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Enfim Halloween!

Mergulhe no universo da franquia

24/09/2021

Em um passado não tão distante, quando ouvimos falar em Halloween, duas coisas tomavam imediatamente a nossa mente: uma música e uma máscara.

Trilhas sonoras podem nos levar a caminhos tortuosos, e nos primeiros vinte segundos da primeira aparição do filme Halloween somos arrastados a uma única certeza: seremos psicologicamente devastados testados. A trilha que ficará conosco para todo o sempre é bem simples, umas poucas notas agudas, mas a tensão que ela transmite nos prepara para um tsunami. Enquanto isso, surge na tela uma abóbora esculpida, ainda distante. Mais próxima, seu rosto é cínico e assustador, iluminado pelo fogo, e a coisa rapidamente ganha outro contexto enquanto chega mais e mais perto. Estamos inseguros. Com o quê, não sabemos. Mas estamos inseguros.

Desde seu primeiro capítulo, Halloween pode ser definido com a mesma simplicidade do bom horror (não novo, não velho, o bom). No fundo não importa qual seja o nosso temor mais profundo, o que importa é que ele está ali, nos assustando e nos protegendo do perigo. Medo do escuro, dos assassinos em série, do presidente da república, de ficar sozinho em casa, medo de uma criança que aprendeu a brincar com facas. Se o idealizador desse pesadelo sazonal fazia ideia da dimensão atemporal que sua criação tomaria, talvez nunca saibamos, mas se tratando de John Carpenter, o mais provável é que ele não desse a mínima. Como muitos homens valorosos e transgressores, Carpenter  simplesmente foi lá e fez.

Depois desse pequeno aperitivo, chegou a hora da refeição principal. Então aperte o play nessa linda canção e venha curtir um passeio pelo lado mais sangrento do Halloween.

LEIA TAMBÉM: HALLOWEEN – O LEGADO DE MICHAEL MYERS, DE DUSTIN MCNEILL E TRAVIS MULLINS

Halloween – A Noite do Terror (1978)

O primeiro Halloween é um clássico por um bom motivo (não apenas um, que fique bem claro). Para começar, ele tem John “The Boss” Carpenter no comando. Isso significa que teremos uma boa trilha sonora, críticas sociais, um pouco da boa e velha violência desmedida, e tensão, toneladas e mais toneladas de tensão. Depois da pequena introdução de puro pânico e premissas de esfaqueamento, vamos direto para os olhos de um psicopata. Por eles, vemos tudo com muita clareza, mas sentimos um pouco de claustrofobia, sentimos que estamos… reféns de alguma coisa. Ele, essa coisa, é Michael Myers, uma criança. Na verdade, Michael Loirinho é um pequeno sociopata que mata sua irmã mais velha depois que ela dá uns amassos no namorado — o que premia o garotinho sem alma com um bilhete só de ida para o sanatório. Aos 21 anos, Myers se aproveita da burrice humana e foge, roubando um carro, seu macacão e uma máscara malfeita do Capitão Kirk (que se eternizaria como uma das imagens mais icônicas e assustadoras do cinema de horror). O alvo do crescido Myers é sua irmã que escapou do massacre, Laurie Strode, interpretada pela rainha do grito Jamie Lee Curtis.

Com sustos — gritos — e aparições de Michael em espelhos, jardins e janelas, Halloween redefiniu o gênero slasher e o tomou para si, com inúmeros filmes copiando suas ideias sem o menor pudor. Mas o que não se replica com facilidade é algo que só Carpenter foi capaz de criar: a atmosfera. O filme mantém uma tensão constante, um senso de vulnerabilidade que emerge dos personagens e penetra pelos olhos do espectador. Depois de Halloween, nós sempre daremos uma olhada nos nossos armários ou no banco de trás do nosso carro (pelo menos enquanto quisermos nos manter vivos).

