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O que é o transtorno de acumulação

Muito mais do que colecionar itens, condição está em Nem Tudo que Resta é Lixo

05/09/2024

Imagine a seguinte situação: uma residência cujos cômodos estão amontoados com caixas de papelão, potes vazios e diversos outros itens com pouco ou nenhum valor, todos empilhados ou jogados sem nenhuma lógica ou método de organização. São tantos objetos espalhados e cobrindo os móveis que quase não há espaço para se deslocar, quem dirá viver com alguma qualidade de vida. O que era para ser um lugar de conforto torna-se um ambiente inóspito e insalubre.

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Infelizmente essa é a realidade de muitas pessoas que sofrem de transtorno de acumulação, condição caracterizada pela aquisição e acúmulo de objetos que não possuem valor ou utilidade, que afeta pelo menos 2,6% da população mundial. A dificuldade em desapegar desses itens resulta em uma desordem significativa nas residências destes indivíduos, que têm suas casas transformadas em espaços praticamente inabitáveis. 

Às vezes a quantidade de itens acumulados é tão grande que cômodos não podem ser utilizados para o propósito ao qual foram projetados, ou seja, quartos não são utilizados para dormir e cozinhas deixam de ser espaços para cozinhar. Na visão da pessoa acumuladora, os objetos não são resíduos ou descartáveis, mas sim itens essenciais e preciosos com os quais possuem um forte vínculo emocional. De acordo com psicólogos, eles acabam fazendo parte da sua identidade e há a crença de que, um dia, possam servir para alguma coisa. 

transtorno de acumulação

O transtorno de acumulação é diferente do colecionismo

Primeiramente, é importante diferenciar o transtorno de acumulação do colecionismo, por exemplo. Enquanto os colecionadores acumulam itens pertencentes a uma mesma categoria ou tema específico de forma organizada e ordenada, os acumuladores têm a tendência de manter objetos diversos sem nenhum tipo de organização, acumulando desde jornais, papel e embalagens de comida até alimentos apodrecidos e ossadas de animais.

Outra diferenciação importante é que guardar objetos pelos mais diferentes motivos — algo que todos fazemos — não torna uma pessoa necessariamente uma acumuladora. O transtorno de acumulação é uma condição diagnosticável a partir do momento que causa sofrimento e perigo para o indivíduo e todos ao seu redor, variando do leve ao grave. Outro fator crucial para o diagnóstico é quando a atividade dentro da residência se torna inviável devido a desordem ocasionada pelo acúmulo. 

Quais são as causas e os sintomas?

Psicólogos e médicos levantam que existem diferentes causas para o transtorno de acumulação. No entanto, a condição geralmente está ligada a fatores emocionais e a outros diagnósticos de saúde mental, como depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Além disso, a condição pode ser desenvolvida para suprir uma necessidade ou carência emocional, assim como estar conectada a eventos traumáticos, traços de personalidade — como dificuldade em tomar decisões e procrastinação — e históricos familiares de acumulação. 

transtorno de acumulação

Os sintomas podem surgir ainda na adolescência e no início da idade adulta, mas têm a tendência de piorar gradativamente com o passar dos anos, tornando-se evidentes na meia-idade. No entanto, não existe uma distinção entre homens e mulheres, situação socioeconômica ou cultural. O diagnóstico é realizado a partir de avaliações médicas e psicológicas, sendo que dificilmente o paciente reconhece o problema, de forma que é comum que a procura por especialistas seja realizada por familiares e amigos. 

Os perigos da acumulação 

O transtorno de acumulação oferece riscos múltiplos tanto para o indivíduo quanto para as pessoas que convivem com ele. Para começo de conversa, ao tornar as residências inabitáveis, a acumulação oferece riscos de incêndio, de queda e lesões, além da infestação de pragas, bactérias e outros componentes orgânicos que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças, como a asma. 

