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Almas Gêmeas: O que é fato e ficção no filme

A Caveira te conta

07/04/2025

Em 1954, a Nova Zelândia foi abalada por um dos crimes mais infames da sua história: o assassinato de Honorah Mary Rieper por sua filha, Pauline Parker, e a amiga dela, Juliet Hulme. Na época com 16 e 15 anos, respectivamente, as duas adolescentes planejaram um ataque brutal e colocaram seu plano em ação na tarde do dia 22 de junho, quando levaram Honorah em um passeio ao parque da cidade de Christchurch. Quando o trio se encontrava em um lugar mais isolado, Parker e Hulme espancaram Honorah até a morte, utilizando como arma um tijolo escondido dentro de uma meia calça. Após a descoberta do corpo, as jovens tentaram se safar alegando que tudo não passava de um acidente. Contudo, a verdade era muito mais complexa e terrível. 

LEIA TAMBÉM: O que é verdade e o que é ficção em Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

O caso Parker-Hulme foi minuciosamente investigado pelo advogado Peter Graham em Almas Gêmeas, novo livro da marca Crime Scene da DarkSide® Books. Baseando-se em transcrições do julgamento e avaliações psiquiátricas, Graham mergulha nos antecedentes psicológicos e sociais das duas garotas, revelando um emaranhado de relações obsessivas, preconceitos, fantasias e instabilidade familiar. Uma leitura obrigatória para os interessados em true crime, Almas Gêmeas não traz apenas um uma análise detalhada dos eventos que resultaram no crime, como também uma visão da sociedade de Christchurch nos anos 1950, examinando questões como classe e expectativas sociais. 

Anos mais tarde, em 1994, a tragédia do caso Parker-Hulme foi levada para as telonas por Peter Jackson em seu filme Almas Gêmeas, originalmente intitulado Heavenly Creatures. Protagonizado por Kate Winslet e Melanie Lynskey, o longa foi considerado um dos melhores do ano pela revista Time, dando um merecido destaque a Jackson, Winslet e Lynskey. 

almas gêmeas

Ao colocar novamente o caso nos holofotes públicos, o filme também resultou na exposição pública de Parker e Hulme, que após cumprirem suas sentenças haviam desaparecido e reinventado suas vidas, inclusive mudando seus nomes. Após o lançamento de Almas Gêmeas, os jornalistas localizaram as duas mulheres, que não ficaram nem um pouco felizes em ter seu passado recuperado e reclamaram da adaptação feita para os cinemas. No entanto, ainda que Peter Jackson tenha tomado muitas liberdades criativas, os acontecimentos retratados ainda são verídicos e bastante perturbadores. Conheça agora o que é fato e o que é ficção no filme de 1994:

Juliet Hulme e Pauline Parker realmente tiveram uma relação obsessiva 

Como é retratado no filme de Peter Jackson, a amizade de Juliet Hulme e Pauline Parker começou quando a família de Hulme se mudou da Inglaterra para Christchurch, na Nova Zelândia. As duas meninas realmente tiveram doenças graves na infância, passando por períodos isolados de internamento. Hulme, agora conhecida como Anne Perry, comentou aos jornalistas que quando ficou 14 meses em um hospital psiquiátrico, a única pessoa com quem manteve contato foi Parker, que lhe escrevia uma carta por dia. No filme, Hulme é diagnosticada com tuberculose e enviada para uma clínica de repouso, onde troca cartas diárias com Parker. 

Romantizando a ideia de estarem doentes e encontrando consolo uma na outra, as duas meninas realmente desenvolveram uma intensa amizade, a qual beirava a obsessão, o que fez com que seus pais acreditassem que estavam em um relacionamento romântico. 

As garotas eram próximas, mas alegam que nunca estiveram romanticamente envolvidas

Embora nunca faça essa alegação em voz alta, Almas Gêmeas apresenta fortes argumentos de que as duas mantinham um relacionamento amoroso antes de assassinar a mãe de Parker. Caminhando em uma linha tênue entre a realidade e a fantasia, o diretor Peter Jackson deixa para o espectador decidir como era a relação das duas. Quando as duas aparecem se beijando ou tomando banho juntas, Jackson afirmou que instruiu as atrizes a realizarem as cenas como se fossem duas amigas interpretando papéis de seus personagens fictícios favoritos. 

Embora exista muita especulação sobre o relacionamento das jovens, algo bastante discutido durante seu julgamento, Hulme insiste até hoje que elas nunca estiveram romanticamente envolvidas e nunca houve um elemento sexual em sua amizade. Segundo Hulme, elas simplesmente passavam muito tempo juntas. 

A mãe de Hulme estava mesmo traindo seu pai

Em Almas Gêmeas, Juliet Hulme (interpretada por Kate Winslet) flagra a mãe se relacionando com um homem que não é seu pai. Este momento, que sugere a deslealdade da mãe e a decepção de Hulme, serve como um momento crucial para que jovem decida apoiar o assassinato da mãe da amiga. 

Segundo jornalistas que investigaram o caso, Hulme realmente descobriu que a mãe estava tendo um caso, mas os detalhes da situação não são claros. Em alguns lugares, por exemplo, é mencionado que os pais de Hulme já estavam no meio de um longo divórcio e que ela estava prestes a ser enviada para a África do Sul, como mostra o filme. 

