. De onde surgiu Zé do Caixão?

Uma figura tão peculiar só poderia ter saído da mente fértil de alguém como José Mojica Marins. Segundo o cineasta, o Zé do Caixão nasceu de um de seus pesadelos: um homem de capa preta e cartola o arrastava para um túmulo que continha sua data de morte. Ele, é claro, acordou em pânico e não conseguiu mais dormir — mas anotou tudo.

3. Tudo pelo sonho e filmagem express

Assistindo hoje em dia, em um mundo com blockbusters caríssimos de Hollywood, dá pra perceber que À Meia-Noite Levarei Sua Alma é um filme de recursos modestos. Mas nem todo mundo sabe que José Mojica Marins vendeu a própria casa e o carro para financiar o projeto. A produção também se desenvolveu em tempo recorde: o longa foi filmado em apenas treze dias.

4. Sucesso de público…

Hoje o longa é reconhecido como um marco do terror nacional — muitas vezes sendo considerado o primeiro filme do gênero no país — e figura na lista de melhores filmes nacionais de todos os tempos da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Mais do que um reconhecimento histórico, À Meia-Noite Levarei Sua Alma também fez sucesso no lançamento: um teatro no centro de São Paulo chegou a deixar o filme em exibição por quatro meses.

5. … mas só pra quem pode assistir

Vale lembrar que o longa foi lançado em um momento em que o Brasil havia dissolvido o conselho nacional de censura, deixando tais decisões a cargo de cada estado. Por causa disso, o filme foi completamente banido em alguns estados por causa da violência extrema e por considerarem seu conteúdo uma blasfêmia.

6. Deu origem a uma trilogia

Graças ao sucesso e aos sonhos ambiciosos do cineasta, o filme de estreia ganhou duas continuações diretas, protagonizadas por Zé do Caixão: Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967) e Encarnação do Demônio (2008). Apesar do terceiro filme ter sido lançado décadas depois, todos eles retratam a busca incansável do personagem pela mulher perfeita para gerar seu descendente.

7. Perrengue no bastidor #1

Com exceção de duas cenas externas, o longa foi inteiramente rodado dentro de um estúdio de menos de 60 metros quadrados — praticamente um loft. Mas esse nem é o perrengue principal: alguns membros da equipe foram presos quando foram descobertos derrubando árvores no centro de São Paulo. O motivo? As árvores estavam sendo usadas como parte do cenário.

8. Perrengue no bastidor #2

Como se o espaço apertado e o crime ambiental não fossem o suficiente, a equipe certo dia se recusou a filmar uma cena porque não havia luz solar suficiente. Diz a lenda que Marins os obrigou a filmar a cena apontando uma arma para o cinegrafista. Vários membros da equipe confirmaram a história e em uma das poucas ocasiões em que o cineasta comentou o episódio, o criador de Zé do Caixão alegou que era uma arma de brinquedo. Eu, hein?

A Caveira desenterrou os arquivos deste controverso e pioneiro cineasta no livro Zé do Caixão: Maldito, a Biografia, um registro completo da vida e obra deste que é até hoje um dos grandes mestres do terror em todo o mundo e que a DarkSide se orgulha em ter como padrinho. Que tal conferir de perto essa obra maldita dando o play lá no Telecine?