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A história real que inspirou o livro A Entidade

O caso paranormal de Doris Bither

16/07/2025

A década de 1970 se mostrou um período bastante prolífico para romances de terror inspirados em histórias reais. De O Exorcista a Amityville, escritores do mundo todo rapidamente perceberam o poder que eventos verídicos possuíam em adicionar uma camada extra de terror em seus enredos, misturando temas de investigação paranormal, vítimas atormentadas e espíritos malignos. Tudo isso enquanto satisfaziam um público que não se cansava de narrativas paranormais. 

LEIA TAMBÉM: 5 Motivos para ser possuído pela obra de Frank De Felitta

Esse também é o caso de A Entidade, clássico lançado em 1978 por Frank De Felitta. Conhecido pelos darksiders por O Demônio de Gólgota, De Felitta escreveu uma obra que ultrapassa os limites do horror convencional, dialogando com o medo mais puro e mergulhando em uma narrativa brutal e inquietante que se tornou um bestseller mundial. 

Lançamento da DarkSide® Books, A Entidade conta a história de Carlotta Moran, uma mãe solo que tem sua vida despedaçada por ataques violentos e inexplicáveis. O que começa como uma série de acontecimentos sobrenaturais, perpetrados por uma força desconhecida, rapidamente se transforma em uma luta por sanidade, segurança e sobrevivência. Para piorar, aqueles que deveriam proteger Carlotta não acreditam em seus pedidos de socorro com a protagonista, que precisa provar a todos que está enfrentando uma ameaça real. Desafiando o leitor a refletir tanto sobre o medo do desconhecido quanto sobre o terror da descrença, A Entidade é uma experiência perturbadora que nos conduz por um labirinto de horror psicológico e físico onde o real e o irreal se misturam. 

a entidade

A Entidade fica ainda mais impactante quando descobrimos que Frank De Felitta se inspirou em uma história real envolvendo Doris Bither, uma mãe solo residente na cidade de Culver City, na Califórnia, que em 1974 alegou estar sendo sexualmente agredida por uma entidade invisível. Conheça um pouco mais sobre o complexo caso que inspirou Frank De Felitta a escrever A Entidade

O tormento de Doris Bither

A vida de Doris Bither nunca foi fácil. Relatando abusos que remontavam à sua infância, a mãe solo enfrentava problemas com álcool e vivia em uma casa em mau estado com seus quatros filhos, três meninos e uma menina pré-adolescente. A situação, que já era difícil, ficou ainda pior quando ela e seus três filhos afirmaram ter visto aparições semitransparentes com formato e tamanho humanos, na residência que haviam acabado de se mudar. Ela ainda alegou ter sido atacada física e sexualmente por forças invisíveis, chegando a ser arremessada em uma parede. Sem poder recorrer à polícia, Bither descreveu os eventos para uma amiga. O assunto provavelmente teria sido encerrado aí se não fosse por um encontro aleatório em uma livraria local. 

Certo dia, Doris escutou dois homens conversando em uma livraria. Eram os parapsicólogos Barry Taff e Kerry Gaynor, que trabalhavam na Universidade da Califórnia (UCLA) em um laboratório que investigava fenômenos e reivindicações paranormais. Ela se apresentou relatando suas experiências e perguntou se a dupla poderia ajudá-la em sua situação.

Doris Bither

Os parapsicólogos, intrigados, conduziram uma entrevista preliminar com Doris, que alegou ter sido atacada e sexualmente violentada por uma entidade invisível em sua casa em Culver City. Além disso, ela também relatou ter presenciado manifestações mais benignas, como eventos luminosos, formas humanas semitransparentes e atividades de poltergeists. Doris convidou a dupla para visitar sua casa e testemunhar a atividade paranormal em primeira mão, após ser recebida com ceticismo por Taff e Gaynor. Foi assim que em 22 de agosto de 1974, eles deram início a repetidas visitas à residência, que se estenderam por um período de dez semanas. 

Ao longo de suas visitas, que passaram a contar com a participação de estudantes do departamento de parapsicologia da UCLA, assim como de membros do laboratório e de uma equipe de filmagem e fotografia, os investigadores testemunharam algumas atividades de poltergeist, como objetos caindo sozinhos das prateleiras, luzes cintilantes, portas de armário abrindo sozinhas, odores estranhos e zonas frias ao redor da casa. Eles também entrevistaram os filhos de Doris, que corroboraram sua história. 

