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Do Metal aos Quadrinhos: Conheça Semblant: Blood Chronicles

O músico Sergio Mazul e o artista André Meister falam ao Darkblog sobre as influências e a concepção imersiva da nova HQ

24/01/2020

O pacto selado entre a DarkSide® Books, o autor e vocalista Sergio Mazul, e o autor e ilustrador André Meister é um verdadeiro presente para os fãs de metal e de terror. Com universo e roteiro concebidos pela dupla, a arte de André e as músicas de Sérgio da banda Semblant, a HQ Semblant: Blood Chronicles conta três histórias sanguinárias repletas de magia e ancestralidade.

O álbum em quadrinhos é um universo rico para os fãs da banda e os apreciadores da nona arte. Com direito a vampiros necromantes, assombrações, guerra entre tribos de caçadores e a ameaça de entropia de uma entidade que não deveria existir, a graphic novel foi elaborada para ressoar com as músicas em que se baseou. O resultado é uma homenagem à adolescência de seus idealizadores, às ilustrações dos álbuns de metal e ao terror, em todas as suas formas.

LEIA TAMBÉM: METAL, ALQUIMIA E MUITO SANGUE EM SEMBLANT: BLOOD CHRONICLES

Fundada em 2006, a banda curitibana Semblant se iniciou com a parceria entre Sergio Mazul e o tecladista J. Augusto. A ideia era tocar as músicas das principais influências musicais do grupo, como Lacuna Coil, Paradise Lost, Sentenced e outras bandas de sonoridade mais gótica. Com três canções originais, a Semblant gravou seu primeiro EP, que deu mais reconhecimento ao grupo, e daí já gravou o seu primeiro álbum, que abriu ainda mais portas no caminho dos músicos. A formação atual está reunida há cerca de seis anos, com Mizuho Lin nos vocais femininos e Juliano Ribeiro nas guitarras e nas composições.

Banda Semblant
Banda Semblant

Com quase 14 anos de carreira, cinco álbuns e diversos clipes no Youtube com milhões de visualizações, a banda tem planos para alcançar novos patamares em 2020. Em abril eles embarcam em sua primeira turnê europeia como headliner, prevista para percorrer 11 países. Além disso, a Semblant lançará o novo disco Obscura pela Frontiers Records, que já lançou bandas como Whitesnake e Journey.

Apesar de ser considerada melodic death metal, Mazul defende que a banda possui características que diferem a Semblant do gênero. “Mizuho Lin tem a voz e seu trabalho encantador bem presente, o que amplia a nossa música a possibilidades muito maiores. Uma variação enorme de vocais sai de vozes masculinas e femininas trabalhando em sinergia, assim como músicos com uma amplitude maior de influências”. Segundo ele, a variação de músicas melódicas e pesadas podem definir o estilo da banda como “dark”. E de dark a gente entende!

Em uma conversa com o Darkblog, o vocalista Sergio Mazul e o artista André Meister comentam um pouco mais sobre o estilo gótico da banda e a relação com a DarkSide® Books:

DarkSide: Qual a relação que vocês enxergam entre as músicas da banda com os livros da DarkSide® Books? De onde surgiu a ideia de selar este pacto?

Sergio Mazul: Algo tão intenso e interpretativo evidentemente já se conecta com o universo da DarkSide. Mas além de sentimentos profundos e sombrios da natureza humana, nossas letras refletem muito do imaginário gótico e do horror: livros, filmes, casos e conhecimentos do oculto, sobrenatural e terror através da história, permeiam muitas de nossas músicas como fontes de inspiração. Outras, inclusive, são base para o universo de Blood Chronicles, entrando em sinergia direta com a obra que estamos lançando com a editora.

André Meister: A ideia de publicar em parceria com a DarkSide foi estipulada de início. É uma editora que sempre gostamos, como fãs mesmo, pelo carinho grande inserido no design de cada obra que se propõe a fazer, pela escolha de títulos. Isso, para nós, reflete uma percepção muito próxima do que queremos oferecer à fanbase.

D: De onde surgiu a inspiração para a história da nova HQ Semblant: Blood Chronicles? Qual a relação dela com a música da banda?

André: O Sergio já tinha uma vontade de “sangrar” a poética dos álbuns para outras mídias e eu tenho uma paixão por escrever e desenhar universos diferentes. Quando se trabalha com concept art, essencialmente você pega as regras do mundo que você conhece e as transforma, molda e gera universos que têm identificação com o espectador. Começamos a conversar, o Sergio disse que queria pegar três músicas que ele tinha gravado e explorar um universo em cima delas. Pensamos então em uma HQ, e três horas depois tínhamos concebido um universo enorme.

Sergio: A Semblant é vista pela gente como uma obra e não somente como uma banda. Queríamos sair da ideia de uma estratégia de marketing vazia, e eu queria fazer isso com alguém que confiasse muito e que fosse genuíno, porque estamos não só falando de uma banda, mas de valores e memórias da nossa adolescência. O André desejava escrever e desenhar algo original com base em música, e eu queria fazer a minha música ganhar uma história. No final, os planetas se alinharam neste apocalipse (risos). Foram as pessoas certas, na hora certa e com o intuito certo. A obra leva o nome da banda, mas é uma concepção de nós dois.

