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Os Doze Macacos previu a pandemia?

Filme de Terry Gilliam tem uma semelhança perturbadora com a realidade

28/11/2023

Em dezembro de 1995 Os Doze Macacos chegou aos cinemas. A ficção científica dirigida por Terry Gilliam e estrelada por Bruce Willis apresenta um futuro aterrorizante, mas que ainda assim é surpreendentemente plausível. Especialmente quando pensamos no filme hoje em 2023.

A história os DarkSiders já conhecem e podem inclusive relembrar em Os Doze Macacos, novelização de Elizabeth Hand e lançamento da Caveira. Em 2035, a grande maioria da população mundial foi exterminada por um vírus mortal, que tornou a superfície do planeta inabitável, forçando os sobreviventes a se refugiar no subterrâneo. É aqui que entra James Cole, um prisioneiro interpretado por Willis, que é enviado de volta ao passado — para a década de 1990 — para encontrar o vírus original e possibilitar que os cientistas do futuro desenvolvam uma cura.

Além de abordar questões fascinantes sobre a memória e contar com performances de tirar o chapéu, Os Doze Macacos continua chamando nossa atenção pela abordagem de uma pandemia viral. Depois da covid-19 nosso presente se aproximou do futuro habitado por James Cole de formas que jamais poderíamos imaginar. Mas então surge a difícil questão: o filme de Terry Gilliam previu a pandemia?

A resposta é: teoricamente não. Afinal, seria impossível o longa prever exatamente o que iria acontecer quase 25 anos depois de seu lançamento. Certo? No entanto, o que Os Doze Macacos faz de forma magistral é se conectar e dar voz às preocupações que estão no ar há muito, muito tempo. E que continuam até hoje sem solução.

Nos anos que se passaram, nossa civilização foi confrontada com uma onda de desastres naturais, crises climáticas, superpopulação, guerras, doenças e inúmeros outros problemas que já estavam sendo anunciados há alguns anos. Isso com certeza nos faz voltar continuamente anos para Os Doze Macacos com um novo olhar.

No entanto, o jogo virou mesmo com a covid-19. A pandemia que causou milhões de mortes e uma crise sanitária e humanitária de proporções gigantescas fez muitos espectadores encararem a história pela primeira vez, enquanto outros a revisitaram. Nas palavras do produtor Charles Roven, Os Doze Macacos ganhou uma “vida totalmente nova”.

As semelhanças entre a pandemia retratada em Os Doze Macacos e a presenciada por nós com a covid-19 realmente são assustadoras. A premissa de um vírus mortal que se espalha rapidamente entre a população causando uma doença misteriosa que ainda não possui cura certamente ganhou uma nova dimensão depois de 2019. Mas isso não significa necessariamente que o filme de Gilliam contou com algum poder sobrenatural dizendo o que aconteceria no futuro.

O cinema e a literatura há muito especulam como será o fim do mundo. As escolhas, é claro, variam de autor para autor, de década para década. Por exemplo, os roteiristas de Os Doze Macacos, Janet e David Peoples, comentaram que uma de suas inspirações foi a notícia de que um grupo de cientistas planejava se aventurar em um solo na região do Ártico para procurar amostras da gripe espanhola. O objetivo? Sequenciar seu genoma, estudá-lo e aprender a evitar novas pandemias. Vale lembrar que no início do século XX a gripe espanhola causou a morte de milhões de pessoas, se espalhando de forma rápida e letal.

O ponto central é que ao longo da história nossa sociedade presenciou e sofreu algumas vezes as consequências das pandemias e epidemias virais. Isso fez com que muitas obras de ficção voltassem para elas, afinal parecia que nunca aprendemos com esses rastros de destruição. Antes de Os Doze Macacos, tivemos o longa Epidemia, lançado em março de 1995, e o livro The Hot Zone do jornalista Richard Preston, publicado em 1994. A preocupação estava ali e a ficção foi extremamente competente em dar voz à ela. Era urgente que escutássemos e aprendêssemos

No entanto, por muito tempo não demos ouvidos a esses sinais. Afinal, sejamos sinceros, para grande parte da população mundial uma pandemia não era uma preocupação urgente. Pensando em termos de Os Doze Macacos, era como se estivéssemos engajados em uma busca fraudulenta, procurando o problema no lugar errado, ao invés de olhar para as verdadeiras ameaças.

Desta forma, é muito difícil estabelecer se o filme “previu” ou não a pandemia. Para começo de conversa, hoje olhamos para a história de uma maneira muito diferente, modificados por nossas próprias experiências com a covid-19. Somos diferentes e encaramos as coisas de maneiras diferentes, como o próprio James Cole comenta no filme

Agora, o que podemos afirmar, sim, é que Os Doze Macacos ressoou de maneira única com preocupações vigentes e atuais em 1995 — que continuam vivas até hoje —, alertando para o que poderia acontecer a partir de um embasamento histórico e científico. Foi justamente isso o que lhe conferiu esse status de “vidente”. Porque, sejamos sinceros, seria muito bom se pudéssemos descobrir o futuro por meio de filmes e livros, não é mesmo?

Foram todos esses fatores combinados que tornaram o filme e o livro de Elizabeth Hand, lançamento da Macabra com a DarkSide® Books, uma história tão relevante e atual. O tempo foi gentil e apenas valorizou a narrativa, que hoje ganhou novos contornos. E, bem, se tem algo que Os Doze Macacos pode afirmar em alto e bom tom é: Eu avisei.