Halloween 2 – O Pesadelo Continua (1981)

O filme começa exatamente onde o último parou — e com algumas filmagens reaproveitadas, diga-se verdade. Myers acabara de tentar matar sua irmã, Laurie (Jamie  Lee Curtis). Mas Sam Loomis (Donald Pleasence), um psiquiatra que decidiu que o assassino é desumano demais, enfia seis balas no macacão do pobre Myers. O assassino caiu, mas iria se levantar. Quando o primeiro filme terminou, seu corpo havia desaparecido; quando o segundo começa, ele está à espreita novamente, ainda se arrastando enquanto mulheres gritam no mesmo ritmo lento e enlouquecedor.

A sequência de um marco para o gênero dificilmente sustenta o bastão, e foi o que aconteceu com a segunda parte de Halloween. Mas se por um lado falta a genialidade, tensão e imprevisibilidade do original de Carpenter, por outro sobram sangue, gritos e vontade de sair correndo. Halloween 2 tenta superar todos os atos violentos do primeiro filme. Mais sangue, mais gritos, mais agonia. Possivelmente um dos primeiros closes de uma agulha sendo inserida em um globo ocular acontece nesse filme (e duas vezes!). Existem alguns outros momentos de originalidade torturante, como quando o assassino desfigura o rosto de uma mulher na água escaldante de uma banheira de hidromassagem (elemento aquoso que posteriormente foi emprestado pelo colega Jason Voorhees no mal afamado Jason X). Também temos Jamie Lee Curtis no filme, e a rainha sustenta o fator saudosismo e nos mantém na relativa esperança de um bom desfecho. Enfim, é um deleite para os fãs do bom e velho gore sem motivos, mas não passa muito disso. Se eu gosto? Bem… É claro.

Halloween 3 – A Noite das Bruxas (1982)

Algumas coisas precisam de tempo para amadurecer, mas se estamos falando de Halloween 3, essa verdade passa a ser absoluta. O filme é esquisito, não faz menção alguma aos seus antecessores e, além disso, se nada mais existisse, ele seria estranho e incompreendido por si só.

Halloween 3 é uma mistureba de várias tendências populares no terror dos anos 1980. Ficção científica, magia, ocultismo e controle corporativo (sabe como é…  capitalismo). Misturando tudo isso em um liquidificador de intenções, o proprietário de uma pequena fábrica de máscaras tenta usar seus produtos para realizar um sacrifício em massa com as crianças da cidade, com o objetivo sagaz de promover uma nova era das trevas (oh, e temos um império androide no meio de tudo isso).

Embora totalmente diferente dos dois anteriores, a terceira parte funciona como uma pérola cult do cinema dos anos 1980. A história é exagerada, não se leva muito a sério, mas o elenco liderado por Tom Atkins e Stacey Nelkin, está perfeito em seus papéis. Tom é simplesmente o suprassumo da canastrice masculina, e claro que o resultado é hilário e brilhante. Apesar de ser considerado uma espécie de experimento fracassado para muitos, o terceiro Halloween tem seu mérito reconhecido como um filme inventivo e original que, com o tempo, nos pegou por onde mais dói: o coração.

E tem aquela musiquinha. Sim, aquela musiquinha… Happy happy halloween halloween…

Halloween 4 – O Retorno de Michael Myers (1988)

Quando se está perdido, a melhor saída (quase sempre) é voltar ao início. A premissa por trás do Halloween 4 era simples: ignore o final do Halloween 2 (onde tanto Dr. Loomis quanto Michael foram definitivamente mortos) e finja que essa partida flamejante e dolorosa não foi tão ruim quanto parecia, ou seja: os dois escapam com escoriações leves. 

Dez anos depois (do tiro na fuça de Michael e do belo incêndio no final do segundo filme), Michael está de volta, desta vez atrás de sua sobrinha órfã, Jamie (Danielle Harris). As únicas coisas que estão entre o assassino em série e seu alvo são um departamento de polícia local capenga, o infatigável Dr. Loomis (que também voltou das cinzas), e a irmã adotiva de Jamie, Rachel. Concordemos aqui que nenhum desses anteparos é grande coisa perante a encarnação do mal, Myers. De resto é Michael cortando e cortando, para ser novamente “quase” morto no final. Diferente do segundo filme que só acerta no final, a quarta parte patina lindamente antes dos créditos. E tudo bem com isso. É Myers. É Halloween. Gostamos de sangue e finais bizarros.