Hulme alega que as duas garotas não escapavam para mundos de fantasia

Ao longo do filme, tanto Parker quanto Hulme se tornam cada vez mais desvinculadas da realidade. No roteiro, as meninas se tornam envolvidas com um mundo de fantasia, criado por elas mesmas, onde música e arte são celebradas e ambas se sentem seguras. Conhecido como o “Quarto Mundo”, o reino surreal de argila é um lugar onde as meninas são veneradas por servos e seres imaginários, se tornando uma fuga da realidade.

Contudo, Hulme afirma que por mais que ela e Parker passassem todo o seu tempo juntas, elas não escapavam para mundos de fantasia e não elaboravam “histórias com figuras de argila”. Hulme diz que mesmo estando tomando remédios que afetaram seu julgamento, ela ainda sabia a diferença entre fantasia e realidade.

O plano era fugir para Hollywood

Após assassinar Honorah, o plano das adolescentes era fugir para os Estados Unidos e estabelecer uma carreira no mundo literário. Um jornal publicado na época do julgamento, afirmou que as duas queriam se tornar famosas, planejando embarcar para Hollywood onde um agente literário publicaria seus romances e os transformaria em filmes. 

Em Almas Gêmeas, isso é retratado de forma menos óbvia quando as duas conversam sobre seu desejo de publicar um livro sobre o reino de fantasia que criaram e transformá-lo em filmes hollywoodianos. 

As garotas afirmaram que Honorah caiu e bateu a cabeça 

Extremamente chocante, a cena que encerra Almas Gêmeas mostra as garotas pondo seu plano em prática e assassinando Honorah com um pedaço de tijolo. Sonorizada com gritos e com cenas de fantasia, a cena encerra de forma elegante o filme, antes que o público consiga processar o que aconteceu. 

Na vida real, contudo, depois do crime Parker e Hulme tentaram convencer as autoridades de que Honorah havia caído e batido a cabeça em uma pedra. Elas correram de volta até a loja em que tinham tomando chá anteriormente e disseram aos proprietários que a mãe de Parker havia tropeçado e batido a cabeça. No entanto, quando as autoridades chegaram ao local, ficou óbvio que as duas estavam mentindo e que não se tratava de um acidente, já que o corpo de Honorah apresentava múltiplas feridas de defesa e a arma do crime foi encontrada na vegetação próxima. 

Elas realmente ficaram presas por 5 anos

As adolescentes realmente foram presas logo em seguida e, como mostra o epílogo textual de Almas Gêmeas, foram sentenciadas a cinco anos de prisão cada uma. Após serem levadas sob custódia, Hulme e Parker foram julgadas pelo Supremo Tribunal da Nova Zelândia. A defesa da dupla foi extremamente dramática, já que ambas alegaram insanidade e um médico especialista foi levado para testemunhar a seu favor. No entanto, como mencionado no filme, a alegação de insanidade não foi aceita e as duas foram consideradas culpadas. Como eram menores de idade, elas receberam a pena de cinco anos em presídios separados. 

Após serem liberadas, elas assumiram uma nova identidade e foram embora da Nova Zelândia. Hulme mudou-se para a Escócia onde assumiu o nome de Anne Perry e encontrou sucesso como romancista. Já Parker mudou-se para a Inglaterra e assumiu o nome de Hilary Nathan. Enquanto Hulme fala publicamente sobre o caso, Parker se retirou completamente do olhar público e nunca ofereceu nenhum comentário. Peter Graham, autor de Almas Gêmeas, foi capaz de localizar seu paradeiro, mas ela nunca quis conversar com o escritor. 

Não foram ordenadas a ficar longe uma da outra  

O epílogo textual de Almas Gêmeas também afirma que além da sentença de 5 anos, as meninas foram ordenadas a ficarem longe uma da outra e nunca mais se verem. Embora pareça bastante poético, isso não passa de pura ficção.

Segundo Graham, em uma coincidência do destino, as duas chegaram a morar a alguns quilômetros de distância uma da outra na Escócia. O autor de Almas Gêmeas também afirma que seria quase impossível impedir que as mulheres mantivessem contato, caso quisessem. No entanto, ele afirma que elas provavelmente nunca mais se falaram. Quando Hulme foi questionada por um repórter se havia encontrado Parker depois da prisão, ela apenas respondeu: “Por que eu iria querer fazer isso?” 

O filme é baseado em apenas um diário das meninas

De acordo com o autor de Almas Gêmeas, o filme de Peter Jackson é pontuado pelos pensamentos de Pauline Parker, que estabelecem grande parte dos eventos retratados no enredo. Isso acontece porque o diário de Parker foi o único encontrado pela polícia. Segundo Graham, o outro, pertencente a Hulme, desapareceu e provavelmente foi queimado depois que ela saiu da prisão. Desta forma, o longa de 1994 segue as entradas de apenas um dos membros da dupla, o que fez com que Hulme contestasse muitos dos eventos retratados nas telonas.

LEIA TAMBÉM: Zodíaco: O que é verdade e o que é ficção no filme de 2007

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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