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Crime SceneEntrevista

Ilana Casoy: “O ser humano é sempre o maior medo que você tem”

Madrinha da marca Crime Scene dá entrevista ao DarkBlog

25/06/2025

Uma das maiores autoridades em criminologia do Brasil conversou com o DarkBlog durante sua participação na Casa Dark da Bienal do Livro Rio. Ilana Casoy falou sobre sua visão da popularização do true crime, como ela observa essa análise do mal nas pessoas e sobre a importância da escrita na sua área de atuação.

LEIA TAMBÉM: Ilana Casoy: Uma cronologia da dama do true crime brasileiro

A madrinha da marca Crime Scene tem publicados pela DarkSide® Books os livros Casos de Família, Serial Killers: Made in Brazil e Serial Killers: Louco ou Cruel, além de já ter publicado obras de ficção e atuar como roteirista e consultora de programas investigativos. Em uma conversa que abordou desde o cuidado com a saúde mental até projetos futuros, Ilana demonstrou a sua visão realista, mas sem perder a esperança mesmo diante de tantos crimes cruéis. Confira:

DarkBlog: Como você vê a popularização do true crime? Isso é algo que te preocupa de alguma maneira?

Ilana Casoy: Não, a popularização me ajuda, é bacana, é algo que eu acredito que as pessoas devam aprender, devam ter conhecimento. E eu acredito que isso contribui com uma cultura, como a cultura da prova, por exemplo. Hoje um jurado quer muito mais prova do que ele queria antigamente, porque ele assiste lê consome true crime. Também tenho grande orgulho de que as mulheres são maioria estatística. 

ilana casoy cronologia

D: Você sempre trata o tema de crimes reais de um modo mais prático e técnico, mas sempre levando em conta o aspecto humano. Qual é o seu papel ético e narrativo ao contar essas histórias? 

IC: Isso vocês vão saber no meu próximo livro, onde eu estou dentro, falando em primeira pessoa, e vocês vão entender exatamente o meu papel. Aguardem. 

D: O seu trabalho envolve entrar na mente de pessoas que cometeram atos impensáveis. Já teve medo de perder parte da sua humanidade nesse processo? 

IC: Medo de perder parte da humanidade, não, mas medo de perder a vida já tive. Eu acho que o medo é bom, faz você ter estratégias, planejamento de segurança. O medo não é ruim, e até o medo de você perder a saúde mental é bom, porque você passa a cuidar dela por prevenção. 

D: Além de crimes reais, você também tem um trabalho notável em obras de ficção. O que é a Ilana da ficção e a do true crime têm a aprender uma com a outra? 

IC: A ficção foi um aprendizado de poder mudar a história, e isso é muito bom. No true crime eu estou presa à realidade. Muitas vezes eu gostaria que a realidade fosse outra, que uma história acabasse melhor, que a gente pegasse o criminoso no final. A ficção me dá essa possibilidade. Se eu esqueci de pegar uma prova lá no capítulo 3, eu volto lá e coloco a prova que eu tô precisando para o capítulo 50. Então, eu acho que essa liberdade a Ilana da ficção me ensinou, e me ensinou outras linguagens que a Ilana do true crime só fazia na linguagem literária. Hoje eu transito por outras linguagens, qualquer uma, aprendi a ser aberta para aprender todo tipo de linguagem: audiovisual é completamente outra linguagem, podcast é completamente outra linguagem, então eu acho isso bacana, porque só só somou, só cresceu. 

ilana casoy

D: O que difere um seria o killer brasileiro de um americano? 

IC: A geografia, essa resposta é curta, só isso. A mente humana não tem fronteira. 

D: Se você pudesse apagar para sempre da sua cabeça um caso que você estudou, qual seria? 

IC: Eu apago todos, mas eu apago escrevendo. Cada vez que eu escrevo uma história, ela sai de mim, passa pra vocês, e eu posso seguir tranquila. Enquanto eu não escrevo é um inferno, aquilo fica me corroendo. Eu preciso escrever, é uma necessidade, e é assim que eu a elimino de dentro de mim. 

D: O que te assusta mais: os crimes em si ou o que eles revelam sobre a sociedade? 

IC: Olha, os crimes, eu acho que representam a expectativa. De alguém que já teve contato com o mal, eu nunca acho que vi o pior, porque eu sempre acho que pode ter pior, é um buraco sem fundo. O ser humano é sempre o maior medo que você tem. Se eu me perguntar “será que eu ainda vou ver alguma coisa pior que isso?” A resposta é sempre a mesma: vou. Eu acho isso muito assustador, e espero não perder um pouco da minha ingenuidade, da minha esperança, porque é fácil você perder. Mas a gente tem que lembrar  que eles são minoria, eles não são maioria. Esse mal extremo é muito pequeno perto do universo todo. E se cada um levar a sua gota, a gente vai vencer essa corrida. 

ilana casoy

LEIA TAMBÉM: 8 Curiosidades sobre Ilana Casoy

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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