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O que é o gekiga

Estilo de mangá criado em 1950 que faz sucesso até hoje

08/07/2025

Após o término da Segunda Guerra Mundial, a cultura japonesa se transformou imensamente, ganhando novos contornos e movimentos artísticos que dialogavam com os sentimentos coletivos da época. Um bom exemplo disso são os mangás gekiga, termo utilizado para designar histórias mais sérias e dramáticas que despontaram no final dos anos 1950. 

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Entre os vários artistas que aderiram à esse novo estilo encontra-se Shinobu Kaze, cujo trabalho nos anos 1970 adentrou o mundo cyberpunk com histórias que criavam elos entre arte, ficção científica, religião e filosofia. Entre 1977 e 1988, o mangaká utilizou o estilo gekiga para provocar reflexões sobre as fronteiras do corpo, do espírito e as relações entre o instinto humano e a ordem cósmica. Lançamento da DarkSide® Books, Violência & Paz + O Jovem com uma Government 45. reúne nove dessas histórias, as quais abordam temáticas ambientais, os dilemas da sociedade moderna e questões religiosas.

Violência & Paz + O Jovem com uma Government .45

O trabalho visionário de Shinobu Kaze é um grande exemplo do impacto do gekiga na cultura e história dos mangás japoneses. Mas, afinal de contas, o que é esse estilo e qual a sua importância? Vem que a Caveira te conta tudo que você precisa saber sobre o gekiga. 

O nascimento de um novo movimento artístico

Tudo começou no final dos anos 1950, quando o mangaká Yoshihiro Tatsumi cunhou um novo termo para diferenciar suas publicações dos outros mangás populares na época. Enquanto a maioria das histórias tinham como alvo um público mais infantil, Tatsumi desejava atingir leitores mais velhos, os quais haviam crescido lendo mangás e agora estavam interessados em narrativas mais sérias, dramáticas e realistas, englobando temáticas históricas, de mistério, terror e ficção científica. 

Uma das raízes dos gekiga foi justamente os chamados Kamishibai, uma forma tradicional de contar histórias no Japão. Surgida no século XII em templos budistas, os Kamishibai são peças de teatro que utilizam pequenos palcos de madeira com ilustrações feitas em papel para contar uma determinada história. 

Yoshihiro Tatsumi

Para apelidar esses mangás mais realistas, experimentais e dramáticos, os quais traziam comentários sociais, psicológicos e históricos, Tatsumi utilizou então o termo gekiga, traduzido para algo como “figuras dramáticas”. Em 1959, o artista fundou o Estudo Gekiga junto de Takao Saitō e outros colegas que compartilhavam das mesmas ideias. Juntos, eles escreveram uma espécie de manifesto que ajudou a divulgar o nome gekiga entre leitores, jornais e editoras. 

Outra coisa que diferenciava esses artistas é que ao invés de trabalharem para grandes editoras e publicações, eles atuavam na indústria de aluguel de mangás. Seu trabalho era reunido e impresso em coleções que os leitores emprestavam em bibliotecas circulantes, as Kashihonya, que ressurgiram no pós-guerra como uma forma de incentivar a leitura de baixo custo.  

Contudo, não eram apenas as histórias que diferenciavam os gekigas das publicações mais populares e comerciais da época, as quais seguiam a tradição estabelecida por Osamu Tezuka, apelidado como o “pai do mangá moderno” e criador do Astro Boy, e das obras publicadas pela DarkSide® A Feiticeira da Tempestade e O Livro dos Insetos Humanos. O estilo e o traçado utilizados nos gekigas eram muito mais realistas e pesados, marcado por ângulos agudos, espirais e linhas ásperas, o que os afastava de características mais cartunescas e humorísticas e desafiavam as convenções típicas do gênero. Um exemplo é que nos gekiga não existem personagens de olhos grandes, algo bastante comum em mangás e animes, nem com características físicas estilizadas. Desta forma, não se tratava apenas de explorar narrativas e imagens mais gráficas, mas também de desenvolver uma estética completamente nova, que buscava experimentar constantemente a relação entre imagem e texto. 

