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O hall da infâmia dos antídotos

A Medicina Macabra de neutralizar venenos

19/09/2023

Vivemos em um mundo venenoso. Substâncias tóxicas e potencialmente letais não são apenas reservadas aos animais peçonhentos e aos assassinos dos livros da Agatha Christie. O arsênico pode estar no solo; o monóxido de carbono, no ar; o chumbo, nas bebidas e o cianeto pode espreitar em uma deliciosa refeição.

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Diante de tantos perigos, não é de se surpreender que os humanos tenham, ao longo dos tempos, buscado antídotos para tais venenos. A procura por um antídoto universal, a cura para todo o mal, é algo que permanece até hoje e que você pode facilmente encontrar em páginas e vídeos de gente que promete curas milagrosas pela internet.

Hoje já dispomos de avanços científicos que nos permitem distinguir o que é antídoto do que é só uma história da carochinha, mas nem sempre as coisas foram assim. O segundo volume da coleção Medicina Macabra mergulha nas charlatanices que já foram encaradas como medicinais, por mais absurdas que elas soem hoje em dia. 

medicina macabra

Os antídotos para venenos não escaparam da regra e a lista das possíveis curas chega a ser cômica — pelo menos hoje em dia, naqueles tempos você jamais sairia pra uma trilha no meio do mato sem levar um chifre no bolso. Conheça algumas das possibilidades que eram levadas a sério:

1. Bezoares

Talvez o nome não lhe soe muito familiar, mas o bezoar é basicamente uma massa de comida não digerida encontrada nos tratos digestivos de animais como cervos, porcos-espinhos, peixes e, claro, seres humanos. Quem tem gato já deve ter encontrado alguns deles por aí: as famosas bolas de pelo, chamadas de tricobezoar.

Com uma aparência de pedra, seu uso era frequentemente justificado por alguma lenda mirabolante. Bezoares eram desejados por ricos e nobres que vivam sob ameaças de assassinato. Em alguns casos, eles eram banhados a ouro e usados como amuletos — um amuleto bem nojento, mas pelo menos brilhava.

bezoar

Bezoares eram utilizados contra febre, picada de cobra, hemorragias, icterícia e melancolia (!). Seus adeptos costumavam raspar pequenas lascas e adicioná-las às suas bebidas para supostamente prevenir doenças cardíacas e pedras nos rins. Só que esses tônicos também continham substâncias como mercúrio e antimônio, que causavam vômitos e diarreias. Para os consumidores dos bezoares, essa era mais uma prova da sua eficácia. Vai entender.

2. Mitridatos

Fãs da Kelly Clarkson sabem que “o que não te mata te fortalece”. Só talvez não saibam que a frase foi popularizada pelo rei Mitríades mais ou menos um século antes de Cristo. Seu nome deu origem a um antídoto batizado mitridatos. A lógica do rei? Consumir todos os dias pequenas doses de veneno com a intenção de “acostumar o corpo” e prevenir o próprio assassinato. Seu acervo venenoso continha espinhas de arraia, cogumelos tóxicos, escorpiões, venenos minerais e um jardim repleto de plantas venenoas… mas a receita de seu antídoto se perdeu com o tempo.

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Porém, várias versões da receita do rei foram criadas e associadas a ele. A maior parte delas tinha uma lista longa (e cara) de ingredientes como íris, cardamomo, anis, olíbano, mirra, gengibre e açafrão. A mistura foi até acusada de exibicionismo pela sua extravagante combinação, mas isso não impediu que ela fosse misturada com mel e consumida em pequenas doses para proteger a saúde. Praticamente um shot da imunidade dos tempos antigos.

3. Chifres

Você provavelmente já leu alguma obra de fantasia em que chifres de unicórnio são tratados como antídotos poderosos. Só temos um probleminha aqui: unicórnios não existem (sim, eu sei, estou tão arrasada quanto você). Por causa disso, animais verdadeiros foram sacrificados e tiveram seus chifres removidos ao longo do tempo, como o rinoceronte, o narval (sim, o do nosso livro Narval: O Unicórnio dos Mares) e o órix — tudo isso por causa da ilusão humana de que algum animal fosse milagroso.

unicórnio
Como seria o mundo se não tivessem extinguido os unicórnios pra roubar seus chifres

Acreditava-se que o ato de se beber usando uma taça feita de chifre de unicórnio (!) neutralizaria venenos e que ferimentos pudessem ser curados ao simplesmente segurar um chifre próximo a eles — conheço alguns toureiros que discordariam desse último.

4. Pérolas

Mais do que objetos de desejo na joalheria, pérolas foram consideradas poderosos antídotos por algum tempo. Por mais belas que elas sejam, suas propriedades medicinais são tão úteis quanto comprimidos antiácido farináceos: ambos são feitos basicamente de carbonato de cálcio. Ou seja, pode até dar algum alívio depois de comer algo muito apimentado, mas não tem nada de remédio milagroso aqui.

Pearl
A24/Divulgação

O pó de pérola tem sido utilizado tradicionalmente na medicina chinesa para tratar uma série de doenças. Até aqui tudo bem (eu acho), o problema é que acreditavam que quem o tomasse se tornaria imortal. Mais uma pérola dos nossos arquivos de Medicina Macabra.

5. Triaga

Essa mistura de ervas possivelmente teria sido inspirada na receita de Mitríades por Andrômaco, responsável pela saúde do imperador Nero. Só que aqui a lista de ingredientes foi mais longe, com cerca de setenta itens que incluíam canela, ópio, rosa, íris, alfazema e acácia, tudo isso misturado com mel. 

medicina macabra 2

No século XXII a triaga produzida em Veneza era considerada especial, e o melaço veneziano se tornou uma mercadoria cobiçada. No século XVIII o mel foi substituído por um “xarope dourado”, que era mais barato. O consumo da triaga foi caindo em desuso, mas os xaropes seguem firmes e fortes por aí.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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