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Desmistificando a sopa de letrinhas LGBTQIA+

A produtora de conteúdo, Camila Cerdeira, explica a história e o significado por trás de cada letra da comunidade LGBTQIA+.

31/08/2020

O movimento político e social de inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gênero surgiu em 1969. Se você não reconheceu o nome desse movimento social com mais de 50 anos de existência tudo bem, talvez você o conheça pelo apelido que ele tem. Movimento LGBTQIA+.

Durante muitos anos era ilegal ser LGBTQIA+ ao redor do mundo — ainda hoje em alguns países é —, mas a história desse movimento teve seu pontapé oficial em 28 de junho de 1969 quando os frequentadores do bar Stonewall, que até hoje funciona na cidade de Nova York, deram um basta à violência policial que sofriam por causa da sua sexualidade, identidade e expressão de gênero.

A revolta durou alguns dias e no ano seguinte foi organizada a primeira parada de orgulho em celebração ao que havia acontecido em Stonewall. No entanto, o nome da nossa comunidade tem se modificado ao longo dos anos para ser cada vez mais inclusivo e representar da melhor forma possível toda diversidade que existe.

Foto: The Stonewall Inn

Nos anos 1990 o termo mais popular era GLS, especialmente quando o assunto eram boates e bares. GLS significa Gays, Lésbicas e Simpatizantes. Pode-se perceber que nesse termo pessoas bi, pan ou monodissidente (pessoas que se atraem por mais de um gênero) são ignorados da comunidade, bem como as pessoas trans. O termo Simpatizantes servia para englobar todos que apoiassem pessoas gays, incluindo héteros. E foi justamente por isso que o termo foi caindo em desuso, visto que o protagonismo do movimento não deveria ser de pessoas héteros, mesmo elas apoiando a causa.

A segunda nomenclatura que veio pelos anos 2000 foi GLBT, que já é bem próximo do que a maioria conhece. Em seguida, ocorreu a mudança da ordem das letras G e L com o intuito de expressar a necessidade de discutir o machismo que existe dentro da própria comunidade e dar destaque às mulheres, assim o termo se tornou LGBT.

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Explicando um pouco o que cada uma dessa quatro letras representam, L simboliza lésbicas, que são mulheres que se atraem por pessoas do mesmo gênero. G simboliza gays, que são homens que se atraem por pessoas do mesmo gênero. B simboliza pessoas Bi, que são pessoas que se atraem por mais de um gênero, o que significa que são pessoas que podem se atrair tanto por todos os gêneros ou apenas por dois gêneros. Já a letra T vai simbolizar todas as pessoas do espectro trans, sejam elas trans-binárias ou não-binárias.

Foto: Observatório G

Agora explicando um pouco melhor a pessoa trans, é alguém cujo gênero não é condizente com o gênero que lhe foi designado ao nascer. Por exemplo, uma mulher trans ao nascer foi designada como homem, mas esse não é o gênero verdadeiro dela, por que ela é uma mulher. Já pessoas não-binárias são pessoas trans, mas que não se encaixam exclusivamente nem como homens e nem como mulheres, podendo ser de diversos gêneros como fluido, genderqueer, agênero.

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Conseguimos entender já o LGBT, mas ainda temos as letras QIA+ que foram recentemente introduzidas para dar visibilidade a ainda mais pessoas da nossa comunidade. A letra Q vem de Queer, que é um termo do inglês que pode ser traduzido aproximadamente como “desviante” e por muitos anos foi usado como ofensa até ser reapropriado pela comunidade como identidade. Queer representa todos que não se encaixam na conformidade cis e heteronormativa, ou seja, pessoas que não se veem enquadrados nos papéis e expressões de gênero tradicionais masculino e feminino ou expressão de sexualidade hétero.

A letra I faz referência ao termo Intersex, que é um termo novo por si só. Intersex é a nova nomenclatura para quem antes era considerado hermafrodita. Intersex são pessoas que nascem com características que não se enquadram propriamente aos gêneros feminino ou masculino, podendo ser relativas a anomalias cromossômicas, harmônicas ou genital.

Já a letra A, ao contrário do que muitos pensam, não representa aliados, mas sim pessoas que estão no grupo de assexualidade. A assexualidade representa os espectros ace e espectro aro. Espectro Ace engloba pessoas que ou não apresentam atração sexual alguma ou que apresentam pouca ou circunstancial atração. Vale pontuar que alguém ser assexual não significa que essa pessoa tenha aversão a sexo ou não faça sexo, apenas diz que ela não sente atração sexual. Enquanto as pessoas aro são arromanticas, ou seja, pessoas que ou apresentam nenhuma atração ou apresentam pouca atração romântico ou circunstancial. A diferença entre atração sexual e atração romântica é que a atração sexual diz sobre o desejo físico que você sente ou deixa de sentir por alguém, já a atração romântica é sobre o desejo de construir um relacionamento afetivo romântico, como por exemplo um namoro.

Por fim, o símbolo + serve então como guarda-chuva para qualquer outra identidade que não foi incluída, como por exemplo Pansexuais, Polissexuais e Two Spirit. São muitas letras e muitas identidades porque uma palavra que define muito bem a comunidade é a DIVERSIDADE. E é importante que constantemente estejamos trabalhando cada vez mais para incluir grupos que não tenham tanto destaque, como pessoas não-binárias ou pessoas monodissidente.

Sobre Camila Cerdeira

Avatar photoCamila Cerdeira trabalha com escrita, fotografia e teatro. Fez parte da equipe do NaTV e da Preta, Nerd & Burning Hell. Nerd de criação, negra, não-binário e feminista, mora em Fortaleza, onde também faz parte dos podcasts Orgulho Contra Ataca e Bisão Voador. Camila tem um texto no livro RPG Indagações e assinou com a Se Liga Editorial para publicação de Física do Amor. Espalhada virtualmente, é quase sempre possível encontrá-la discursando sobre questões sociais ou sobre nerdiandade, mas provavelmente sobre ambos ao mesmo tempo.

3 Comentários

  • strega

    28 de junho de 2022 às 17:30

    Camilla,
    que bom que existem pessoas como você, que iluminam e quebram o status-quo!

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