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10 Curiosidades sobre H.G. Wells

Conheça detalhes de um dos pais da ficção científica

01/10/2024

Nascido em 21 de setembro de 1866, no condado de Kent, na Inglaterra, Herbert George Wells foi um escritor, historiador, professor e jornalista, que mudou para sempre a literatura tal qual a conhecemos hoje. Com mais de cinquenta romances, dezenas de contos e trabalhos não ficcionais sobre uma variedade de temas, como política, história e ciência, Wells é conhecido por ser um dos fundadores, ao lado de Mary Shelley e Júlio Verne, da ficção científica.

Ao longo de sua prolífica carreira, Wells escreveu obras emblemáticas como A Máquina do Tempo, A Ilha do Dr. Moreau, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos, muitas das quais foram adaptadas para o rádio, televisão e cinema.

No entanto, o autor também foi além do gênero que lhe tornou famoso, escrevendo histórias fantásticas, mágicas e de suspense ambientadas em universos diferentes e peculiares. É exatamente esse lado de H. G. Wells que o DarkSider conhece em Universos Peculiares, lançamento da Caveira e da Wish que reúne os melhores contos do autor fora do universo da ficção científica, revelando um lado menos conhecido de seu trabalho, mas igualmente fascinante.

Contudo, Wells não era apenas um escritor surpreendente. O britânico teve uma vida marcada por eventos e encontros extraordinários. Pensando nisso, a Caveira separou 10 curiosidades sobre H. G. Wells:

1. Uma perna quebrada deu asas à sua imaginação

Em 1874, quando tinha apenas 8 anos, o autor sofreu um acidente e quebrou a perna, sendo forçado a ficar de repouso na cama. Esse difícil momento mudou para sempre sua vida, alimentando o interesse pela literatura e estimulando o desejo de escrever, já que para passar o tempo o pequeno Wells se divertia com os livros da biblioteca local, trazidos até ele por seu pai.

O interesse pela literatura também foi influenciado pelo local de trabalho de sua mãe, a qual atuava como faxineira em uma casa de campo conhecida por conter uma biblioteca magnífica. Foi ali que Wells conheceu muitos clássicos, incluindo Frankenstein de Mary Shelley.

2. Antes de ser escritor, foi professor de ciências de um escritor famoso

De 1889 a 1890, após ter passado pela Escola Normal de Ciência (atualmente o Royal College of Science de Londres) onde estudou biologia, Wells conseguiu trabalho como professor de ciência na Henley House School, uma pequena escola em Londres que contava com apenas 13 alunos.

Entre os poucos estudantes que tiveram aulas com ele estava Alan Alexander Milne, que mais tarde ficaria conhecido como A. A. Milne, o criador das histórias do Ursinho Pooh. No entanto, quando questionado sobre isso anos mais tarde, Milne contou que Wells não era o melhor dos professores, pois era muito inteligente e por consequência, não tinha muita paciência com seus alunos.

3. Criou o termo “máquina do tempo”

Após obter sucesso com histórias mais curtas, em 1895 Wells publicou seu primeiro romance, A Máquina do Tempo, dando início a uma prolífica carreira literária. Foi nesta emblemática obra que o autor combinou as palavras “máquina” e “tempo” para nomear um aparato capaz de se deslocar pelas épocas. Nascia assim o termo “máquina do tempo” como o conhecemos hoje. Isso foi o suficiente para abrir o caminho para investigações futuras e incentivar a criatividade, consolidando um dos subgêneros mais amados da ficção científica e da cultura pop: o das viagens no tempo.

Contudo, vale ressaltar que por mais que Wells tenha utilizado o termo pela primeira vez em A Máquina do Tempo, a ideia geral de um dispositivo mecânico capaz de se mover através do tempo foi expandida a partir da ideia presente em seu conto “The Chronic Argonauts”, publicado em 1888.

4. Suas histórias “previram” o futuro e inspiraram avanços científicos reais

Ao longo de sua extensa carreira literária, Wells surpreendentemente previu a existência de questões como aquecimento global, bombardeios aéreos e guerras químicas e nucleares, além de trazer conceitos futuristas que mais tarde se materializaram como tanques, comunicação sem fio, raios laser, paraquedas e até mesmo uma enciclopédia mundial e “viva” semelhante à Wikipédia.

Em sua obra The World Set Free, publicada em 1914, o autor descreveu uma guerra mundial e acrescentou na história uma arma que só seria inventada 30 anos mais tarde: a bomba atômica. Wells até mesmo cunhou o termo “bomba atômica” no livro, a imaginando como uma arma que seria lançada de aviões e continuaria explodindo indefinidamente com o uso da radioatividade, algo como uma “granada de mão de urânio”.

A imaginação do autor inspirou o físico Leo Szilard, que levantou a hipótese da reação nuclear em cadeia, que eventualmente tornou possível a existência de bombas reais. Szilard trabalhou no Projeto Manhattan e escreveu que a ideia de Wells que lhe mostrou o que significava a libertação de energia atômica em grande escala. Infelizmente, a arma se mostrou ainda mais destrutiva do que o autor havia retratado.

No entanto, seus romances também inspiraram avanços científicos reais e positivos. Em 1926, por exemplo, Robert H. Goddard lançou o primeiro foguete a combustível líquido, após ter dedicado sua vida a tornar viagens espaciais uma realidade. O cientista contou que teve seu interesse despertado quando leu A Guerra dos Mundos aos 16 anos. O livro de Wells causou uma impressão tão profunda em Goddard que o encorajou a olhar para as estrelas.

