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Conheça 5 autoras de Damas Ferozes

Vozes poderosas que atravessaram eras

29/07/2024

Ao longo da história, as mulheres recorreram à escrita pelos mais diferentes motivos. Lidar com dores e anseios, questionar as sociedades rígidas e excludentes em que estavam inseridas, sobreviver a tempos difíceis, ganhar voz e dar asas à imaginação são apenas alguns deles. Contudo, independente de qual era sua motivação, muitas delas encontraram nessas narrativas formas de simbolizar a época em que viviam, imprimindo em tais histórias suas observações, ideias, questionamentos e subjetividades sobre o que era ser mulher e viver em determinado período histórico. 

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É claro que os tempos nem sempre foram fáceis (na verdade, eles raramente são) e tempos ferozes exigem Damas Ferozes. Enfrentando dificuldades, controles e expectativas sobre quem deveriam ser e como deveriam agir, estas mulheres eternizaram suas vozes e opiniões em tramas de suspense, romance e bravura que servem de inspiração até hoje. E é justamente isso que a coletânea Damas Ferozes traz ao leitor. Lançamento da DarkSide® Books em parceria com a Wish, a obra reúne 12 contos clássicos e raros de diferentes autoras feministas oriundas de territórios e épocas distintas, mas que atravessaram o tempo e continuam impactando nos dias atuais. Para celebrar a potência dessas mulheres presentes em Damas Ferozes, a Caveira separou 5 delas para você conhecer melhor:

Edith Nesbit (1858 – 1924)

Nascida em 15 de agosto de 1858, em Kennington, Inglaterra, Edith Nesbit é considerada uma das primeiras escritoras de livros infanto-juvenis, tendo publicado mais de sessenta livros do gênero ao longo de sua carreira e influenciado uma geração de outros escritores. Devido a uma infância nômade, Nesbit começou sua carreira literária aos 16 anos, escrevendo histórias de horror e romances que abordavam o movimento socialista na Inglaterra. Seu interesse político persistiu durante a vida adulta, refletindo em sua carreira como escritora autossustentável. A autora foi, inclusive, uma das fundadoras da Sociedade Fabiana, uma organização socialista que mais tarde seria conectada ao Partido Trabalhista da Inglaterra. 

edith nesbit

Inspiradora e enfrentando grandes tragédias, como a perda da irmã e do filho de 15 anos, Nesbit se via frequentemente em meio a “escândalos” devido ao seu estilo de vida e seus ideais, os quais defendia ardentemente. Além de ser uma socialista comprometida, a escritora chocou a sociedade vitoriana ao casar grávida de sete meses com o ativista político Hubert Bland, com quem viveu um casamento pouco tradicional, com filhos fora do matrimônio por parte de Bland e com uma de suas amantes (e amiga de Nesbit) morando junto com o casal.

Relutante em se encaixar nos padrões de feminilidade e moda da época, Nesbit também trajava roupas mais largas e de estilo diferente, além de escrever ferozmente contra a pobreza e criar seus quatro filhos livremente pelo jardim de sua casa, a qual era um reduto animado para jovens escritores, artistas e ativistas políticos. Generosa com seu tempo, dinheiro e entes queridos, a autora era responsável por sustentar a família com sua escrita, dedicando-se integralmente à poesia e posteriormente à narrativas fantásticas, povoadas por criaturas mágicas, que encantaram gerações de leitores e a tornaram um fenômeno literário. Faleceu em 4 de maio de 1924 aos 65 anos. 

Charlotte Perkins Gilman (1860 – 1935)

Nascida no dia 3 de julho de 1860 em Hartford, Connecticut, Charlotte Perkins Gilman foi uma escritora, palestrante, filósofa, economista e ávida defensora dos direitos domésticos das mulheres e do sufrágio feminino. Ainda quando criança, sua família foi abandonada pelo pai, que deixou a esposa e os filhos na miséria. Apesar de ter recebido pouca educação formal em sua juventude, Charlotte se tornou autodidata e posteriormente frequentou a Rhode Island School of Design por dois anos, enquanto trabalhava em diferentes locais para se sustentar. Em 1884, se casou com o artista Charles W. Stetson, com quem teve sua única filha, Katherine, no ano seguinte. No entanto, tendo dificuldades com a rotina do casamento e da maternidade, Charlotte sofreu de uma severa depressão pós-parto. A experiência a inspirou a escrever uma de suas histórias mais famosas, “O Papel de Parede Amarelo”, presente em Damas Ferozes

charlotte perkins gilman

Algo bastante incomum para a época, em 1888 se mudou com a filha para a Califórnia buscando melhorar a saúde. Em 1894, se divorciou do marido e, acreditando na igualdade de direitos parentais, enviou Katherine para viver com ele e sua nova esposa. Ao longo da vida, Charlotte escreveu e deu palestras sobre feminismo, casamento, reforma social e o papel da mulher na sociedade. Defensora da independência econômica das mulheres e da igualdade de gênero, a autora acreditava que as mulheres não deveriam ser as únicas sobrecarregadas com os afazeres domésticos, utilizando suas habilidades e inteligência para beneficiar a si mesmas e à sociedade.

