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Nosferatu: Principais diferenças entre o filme de Robert Eggers e o clássico

Mais de um século separa o original do remake

15/01/2025

Uma das figuras mais icônicas do cinema de terror voltou a cravar suas presas no imaginário dos DarkSiders graças a versão de Robert Eggers para Nosferatu. Desde seu horripilante visual que lembra um roedor até as polêmicas semelhanças com o Drácula de Bram Stoker, o Conde Orlok mais uma vez prova a sua imortalidade na cultura pop.

LEIA TAMBÉM: Caveira Viu: Nosferatu

Este fenômeno pode ser conhecido em detalhes em Nosferatu: Sinfonia das Sombras, lançamento da DarkSide® da Coleção Clássicos do Cinema BFI, com análises do British Film Institute de filmes que marcaram a história. Ao investigar a evolução do mito do vampiro no filme e na cultura, o autor Kevin Jackson revela como e por que o longa de F.W. Murnau continua sendo ao mesmo tempo belo e assustador.

nosferatu

Apesar de muitos diretores já terem se proposto a adaptar a obra de Murnau, poucos expandiram a história com tanta profundidade como Robert Eggers na versão que acaba de chegar aos cinemas. Nosferatu se mantém fiel à história original de 1922, mas há alguns detalhes e mudanças que foram acrescentados para desenvolver melhor alguns personagens e prender a audiência na assombrosa história do Conde Orlok. Conheça algumas destas diferenças:

1. O novo visual de Nosferatu

Uma das mudanças que mais chamou a atenção na nova versão é justamente a aparição do Conde Orlok. Diferentemente do vampiro de F.W. Murnau, o Orlok interpretado por Bill Skarsgård não manteve aquele visual de rato. O look ficou mais grotesco, lembrando um cadáver em decomposição.

nosferatu

Além disso, os espectadores notaram que o vampirão agora tem um bigode, roupas decrépitas e algum cabelo na sua careca (já podemos chamar de calveludo)? Essa provavelmente foi uma escolha de Eggers para deixar o visual de Nosferatu mais humano, conforme explicou em uma entrevista à Vanity Fair: “Esse cara se parece com um homem nobre e falecido da Transilvânia”.

2. A criação do professor Albin Eberhart Von Franz

Outra mudança gritante foi a criação de um novo personagem, o professor Albin Eberhart Von Franz, interpretado por Willem Dafoe. O professor é um caçador de vampiros e um cientista do mundo oculto que ajuda Ellen (Lily-Rose Depp) e Thomas (Nicholas Hoult) a desvendarem o mistério por trás da maldição de Nosferatu.

willem dafoe nosferatu

Considerando a importância do personagem no novo Nosferatu, é até estranho imaginar que ele não existia nos filmes anteriores. Em vez disso, os protagonistas contam com a ajuda do professor Sievers, que cuida do hospital de doenças mentais de Wisborg. A criação de Von Franz permite que o público conheça melhor os fatores paranormais do filme, como as habilidades de Ellen para se conectar com o Outro Lado. 

3. Ellen invoca o Conde Orlok

A relação entre o Conde Orlok e Ellen Hutter mudou bastante no novo filme. Na adaptação de Eggers, Ellen é responsável por invocar o Conde quando era mais jovem, usando sua conexão com o sobrenatural. Por causa disso, a relação deles não é apenas mais íntima, mas se mantém por um longo período, até seu desfecho trágico para os dois.

nosferatu

Essa mudança explica os motivos por trás da obsessão de Orlok com Ellen, e dá mais importância à personagem, que pretende fugir do seu predador. No original, o interesse do Conde por ela começa porque ele vê uma foto da jovem quando Thomas o visita no castelo. A escolha de Ellen de invocar o Conde Orlok também dá mais profundidade à personagem, que era simplesmente uma vítima indefesa no filme de 1922.

4. Nosferatu ataca as vítimas na região do peito

Uma mudança pequena, porém significativa na versão de Eggers: diferentemente do vampiro clássico que ataca suas vítimas no pescoço, o novo Conde Orlok as ataca no peito, de uma maneira bem mais grotesca.

nosferatu

Optar por esse tipo de ataque é mais uma das maneiras que o cineasta encontrou de evidenciar a brutalidade de Nosferatu. Segundo ele, a escolha foi feita para homenagear as antigas histórias de vampiros, nas quais os vampiros atacavam suas vítimas no peito, próximo ao coração, e não no pescoço. 