D: Quais as principais influências que vocês levaram em consideração na concepção de Blood Chronicles? Como o metal se encaixa nesta história?

André: As três histórias são influenciadas por valores que queremos debater com o nosso público. Nós acreditamos que tudo pode ser visto de ângulos diferentes, tomando formas diferentes. Abordar três pontos de vista foi importante para mostrar os tons de cinza do universo de Blood Chronicles. É o tipo de coisa que você vê em obras como The Walking Dead, em que os predadores são um contexto e o que realmente é interessante é a humanidade nas histórias. São personagens afrontados por decisões difíceis e dúbias, às vezes cientes de que a decisão que vai salvar sua vida não é exatamente nobre. Isso é natureza humana.

Arte de Semblant

Sergio: O metal é uma subcultura forte de música. O Brasil é um dos públicos que mais consome metal hoje em dia e isso acontece porque a música está presente em todos os momentos. Os altos e baixos, aquilo que move a gente, tudo sempre tem uma trilha. Por isso também quisemos adicionar temperos que ressoam com música, como acontece em Um Drink no Inferno e Castlevania.

D: A história da nova HQ traz um caçador de vampiros, um herói mascarado e um regente em busca da glória de seu povo. Como essas narrativas conversam entre si?

André: Blood Chronicles fala de um mundo onde os vampiros são o topo da cadeia alimentar e nós somos as vacas. É uma guerra constante, na qual esses personagens têm um papel crucial que afeta diretamente o desenrolar da história. Mas essa é a ponta do iceberg: eles também criam um papel crucial dentro dos eventos que afetam uns aos outros, de situações pequenas até sentimentos profundos e principalmente nas decisões de cada um. Uma relação volátil, explosiva, de amor, honra, medo e ódio. Então aderimos a isso o surgimento de alquimistas, magia, religiões, cultos, ameaças em comum, perdas, conquistas, inversão de lados, desilusões e tantas outras situações que exploram a ideia de que nada é exatamente o que parece e tudo é contextual.

Sergio: Quisemos relatar uma guerra sem necessariamente apresentar um contexto fixo ou superficial. Ambas as nossas famílias têm histórias de sobreviventes da Segunda Guerra que trazem um ponto de vista psicológico muito mais profundo do que o que você vê nos épicos do cinema. Imagine então que há tantas histórias profundas que aconteceram sem sabermos, em conflitos dessa escala. Quisemos representar uma metáfora disso, neste caso, uma humanidade lutando por sobrevivência, criaturas sobrenaturais que se afetam por essa guerra sem necessariamente fazer parte de algum “lado”, e os vampiros, que em um momento serão vistos como a clássica visão do horror, mas em outro como a personalidade dessas criaturas, que também são conscientes e têm desejos, atuando em prol de suas próprias ambições e valores. 

D: Falando agora da arte de Semblant: Blood Chronicles, sabemos que ela é composta de forma a ressoar com as músicas em que se baseou. Vocês poderiam comentar um pouco mais sobre esta dinâmica e como as artes se encontram e se relacionam? 

André: Pintura e música são artes evidentemente diferentes em resultado, mas em construção seguem fundamentos muito semelhantes e por isso podem conversar muito fluidamente. No quesito do traço, o metal é um estilo rebelde, agressivo em muitos momentos, contrabalanceando suavidade em outros. Isso foi atrelado a uma narrativa que cadencia seus ritmos variados, tentando sempre manter a atenção sem monotonia. Eu quis fazer com que cada pincelada tivesse o efeito dos riffs agressivos em contraparte à música da Semblant. Pensei nas cores e nas transições visuais da narrativa para que trabalhassem como ritmo de música. Em momentos mais tensos, cores mais vivas e pesadas tomam a cena, e em momentos mais brandos, as nuances também se alteram. 

Sergio: O horror compartilha dessa influência rebelde por ser uma forma de arte que explora limites e quebra barreiras, e a música tem um papel climático muito poderoso numa história. Uma das nossas maiores influências para o desenvolvimento desta obra é Castlevania, que, entre tantos sucessos, destaca-se pela construção de trilhas que ajudam o jogador a envolver-se com o clima da história, e por isso ela perdura no consciente dos fãs há pelo menos três décadas. É um vínculo emocional muito forte. Queremos que nossos fãs tenham experiências neste mesmo nível. 

D: Já falamos de algumas inspirações para a obra, como séries, filmes e até videogames. E em relação a artistas? Quais são as principais inspirações?

André: Artistas como Ashley Wood, Yoji Shinkawa, Yoshihiro Togashi, Simon Bisley, Tim Bradstreet, Hiroaki Samura, e tantos outros, me inspiram diariamente em sua individualidade e, agora em Blood Chronicles, espero contribuir da mesma forma. Conheci o Tim (Bradstreet) na CCXP19 e ele me falou uma coisa que simboliza muito o nosso espírito no conjunto das coisas. Artistas se “alimentam” uns dos outros. Que metáfora legal quando estamos falando de vampiros, não é mesmo? (risos)

Conheça o trabalho de André Meister aqui, e confira a seguir o novo clipe da banda Semblant, “Mere Shadow”:

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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