Além dos perigos físicos, há a questão da saúde mental, já que muitas vezes os pacientes sofrem em silêncio e são isolados da sociedade. Isso acontece também porque o transtorno de acumulação é uma condição extremamente estigmatizada, sendo frequentemente interpretada de forma preconceituosa como preguiça ou desleixo pessoal, e não como uma questão de saúde mental. 

progressão do transtorno de acumulação

Deixando de lado as implicações pessoais, a acumulação também pode levar a uma situação de saúde pública, já que objetos acumulados podem se tornar criadouro do mosquito Aedes aegypti — transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya —, assim como servir de abrigo para animais transmissores e causadores de doenças, como ratos, baratas, pombos, aranhas e escorpiões

Existe tratamento?

Embora não haja cura, a boa notícia é que existe tratamento para o transtorno de acumulação. O indivíduo e seus familiares podem procurar ajuda no sistema de saúde pública, o qual oferece apoio psicológico e acolhimento tanto na área da saúde quanto na assistência social. A cidade de São Paulo, por exemplo, possui desde 2016 a Política Municipal de Atenção à Pessoa em Situação de Acumulação, a qual é supervisionada pela Secretaria Municipal da Saúde, que acompanha e oferece atendimento em casos de acumulação. Além disso, também podem ser acionadas Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Vigilância em Saúde. 

Os tratamentos disponíveis geralmente utilizam a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), encorajando o paciente a refletir sobre a forma como interpreta e reage às coisas ao seu redor, visando assim reduzir a carência emocional e o apego aos itens acumulados. Além disso, há intervenções que podem ser feitas para reduzir a gravidade e o impacto da condição na vida das pessoas, assim como grupos de apoio. 

transtorno de acumulação

Amigos e familiares também podem ajudar, principalmente na busca por intervenção especializada. No entanto, a recomendação é que tudo deve ser abordado com empatia, carinho e paciência, pois a tentativa de limpar residências e retirar objetos pode gerar angústia, estresse e tristeza. Para uma abordagem adequada, o aconselhável é procurar ajuda externa de profissionais da saúde e outros especializados em limpeza e organização.

Programas de televisão como o americano Acumuladores Compulsivos retratam os sofrimentos e o tratamento de indivíduos diagnosticados com esse transtorno, assim como o processo de limpeza e organização de suas casas. No Brasil, o Youtuber Guilherme Gomes, divide em seu canal Diárias do Gui histórias de pessoas que sofrem da condição e exibe as faxinas que realiza em suas residências.

Esse tipo de serviço também era realizado pela limpadora de traumas Sandra Pankhurst, personagem central do livro Nem Tudo Que Resta é Lixo, lançado pela DarkSide® Books como parte da coleção Profissionais da Morte. Sandra realmente existiu e fundou uma empresa especializada em entrar e limpar casas em estado de calamidade, ou seja, locais que se tornaram cenas de homicídio, suicídio, incêndios e… acumulação. 

sandra pankhurst

Acionada por agentes da lei, executores de heranças, organizações de caridade e agentes imobiliários, representantes de pessoas vitimadas, doentes e idosas, Sandra entrava nestas residências munida de baldes, panos de chão, pés de cabra, pás, marretas e muita, mas muita empatia. Encarregada de limpar a bagunça da vida ou morte de uma pessoa, ela lidava com clientes vivos, limpando anos de lixo acumulado, até assoalhos ensopados de sangue marcados pela morte de alguém.

A extraordinária história de vida de Sandra é celebrada em Nem Tudo Que Resta é Lixo, o qual apresenta a jornada, as memórias e os trabalhos dessa mulher incrível que, após superar traumas e violências, passou a entrar na casa de pessoas destruídas pela tragédia para limpar suas dores e devolver sua dignidade. A obra nos ensina o que Sandra sempre soube: nada é resto, nada é lixo, quando falamos de pessoas, vidas e sonhos. 

LEIA TAMBÉM: Você sabe o que faz uma limpadora de traumas? Conheça Sandra Pankhurst

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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