5. O tempo de tela de Friedrich e Anna

Vários coadjuvantes ganharam papéis maiores no novo filme, e o destaque aqui certamente fica para Friedrich (Aaron Taylor-Johnson) e Anna Harding (Emma Corrin), o casal de amigos de Thomas e Ellen. Comparado ao clássico, os dois personagens ganharam mais profundidade, o que torna seus destinos ainda mais trágicos.

anna nosferatu

Entre as principais diferenças para o filme de Murnau, podemos destacar que no de 1922 Friedrich vive com sua irmã, Anna não é sua esposa, e ele não tem filhos. Enquanto Ellen fica com os Hardings, ela mal interage com eles — mas na nova versão ela e Anna são amigas de longa data, e Friedrich e Thomas são tão próximos quanto. O ceticismo de Friedrich diante do sobrenatural também foi uma adição de Eggers.

6. O relicário de Ellen

Pode parecer detalhe, mas para Eggers tudo tem um propósito. No novo Nosferatu, Ellen dá a Thomas um relicário com um pouco do seu cabelo antes de ele partir. O objeto tem um papel importante na narrativa, estreitando a conexão de Orlok com Ellen.

nosferatu

O filme de 1922 não tem esse relicário, em vez disso Thomas carrega uma foto de Ellen, que desencadeia a obsessão de Orlok por ela. Apesar de parecer uma mudança pequena, é mais um elemento que mostra o papel ativo de Ellen no triângulo amoroso.

7. A tentativa frustrada de Thomas em matar o Conde Orlok

Outra mudança pequena, mas repleta de significado está nas interações de Thomas com o Conde no castelo. Apesar de originalmente Thomas tentar fugir quando descobre a verdade sobre Orlok, o personagem de Nicholas Hoult tenta matar o vampiro com uma estaca. Mas isso não dá certo, até porque seria um filme muito curto.

thomas nosferatu

A decisão de Robert Eggers de incluir esse ataque serve para dar uma camada de coragem a Thomas, que anteriormente tinha se acovardado na presença de Orlok. Além disso, mostra o comprometimento de Thomas em proteger Ellen, que ele agora sabe ter se tornado alvo do vampiro.

8. A carruagem que leva Thomas não tem pessoas

Mais um detalhe que prova os poderes sobrenaturais de Orlok e confere ainda mais terror para o público. Diferentemente do original, em que Nosferatu conduz a carruagem que leva Thomas ao castelo, aqui não há pessoa alguma fazendo isso.

nosferatu carruagem

Além de ser bem assustador de ver, ajuda a construir o terror de Thomas conforme ele se aproxima do seu misterioso destino e se depara com coisas além de sua compreensão. 

9. A dinâmica do triângulo amoroso

Enquanto Orlok e Ellen têm um contato mais breve no clássico, o novo Nosferatu dá aos dois um complexo envolvimento romântico e sexual. Quando Orlok se reconecta a ela após seu casamento, testemunhamos um complicado triângulo amoroso entre Ellen, Thomas e Orlok que causa a destruição de quem estiver por perto.

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A mudança explica melhor a obsessão de Orlok com Ellen, datando desde a primeira vez em que ela o invocou. Para a personagem, seu passado sombrio com o vampiro causa tanto vergonha quanto excitação. A trágica natureza desse triângulo aprofunda as motivações dos protagonistas, tornando Nosferatu mais do que um filme de vampiros, mas um estudo da natureza e dos impulsos humanos.

10. Knock ganha uma história de origem

Nosferatu revisita o personagem de Knock, o capanga de Orlok que o ajuda a capturar suas vítimas. Apesar de sua aparição no original ser bem breve, Eggers optou expandir o personagem com mais tempo de tela e uma história de origem.

De modo semelhante ao original, descobrimos que Knock é o chefe de Thomas, que se envolvia espontaneamente com ocultismo, adotando práticas nefastas para se comunicar com o Conde Orlok. Na nova versão, nós o vemos aterrorizando aldeões, planejando a captura de Thomas e se consultando com Orlok. Com isso, podemos entender melhor o contexto da espiral de loucura e sua ligação com o vampiro, tornando-o um personagem que é ao mesmo tempo mais assustador e trágico.

LEIA TAMBÉM: 10 Estereótipos de vampiro da cultura pop

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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