o livro dos insetos humanos

Embora fossem influenciados pelas técnicas de Tezuka, os artistas do gekiga mostravam mais violência do que era comumente visto, escrevendo histórias dramáticas que seguiam a estética de filmes noir e romances policiais. Inclusive, Tatsumi chegou a considerar outros nomes para o estilo, incluindo katsuga, termo derivado de katsudō eiga ou “imagens em movimento”, utilizado inicialmente para se referir a filmes e que mostra a influência cinematográfica nas obras gekiga. 

A era de Ouro dos gekiga

Do final da década de 1960 até meados dos anos 1970, os gekiga entraram em sua chamada Era de Ouro, dominando diferentes revistas semanais e garantindo um grande sucesso entre os leitores. Historicamente, isso ocorria em paralelo com o amadurecimento do público dos mangás tradicionais, que desejavam algo mais maduro para ler e que foram atraídos pelo estilo realista e atmosférico dos gekiga, além de suas histórias mais ousadas. Conhecido como a “geração mangá”, este público mais adulto – composto por estudantes universitários e jovens adultos – enxergava a leitura de mangás mais realistas e sérios como uma forma de rebelião e oposição ao sistema, especialmente ao Tratado de Cooperação Mútua e Segurança entre os Estados Unidos e o Japão, assinado em janeiro de 1960.

Com a crescente popularidade dos gekiga, que passaram a dominar o mercado underground dos mangás, diferentes artistas adotaram o estilo, incluindo o próprio Osamu Tezuka que publicou trabalhos como Phoenix e Adolf. Além disso, o mercado dos gekiga se destacou pela presença de outros artistas e obras importantes, como Satsuma Gishiden de Hiroshi Hirata e Golgo 13 de Takao Saito. 

golgo 13

Outro artista que adotou o gekiga foi Shinobu Kaze, que também se inspirou nas obras do francês Philippe Druillet e nos filmes do ator Bruce Lee e do cineasta Seijun Suzuki. A partir disso, Kaze passou a criar obras com traços mais dramáticos e realistas, como Ryu, o Homem Mais Forte da Terra e as histórias que integram Violência & Paz + O Jovem com uma Government 45., publicadas originalmente entre 1977 e 1988. 

No entanto, apesar do sucesso comercial e uma crescente aceitação no mainstream, nos anos 1990 o gekiga acabou eclipsado pelos mangás shonen, frequentemente representados por grandes sucessos como Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. É claro que isso não significa que o gekiga sumiu ou deixou de influenciar artistas ao redor do mundo. Um bom exemplo de sua influência duradoura é na obra Akira de Katsuhiro Otomo, que se inspirou em artistas como Yoshihiro Tatsumi, atualmente considerado o “avô dos mangás alternativos do Japão”. O gekiga também foi essencial para o desenvolvimento do mercado alternativo de mangás, deixando uma marca que perdura até os dias de hoje. Além disso, a partir dos anos 2000 notou-se um maior interesse por parte de editoras estrangeiras em traduzir obras gekiga para outros idiomas, evidenciando como o gênero continua mais vivo e impactante do que nunca. 

Satsuma Gishiden

É pensando nisso que a Caveira orgulhosamente trouxe para o Brasil Violência & Paz + O Jovem com uma Government 45., uma obra que transcende o tempo e oferece reflexões que atingem gerações de leitores. Mesmo em meio a cenas de crueldade e brutalidade, a obra de Shinobu Kaze traz uma atmosfera sublime que apresenta um mundo único com histórias profundas e visionárias. Mostrando todo o estilo gekiga e uma visão criativa singular, Violência & Paz + O Jovem com uma Government 45 já está disponível na Loja Oficial Dark (site e DarkApp) em uma edição brutal com três marcadores exclusivos.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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