Com o passar dos anos, escreveu e publicou poemas, contos, livros de não ficção, novelas utópicas e comandou sua própria revista, a The Forerunner, tornando-se uma referência no campo do feminismo. Infelizmente, após ser diagnosticada com um câncer incurável, Charlotte tirou a própria vida em 17 de agosto de 1935 aos 75 anos de idade.

Edith Wharton (1862 – 1937)

Nascida em 24 de janeiro de 1862 em Nova York, Edith Wharton se tornou a primeira mulher a receber um Prêmio Pulitzer de Ficção. Oriunda de uma família rica, Edith passou grande parte da infância na Europa, onde desenvolveu um talento para as línguas e uma enorme apreciação pela arte, arquitetura e literatura. Sua jornada literária começou com o retorno a Nova York em 1872, incentivada pelos próprios pais. Aos 16 anos, a jovem publicou seu primeiro volume de poemas e, em seguida, aos 17, fez seu debute no mundo da alta sociedade, a qual posteriormente seria criticada em suas obras pela futilidade e privilégios.

edith wharton

Após perder o pai em 1882 e sofrer duas decepções amorosas, Edith tinha 23 anos e estava começando a ser vista como uma “solteirona”, até que em 1885 se casou com Edward “Teddy” Robbins Wharton. Enquanto vivia em Newport com Teddy, preencheu sua vida com viagens, casas e cachorros. Foi nessa época que aperfeiçoou suas habilidades de design, lançando em 1897 seu primeiro grande projeto literário sobre arquitetura: The Decoration of Houses em parceria com Ogden Codman Jr. Em 1913, Edith se divorciou de Teddy e se mudou permanentemente para a França, país que já frequentava com o ex-marido.

No início da Primeira Guerra Mundial, a autora já era uma mulher rica, famosa e livre, tendo publicado algumas de suas maiores obras, como The House of Mirth (1905) e Ethan Frome (1911). Em vez de voltar para a Inglaterra ou Estados Unidos, Edith escolheu permanecer na França se dedicando à criação de redes beneficentes e assistência humanitária. Utilizando sua riqueza e privilégios, criou locais de trabalho para costureiras desempregadas, hospitais para pessoas afetadas pela tuberculose, albergues para refugiados e escolas para crianças.

Além disso, Edith estava determinada a testemunhar as realidades da guerra e foi uma das poucas escritoras permitidas na linha de frente. Em 1916, recebeu a Ordem Nacional da Legião de Honra da França por seu trabalho durante o conflito. Com o fim da guerra, continuou escrevendo e em 1921 lançou seu premiado romance A Época da Inocência, o qual lhe tornou a primeira mulher a receber um Prêmio Pulitzer de ficção. Pelo resto da vida, Edith se dedicou aos amigos e cães, pelos quais era apaixonada, dividindo seu tempo entre a escrita, viagens e jardinagem. Em 1923, recebeu um doutorado honorário em Letras pela Universidade de Yale e nos anos de 1927, 1928 e 1930 foi indicada ao Nobel de Literatura. Faleceu em 11 de agosto de 1937, aos 75 anos em sua casa na França. 

Frances W. Harper (1825 – 1911)

Frances Ellen Watkins Harper não apenas foi um dos nomes mais importantes do mundo literário do século XIX, como também uma das figuras mais significativas na luta sufragista dos Estados Unidos. Nascida em 24 de setembro de 1825 em Baltimore, Maryland, Frances era filha única de pais libertos e ficou órfã aos 3 anos de idade, sendo criada então pelos tios, Henrietta e William Watkins. Seu tio era um proeminente abolicionista que organizou uma sociedade literária negra e estabeleceu sua própria escola voltada para a juventude negra. Desde cedo, William e seu ativismo político foram uma inspiração para Frances, influenciando suas visões políticas, religiosas e sociais. A jovem frequentou a escola do tio até os 13 anos de idade, quando abandonou os estudos para trabalhar como babá e costureira de uma família dona de uma livraria. Foi ali, durante seu tempo livre, que Frances encontrou seu grande amor: os livros. Aos 21 anos, escreveu seu primeiro livro de poesia: Forest Leaves

frances w harper

Quando tinha 26 anos, deixou Baltimore para se tornar a primeira mulher a lecionar no Union Seminary, uma escola para afro-americanos livres em Wilberforce, Ohio, onde ensinou ciências domésticas por cerca de um ano até assumir a posição de professora em York, Pensilvânia. Durante esse período, viveu no Underground Railroad, uma rede secreta de rotas e esconderijos utilizados para a fuga de escravizados, onde testemunhou de perto a questão abolicionista. A experiência teve um impacto duradouro em sua poesia e seu trabalho como ativista.