Halloween 5 – A Última Vingança (1989)

O que vem depois de um ataque frustrado? Exato: a boa e velha vingança.

“Halloween 5: The Revenge of Michael Myers” surge no ano seguinte, criando um segundo elemento (bastante rentável) de uma trilogia paralela ao Halloween de Carpenter. O filme começa imediatamente depois do quarto filme acabar, com Michael Myers saindo de uma mina e sendo ajudado por um eremita local. Passado um ano, Michael mata o eremita e regressa a Haddonfield para matar mais algumas pessoas enquanto caça os ramos restantes de sua árvore genealógica.

Como um fator bastante positivo, a perseguição fundamental acontece na antiga casa da família Myers, um ambiente que tinha sido praticamente inexplorado até então. Mesmo com o sucesso de bilheteria, o filme reaproveitou muitos elementos anteriores, o que desanimou os fãs mais exigentes. Com essa bela patinada, uma das maiores séries de “assassinos que usam máscaras” de todos os tempos voltou a ser adormecida por vários anos. O filme segue uma espécie de flerte com poderes mentais e ligações mentais, uma tendência da época. É interessante se você dispensar comparações com outros filmes da franquia.

Halloween 6 – A Última Vingança (1995)

Seis anos depois do último filme, Myers está de volta. Previsível e encantador como sempre, nosso amado matador de macacão e máscara ainda está atrás de sua sobrinha, Jamie, que dirige uma caminhonete em alta velocidade. Mas dessa vez ele chega um pouco tarde. A moça parte em uma fuga desenfreada e, quando finalmente Myers a alcança e empala em uma grade, Jamie já tinha sorrateiramente dado à luz a um menino. Pois bem, a árvore genealógica tem novos ramos, então Michael tem trabalho a fazer. O bebê está a caminho de Haddonfield aos cuidados de alguém que Michael conhece bem. Claro, que tipo de festa seria essa sem uma aparição do velho e trêmulo Doutor Loomis, parecendo mais acabado do que nunca?

Com um nível de sangue alto e um nível de susto baixo, o sexto volume é feito para fãs, e provavelmente só pra eles. Infelizmente esse Halloween trouxe uma triste dedicatória ao final: “Para Donald Pleasence” (Donald Pleasance morreu logo após terminar este filme). Pleasence “Loomis” e Halloween se tornaram sinônimos e, de fato, muitos fãs mais jovens o conhecem apenas por meio desta série. Não percebemos imediatamente, mas sua morte sinalizou o fim de uma era.

Halloween H20 – Vinte Anos Depois (1998)

Vinte anos é um bom tempo, principalmente quando falamos de uma das maiores franquias de horror de todos os tempos. Foi esse o tempo necessário, desde o primeiro filme, para que Halloween retomasse o fôlego e mostrasse ao mundo que Myers ainda era capaz de nos fazer vasculhar a vizinhança.

Depois de fingir sua morte em um acidente de carro, Laurie leva uma vida normal há anos, livre da perseguição de Michael Myers — mas como sabemos, ele sempre volta. O que se segue é uma caçada que começa quando Michael aparece em uma festa de Halloween (do filho de Laurie, aliás). O filme é revigorante, nos leva de volta no tempo, e nos faz sorrir mesmo — e principalmente — nos piores momentos. Myers está mais brutal, preciso e dedicado, Laurie cresce como personagem para se tornar a marca definitiva da franquia, ao lado de seu irmãozinho assassino.

Halloween – Ressurreição (2002)

O milênio havia mudado, mas algumas histórias são boas (e lucrativas) demais para continuar dormindo. Dessa forma, Michael Myers foi sacudido da cova mais uma vez e trazido de volta para ceifar algumas cabeças. 