As ocorrências diminuíram com a progressão das visitas, segundo relatos, e poucas evidências foram registradas. Algumas fotografias indicando bolas de luz em movimento e um aparente arco luminoso sobre Doris — que estava sentada em sua própria cama — acabaram se tornando a única evidência material recolhida das visitas. Contudo, uma análise feita posteriormente por pesquisadores atribuiu o resultado dessas fotos a erros comuns, como objetos muito perto da câmera e manipulação acidental da exposição. 

Doris Bither

Além disso, os pesquisadores nunca investigaram a alegação de violência sexual espectral feita por Doris – o aspecto mais notável e assustador de toda a sua história – afirmando que este tipo de coisa não era possível e que o suposto evento precedia seu envolvimento com o caso. Desta forma, a maior parte do que Doris alegou ter acontecido com ela e seus filhos nunca foi corroborado. Embora Barry Taff tenha concluído que fenômenos paranormais estivessem envolvidos, a investigação feita pela UCLA terminou de forma inconclusiva, deixando Doris e seus filhos sem o desfecho e explicação que tanto ansiavam.

O que aconteceu depois?

Infelizmente, o caso nunca foi investigado de forma minuciosa, faltando registros e provas concretas, sendo impossível termos certeza do que realmente aconteceu. Atualmente, a grande maioria dos investigadores não acredita que seja uma farsa, mas sim o resultado de um distúrbio psicológico, de uma família em dificuldades e do poder da sugestão. Além disso, quase todos apontam que o caso foi marcado por incompetência investigativa, viés de confirmação e técnicas falhas, de forma que os investigadores deveriam ter acionado psicólogos e assistentes sociais para ajudar uma mulher fragilizada por problemas psicológicos e traumas, os quais teriam sido exacerbados por abuso de substâncias ilícitas e condições de pobreza. 

Pouco sabemos sobre a vida de Doris após as investigações em 1974. Entre rumores e histórias vagas, fontes revelam que ela foi embora de Culver City e se mudou para o Texas. Ninguém sabe direito o que aconteceu com ela depois disso. Frank De Felitta, o autor de A Entidade, deixou de ter notícias de Doris nos anos 1990, enquanto Barry Taff também perdeu contato, não tendo mais certeza de seu paradeiro. Alguns relatos apontam que Doris faleceu em 1995, enquanto outros afirmam que a morte ocorreu em 1999 quando ela tinha entre 58 e 59 anos. 

 Frank De Felitta

Em 2009, um homem chamado Brian Harris alegou ser um dos filhos de Doris e forneceu uma entrevista para Javier Ortega no site Ghost Theory. Harris reafirmou que os eventos relatados por sua mãe eram todos verdadeiros e que ela realmente havia sido vítima de violência sexual. 

Como Frank De Felitta chegou ao caso?

De Felitta conseguiu suas informações em primeira mão. Ele entrou em contato com Doris e com os investigadores da UCLA e chegou a visitar a casa com um amigo cineasta para tentar capturar os fenômenos em filme. Embora não tenha conseguido obter nenhuma evidência concreta, o escritor utilizou as experiências aterrorizantes de Doris e os relatos dos parapsicólogos para escrever A Entidade. A falta de desfecho e conclusões por parte da investigação não desmotivaram De Felitta, que simplesmente inventou um final para a sua narrativa.

Não demorou muito para que o romance se transformasse em um sucesso de vendas e fosse adaptado para o cinema. Em 1982, A Entidade ganhou vida nas telonas através do filme O Enigma do Mal, dirigido por Sidney J. Furie e estrelado por Barbara Hershey. O Enigma do Mal, frequentemente considerado um dos filmes mais perturbadores dos anos 1980, adaptou com fidelidade a obra de De Felitta, que atuou como consultor e roteirista, mantendo o espectador preso em uma atmosfera sufocante e opressiva.

O Enigma do Mal

Lançamento da DarkSide® Books, o livro de De Felitta é um clássico do horror contemporâneo, oferecendo uma experiência simultaneamente perturbadora e fascinante. Embora ambientada nos anos 1970, A Entidade continua assustadoramente atual e relevante, espelhando a história de milhares de mulheres que não são levadas a sério quando relatam suas histórias de violência e sofrimento. A Entidade é uma obra que mostra que o verdadeiro horror não se esconde apenas nas sombras, mas também na dúvida sobre o que é real e o que não é, explorando os limites da mente, a fragilidade das certezas e o poder devastador do medo.

LEIA TAMBÉM: De piloto a escritor consagrado: Quem foi Frank De Felitta

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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