Foi durante esse período também que seu estado natal, Maryland, aprovou uma lei brutal que permitia que afro-americanos livres vivendo no norte fossem vendidos como escravizados caso entrassem no território. Ao não poder voltar para casa, Frances decidiu dedicar seus esforços à causa abolicionista e começou a dar discursos antiescravidão em todo norte dos Estados Unidos e Canadá, incluindo em suas falas prosa e poesia, nas quais combinava questões de racismo, feminismo e classe. Junto de seu cronograma, ela ainda encontrou tempo para escrever romances, contos e poesias, como seu segundo livro de poemas, Poems of miscellaneous Subjects, publicado em 1854. Em 1859, publicou o conto “As Duas Propostas”, o qual discorre sobre a educação das mulheres e que está presente em Damas Ferozes

Em 1860, se casou com Fenton Harper, com quem teve uma filha chamada Mary em 1862. Com o fim da Guerra Civil e o falecimento do marido em 1863, Frances retomou o cronograma de viagens, dando palestras e publicando em diversos jornais antiescravidão. Foi nesse momento que formou alianças com ativistas dos direitos das mulheres. Em 1866, ela fez um discurso comovente na Convenção Nacional de Direitos da Mulher em Nova York, pedindo que mulheres negras fossem incluídas na luta pelo sufrágio e enfatizando a dupla carga de racismo e sexismo enfrentados por elas. Nesse meio tempo, continuou utilizando seu talento e escrita como ferramenta de luta, publicando livros que entrelaçavam questões de racismo, classicismo e sexismo. Frances passou o resto da vida lutando por direitos iguais e oportunidades de emprego e educação para mulheres negras. Abolicionista, sufragista, reformista e escritora respeitável, faleceu em 22 de fevereiro de 1911, aos 85 anos. 

Katherine Mansfield (1888 – 1923)

Nascida em 14 de outubro de 1888 em uma família rica da Nova Zelândia, Katherine Mansfield teve uma vida curta, mas emblemática, tornando-se um dos grandes nomes da literatura neozelandesa. Aos 19 anos, mudou-se para a Inglaterra, onde começou sua carreira literária, publicando em jornais e periódicos. Inovadores e afiados, muitos de seus contos foram pioneiros no estilo, sendo alguns dos primeiros a abordar temas queer, como o amor entre mulheres. Suas histórias exploravam uma ampla gama de assuntos, como as dificuldades e ambivalências das famílias, sexualidade, fragilidade das relações humanas, complexidades das classes médias em ascensão e as consequências sociais da guerra. 

katherine mansfield

Ao longo de sua vida, Katherine se envolveu romanticamente com homens e mulheres, rodeando-se de pessoas cuja sexualidade não era aceita dentro dos padrões da época. Além disso, também questionou outros comportamentos tradicionais, como o casamento, divorciando-se do primeiro marido e tendo uma relação de idas e vindas com o segundo.

Durante sua vida, Katherine sofreu com uma saúde frágil, o que piorou ainda mais quando foi acometida pela tuberculose. Com uma reputação estabelecida e conhecida pelos trabalhos literários brilhantes, a autora faleceu prematuramente em 9 de janeiro de 1923 aos 34 anos. Ao longo dos anos, sua escrita foi constantemente elogiada pela capacidade de explorar emoções e pensamentos complexos, além de abordar a dificuldade da vida mundana e as tentativas melancólicas de extrair beleza e vitalidade dessa difícil experiência. Seus escritos foram admirados por outros grandes nomes literários do século XX, como D.H. Lawrence, Thomas Hardy, Gabriel García Márquez, Clarice Lispector e Virginia Woolf, que confessou que o talento literário da amiga era o único que lhe causava inveja. 

Além dessas autoras com trajetórias tão impactantes quanto suas histórias, Damas Ferozes também traz contos de Willa Sibert Cather, Grace James, Kate Chopin, Rokeya Sakhawat Hossain, Susan Glaspell e Virginia Woolf.

LEIA TAMBÉM: Conheça o processo criativo de 5 autoras do selo DarkLove

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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