Ironicamente o filme que solidificou de vez a franquia como “Lenda do Horror” nos leva a um território um pouco moderninho, e seguimos Myers esfaqueando estudantes universitários que participam de um reality show na internet (pensando melhor, de certa forma é bem legal). Laurie aparece apenas em uma cena, quando Michael finalmente a encontra e a mata (irônico de novo, não?). Na época o filme gerou um hype enorme, e considero perfeitamente justificável até hoje. A Ressurreição trouxe mesmo Halloween de volta aos fãs.

Halloween – O Início (2007, Rob Zombie)

Como um filme com Danny Trejo, Malcolm McDowell e Rob Zombie poderia dar errado? Exato: impossível.

O novo Início segue a premissa básica do original de 1978, mas dá um foco excelente na infância de Michael Myers. O assassino mirim é mostrado aos dez anos no melhor estilo Jeffrey Dahmer de ser: ele gosta de matar animais. Michael também sofre abusos da sua irmã Judith e do padrasto Ronnie, ambos assassinados mais tarde por Michael.

Durante o período no sanatório Smith’s Grove, Michael passa os dias criando máscaras em papel machê enquanto faz terapia com Dr. Sam Loomis (Malcolm McDowell). Já bem crescidinho, Michael-Assassino-Anabolizado regressa a Haddonfield para se reunir em família. Laurie, compreensivelmente, fica aterrorizada com a presença dele e dispara em legítima defesa. E que comecem os jogos!

O filme tem uma estética setentista que nos arrasta de volta no tempo de uma forma muito especial. Digam o que quiserem, ainda o considero um dos melhores filmes da franquia. Carpenter viu algo muito assustador nos olhos daquela criança, Zombie sentiu o mesmo e os seguiu até encontrar um novo matadouro.

Halloween 2 (2009, Rob Zombie) 

Continuando de onde o filme de 2007 terminou e acelerando dois anos, Halloween 2 acompanha Laurie Strode enquanto ela lida com as consequências dos eventos do verão passado. Ao mesmo tempo em que Michael caça a irmãzinha, Dr. Loomis (encarnado ainda pelo genial McDowell) tenta capitalizá-lo em um novo livro, e essa nova conexão é realmente muito boa. Se em alguns momentos dos filmes anteriores torcemos positivamente para Dr. Loomis, nesse filme torcemos bastante para que ele leve uma facada no cérebro.

A conexão entre Strode e Myers também está mais forte, assim como a ideia de que eles compartilham problemas psicológicos semelhantes. Com isso, Zombie atingiu um filme mais introspectivo, brutal e lançou várias sementes — sobre Laurie — que ainda seriam aproveitadas.

Halloween (2018)

Vinte anos é um bocado de tempo, um bocado de amadurecimento. Mas quarenta, papai do porão, quarenta é uma vida inteira!

Em 2018 Halloween ressurge após os eventos do filme original, sem levar em conta as sequências anteriores. No longa, uma equipe de documentário britânica viaja para os Estados Unidos para visitar Michael Myers no sanatório (ao que parece, mais alguém tentando explorar financeiramente a sede de sangue de Myers novamente; Michael está preso depois de servir de tiro ao alvo ao Dr. Loomis). Como era de se esperar, Myers escapa da custódia, recupera sua antiga máscara e sai matando meio mundo. Seu alvo, entretanto, continua sendo Laurie Strode (Jamie Lee Curtis is back!!), que dessa vez se armou e preparou para a inevitável reunião com seu irmão caçula. O que acontece com a família de Laurie nesse tempo todo, o modo como tudo os afetou é muito interessante, sem dúvida um dos melhores momentos da franquia.

Halloween Kills (2021) e Halloween Ends (2022)

Poderíamos falar muito desse filme que ainda não vimos (pelo menos eu, até esse momento sombrio de setembro, não assisti), mas prefiro não falar do que não conheço. O que espero, entretanto, é mais um mergulho nas profundezas da mente da família Myers, que em um ponto manteve a honestidade e a tradição ao longo de todos esses anos. 

Os Myers matam. 

Por autodefesa, por aniquilação humana compulsória, por pura diversão. 

LEIA TAMBÉM: HALLOWEEN KILLS: NOVO FILME DE MICHAEL MYERS GANHA TRAILER

Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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