5. Uma de suas obras causou pânico nos ouvintes

Em 30 de outubro de 1938, um jovem ator e diretor chamado Orson Welles transmitiu A Guerra dos Mundos de H. G. Wells no rádio. Embora o início da transmissão tenha revelado que se tratava de uma produção de Wells e sua companhia, a Mercury Theater, muitos ouvintes não estavam prestando atenção ou estavam sintonizados em outra estação. O programa então começou como um típico quadro de notícias de rádio habituais, apenas para ser interrompido por um relatório urgente de invasão alienígena acontecendo em Nova Jersey.

As atuações foram tão realistas e os atores pareciam tão assustados, que alguns ouvintes ficaram genuinamente aterrorizados pensando se tratar de uma invasão alienígena em tempo real. Embora atualmente seja muito contestada a extensão desse pânico, esse episódio, assim como a obra de Wells, entrou para a história dos meios de comunicação modernos.

6. Foi um defensor ávido de mudanças sociais e políticas

Ao longo de sua vida, Wells foi um defensor ávido de mudanças sociais e políticas, utilizando a escrita como uma plataforma para as causas que apoiava. O escritor foi membro da Sociedade Fabiana, organização socialista que mais tarde teria importante influência sobre o Partido Trabalhista da Inglaterra. Em 1920, em sua obra História Universal, Wells tornou pública sua defesa de uma espécie de socialismo global com um estado mundial dedicado a fins pacíficos.

Wells também era um ferrenho defensor e divulgador dos direitos humanos universais, acreditando que isso levaria a um governo mundial utópico. Em 1940, publicou Os Direitos do Homem e mais tarde naquele mesmo ano foi um dos principais contribuidores da Declaração Sankey dos Direitos do Homem, a qual mais tarde, em 1948, ajudou a formar e foi ultrapassada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

7. Entrou para a lista de inimigos da Alemanha nazista

Em 1933, Wells era presidente da PEN International, uma associação que promovia a cooperação entre escritores do mundo todo. Conhecido por criticar publicamente o governo alemão, o autor supervisionou a expulsão da célula alemã da associação após sua recusa em admitir escritores não arianos, assim como pela falta de protestos contra as queimas de livros que aconteciam na Alemanha.

Isso fez com que seus livros fossem banidos das bibliotecas e livrarias do país, sendo queimados em praças públicas pela juventude nazista. Quando a Segunda Guerra Mundial estava perto do fim, forças aliadas descobriram que a SS havia compilado uma lista de indivíduos que deveriam ser presos imediatamente após a invasão da Grã-Bretanha que estava sendo planejada. Nessa lista, escrita por ordem alfabética, constava o nome de H. G. Wells junto a outros autores e pessoas consideradas inimigas do regime nazista.

8. Apareceu na capa de um álbum dos Beatles

Não é todo mundo que pode dizer que apareceu na capa de um álbum dos Beatles, não é mesmo? Pois bem, H. G. Wells pode! O escritor é uma das personalidades que aparece na icônica capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, o oitavo álbum de estúdio da banda britânica, lançado em 1967.

Caso esteja procurando, fica a dica: Wells aparece no canto superior direito, entre Karl Marx e o guru indiano Sri Paramahansa Yogananda.

9. Fundou a principal instituição de caridade do Reino Unido para diabetes

Em 1931, aos 65 anos, Wells foi diagnosticado com diabetes. Em 1934, junto de seu médico, RD Lawrence, ele fundou a Associação Britânica de Diabéticos, atualmente conhecida como Diabetes UK. Como o primeiro presidente da instituição, o escritor presidiu reuniões, promoveu a conscientização e arrecadou dinheiro para ajudar crianças carentes diagnosticadas com a doença. Seu objetivo principal era que todos no Reino Unido tivessem acesso ao tratamento adequado à diabetes independentemente de sua situação financeira.

Wells também foi vice-presidente fundador do Conselho Nacional de Controle de Natalidade, hoje em dia Associação de Planejamento Familiar, uma instituição que trabalha visando a educação e saúde sexual.

10. Sua vida pessoal foi bastante conturbada

Embora tenha alcançado sucesso profissional, H.G. Wells teve uma vida pessoal bastante conturbada, marcada por relacionamentos extraconjugais e dificuldades financeiras. Em 1891, ele se casou com sua prima de primeira grau, Isabel Mary Smith, divorciando-se três anos mais tarde, alegando ter se apaixonado por outra mulher. Em 1895, ele se casou com uma ex-aluna, Amy Catherine Robbins, a qual chamava de Jane, com quem teve dois filhos. Em 1927, Jane faleceu aos 55 anos, deixando o escritor devastado pelo luto.

No entanto, Wells também ficou conhecido por seus relacionamentos extraconjugais. Ele teve uma filha com a escritora Amber Reeves e mais um filho com a escritora, Rebecca West, a qual era 26 anos mais nova. Ao longo de sua vida, o autor de Universos Peculiares teve diversos relacionamentos amorosos, como com a romancista Elizabeth von Arnim, prima de Katherine Mansfield; a ativista de controle de natalidade Margaret Sanger; a escritora Odette Keun e a suposta agente secreta dupla, Baronesa Moura Budberg.