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E se Daisy Jones & The Six encontrasse Charles Manson?

Garotas na Escuridão captura atmosfera dos anos 1970 — para o bem e para o mal

14/03/2024

Qual é a primeira coisa em que você pensa quando se fala em anos 1970? O movimento hippie, a contracultura, o amor livre e o bom e velho rock ‘n’ roll da década? Mas também no crescimento da violência urbana, do surgimento de assassinos em série e líderes cultistas

LEIA TAMBÉM: LANÇAMENTO: GAROTAS NA ESCURIDÃO, POR JESS LOUREY

A década foi marcada por muitas mudanças sociais. Temas como liberdade e igualdade ganhavam cada vez mais força nos debates, como o avanço do feminismo e da autonomia sexual das mulheres e também dos direitos civis

A década foi embalada pelo rock de nomes como The Runaways, Pink Floyd, Led Zeppelin, Fleetwood Mac, The Doors, Blondie, e tantas outras bandas que refletiam em suas canções o sentimento de rebeldia dos jovens. Ao mesmo tempo, os crimes de assassinos em série como Ted Bundy, John Wayne Gacy, Richard Ramirez, David Berkowitz e Ed Kemper embalavam os pesadelos dos anos 1970.

Um encontro dos amores e dos terrores da década pode ser conferido em Garotas na Escuridão, lançamento de Jess Lourey que inaugura o projeto E.L.A.S — Especialistas Literárias na Anatomia do Suspense, da marca Crime Scene Fiction®.

garotas na escuridão

Se você quiser um resumo bem curto e inusitado do que esperar desse livro, podemos dizer que é como se Daisy Jones & The Six se deparasse com Charles Manson. Confuso? Calma que a gente explica.

A nostalgia de Daisy Jones and the Six

Ao contar a história de uma banda fictícia dos anos 1970, Taylor Jenkins Reid conseguiu construir muito bem a atmosfera do que era ser jovem naquela década, com direito a uma trilha sonora que presta homenagem a grandes nomes do rock ‘n’ roll, em especial à banda Fleetwood Mac.

Os personagens Daisy Jones e Billy Dunne são obviamente inspirados nos músicos Stevie Nicks e Lindsey Buckingham, com sua química intensa e ao mesmo tempo tumultuada. A autora mergulhou na dinâmica da banda verdadeira para dar ainda mais camadas e conferir complexidade a seus personagens.

daisy jones

Adaptada para uma série de TV, a história tem grandes méritos em reconstruir a atmosfera dos anos 1970 para as gerações que não viveram aquele clima de sexo, drogas e rock ‘n’ roll. Isso despertou uma espécie de nostalgia e curiosidade sobre a década. 

Até a nossa Rita Lee, que viveu isso na pele, ficou impressionada com as suas similaridades com Daisy Jones. Na época, a atriz Mel Lisboa interpretou uma versão jovem da roqueira, como se Rita Lee Jones estivesse lendo uma carta para sua “prima distante” Daisy, apontando o que elas têm em comum, desde o nome da banda de colégio de Rita (que era O’Seis) até o que significa ser uma mulher no mundo do rock. O vídeo você confere aqui.

Essa atmosfera também está presente em Garotas na Escuridão. Na história, somos transportados à pacata cidade de Saint Cloud, no Minnesota, em 1977. Para os jovens que moram ali, o verão significa liberdade e diversão, festas noturnas, bebedeiras, rock ‘n’ roll (lógico!) e aventuras pelos túneis abandonados que cortam e interligam alguns pontos da região.

garotas na escuridão

Somos apresentados a um grupo de garotas bem conhecidas na cidade. Heather e Brenda são amigas de longa data e unidas por um segredo sombrio que decidiram jamais revelar a alguém. A banda está no centro da história, o que faz com que o livro seja embalado por referências musicais que ajudam enriquecer esse cenário setentista. Um clima nostálgico até para quem não foi adolescente naquela época.

Porém, uma das companheiras de banda de Heather e Brenda desaparece misteriosamente, e talvez o tal segredo precise vir à tona. E é aqui que figuras como Charles Manson entra na nossa fórmula.

Os terrores dos anos 1970

Nem tudo é flower power quando a gente fala dos anos 1970. A década viu o assustador crescimento da violência urbana nos Estados Unidos, o que incluía alguns dos serial killers mais falados até os dias de hoje, como Bundy, Gacy e Kemper.

ted bundy

Não existe uma explicação única para essa sensação de que os piores assassinos em série se concentraram na década. Uma soma de fatores parece ser a justificativa mais plausível. Seriam eles:

Mudanças sociais significativas, com pessoas se mudando de endereço com mais frequência e não conhecendo direito seus vizinhos;

– Um clima de rebeldia generalizado, de desafiar a norma social;

Homens que se sentiam ameaçados pela ascensão do feminismo e das liberdades das mulheres (tanto é que a maioria das vítimas de serial killers são mulheres);

– A Guerra do Vietnã, que gerou muitos traumas em ex-combatentes e familiares, que não contavam com qualquer tipo de amparo psicológico para isso.

Além do aumento da violência em si, mudamos também a nossa percepção sobre ela — o que inclui o tratamento dado a esses criminosos. Foi justamente nessa época que o termo serial killer foi usado pela primeira vez pelo agente do FBI, Robert K. Ressler, autor de Mindhunter Profile: Serial Killers. O período viu a evolução da compreensão do perfil psicológico desses assassinos, permitindo melhor identificação e investigação.

mindhunter profile

A própria cobertura midiática sobre esses casos se tornou mais sensacionalista, possivelmente impulsionada pelo infame caso do Assassino do Zodíaco, que enviava correspondências cifradas para jornalistas e investigadores do caso. Foi assim que foi criada toda uma espécie de “culto” aos serial killers, como se eles fossem alguma espécie de celebridade.

LEIA TAMBÉM: O QUE TORNA ALGUÉM UM SERIAL KILLER?

E chegamos a Charles Manson

Quem era fascinado tanto pela música da época como pelo mundo das celebridades era Charles Manson. O assassino e líder do culto que ficou conhecido como Família Manson pode até não ser um serial killer, mas seus crimes e os assassinatos cometidos em seu nome revelam um dos aspectos mais sombrios daqueles tempos.

Uma das conexões tenebrosas de Manson com a música é a sua interpretação equivocada sobre as músicas dos Beatles, em especial “Helter Skelter”. Ele acreditava que a música era uma previsão de uma guerra racial apocalíptica. Na visão dele, os negros se rebelariam contra os brancos, e ele queria acelerar o processo por meio de assassinatos brutais.

charles manson

Quem já leu Manson: Uma Biografia também sabe da amizade do criminoso com Dennis Wilson, membro dos Beach Boys, no fim dos anos 1960. O músico ficou impressionado com a tal Família e até permitiu que alguns membros morassem na sua casa por um tempo. Só que em algum momento ele percebeu a cilada em que estava se metendo e pulou fora.

Dessa maneira, podemos entender como Manson representa aquele lado que corrompe toda a magia da década da mesma maneira que os crimes de Garotas na Escuridão quebram aquela nostalgia gostosa do que era ser jovem nos anos 1970. De um lado, temos nossas roqueiras sonhadoras que evocam a atmosfera de Daisy Jones & The Six, e do outro, um assassino cruel que se aproxima como uma tempestade densa e maligna, nublando para sempre o verão de 77.

LEIA TAMBÉM: “DESDE PEQUENO CHARLES MANSON ERA MAU E PERIGOSO”, DIZ JEFF GUINN, AUTOR DA BIOGRAFIA SOBRE O ASSASSINO

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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