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O que é afrofuturismo

Conheça o movimento referenciado em Afrofutulírica

01/10/2024

Um movimento inter e pluridisciplinar que engloba cultura, estética e política, reverberando na música, na moda, no cinema, nas artes plásticas e, é claro, na literatura. Esse é o afrofuturismo. Concebido enquanto um quadro estético e crítico, o afrofuturismo é uma combinação de gêneros, crenças e histórias que criam narrativas a partir da perspectiva e do protagonismo negro, assim como da celebração das identidades e ancestralidades africanas.

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Para isso, o afrofuturismo utiliza elementos da ficção científica, da ficção histórica e da ficção especulativa, assim como da fantasia, da afrocentricidade e do realismo mágico com crenças não-ocidentais, para abordar não apenas dilemas contemporâneos, como também revisar e reexaminar eventos históricos determinados por opressões raciais. Desta forma, o afrofuturismo ocasiona um encontro entre passado, presente e futuro, utilizando histórias, mitologias, cosmologias e vivências negras e diaspóricas para conceber narrativas que englobam tecnologia, ciência e mundos inexplorados

Embora carregue o futuro em seu nome, o afrofuturismo não está ligado unicamente a experiências e visões relacionadas a ele. Na verdade, o movimento se relaciona com qualquer tipo de especulação conectada à experiência negra e africana, as quais podem estar ambientadas no passado, no presente ou até mesmo em dimensões e espaços alternativos. 

afrofuturismo
Ilustração: Aïda Amer/Axios. Foto: Gérard Sioen/Gamma-Rapho via Getty Images

Primeiros exemplos e referências em afrofuturismo

Embora possa ser identificado em inúmeras práticas artísticas ao longo das décadas, o conceito em si foi cunhado apenas em 1993 pelo crítico cultural Mark Dery em seu artigo “Black to the Future”, uma brincadeira com o título do filme de ficção científica De Volta para o Futuro. Com base em entrevistas realizadas com três artistas negros, Dery realizou uma análise de pontos e temas em comum da ficção cientifica afro-americana, a qual cunhou então como afrofuturismo

Apesar do termo ter nascido na década de 1990, muitos especialistas concordam que manifestações do afrofuturismo já existiam na música, na arte, na fotografia e na literatura desde o final dos anos 1950. É o caso do romance Homem Invisível publicado por Ralph Ellison em 1952, das composições do músico americano Sun Ra na década de 1960 e das obras do artista Jean Michel-Basquiat, por exemplo. Outros dois nomes frequentemente associados ao movimento são os escritores Samuel R. Delany e Octavia Butler, responsáveis por obras e ideias seminais do afrofuturismo

octavia butler

Características e manifestações do afrofuturismo

Segundo Ytasha L. Womack, autora de Afrofuturism: The World of Black Sci-Fi and Fantasy Culture, o afrofuturismo é uma intersecção entre a imaginação, a tecnologia, o futuro e a libertação. O movimento estimula não apenas novos olhares e análises, como também valoriza aspectos culturais e identitários dos povos africanos, assim como sua inserção em discussões sobre tecnologia, ciência e ficção científica.

Em um movimento pendular, que olha tanto para frente quanto para trás, o afrofuturismo surge como uma maneira de questionar a sociedade e imaginar futuros possíveis e prósperos através de lentes culturais e sociais negras. De acordo com Womack, desta forma, o afrofuturismo funciona como uma válvula de escape de opressões sociais e do racismo, ao mesmo tempo em que fornece uma forma para retornar ao passado e confrontar violências e traumas, como a escravidão. Para a autora, por exemplo, uma abdução alienígena pode ser utilizada como alegoria para o terror de ter sido retirado à força de sua terra natal e traficado para outro lugar do mundo. 

Por mais que o termo tenha nascido nos Estados Unidos, o afrofuturismo possui expressões em todo o mundo, inclusive no Brasil, contando também com uma atuação para além e das artes com a função de movimento social e político e um posicionamento que perpassa resistência e sobrevivência. Nisso, um dos principais objetivos é ressaltar a valorização da imaginação enquanto uma ferramenta de mudança social e de construção de novas possibilidades e realidades. 

arte afrofuturista de douglas lopes
Arte de Douglas Lopes, ilustrador afrofuturista / Crédito: Douglas Lopes

Afrofuturismo hoje

Atualmente, o afrofuturismo é constantemente citado ao lado dos quadrinhos e filmes do Pantera Negra, mas também possui expressão em artistas como Beyoncé e Janelle Monáe. Já o Brasil conta com representantes como a cantora Gaby Amarantos, o grupo musical Senzala Hi-Tech, o autor Fábio Cabral e o cantor Gilberto Gil, que desde os anos 1960 se associa a estéticas afrofuturistas.

Outro nome famoso é o de Eve L. Ewing. A autora, acadêmica, artista e educadora trabalhou em diversos projetos da Marvel Comics como Coração de Ferro e Pantera Negra. Além disso, Ewing leciona Sociologia na Universidade de Chicago onde é professora associada do Departamento de Raça, Diáspora e Indigenidade, fornecendo cursos sobre afrofuturismo, o qual há anos vem sendo um dos temas centrais de suas pesquisas. 

Essa relação duradoura é evidente em Afrofutulírica, obra recém-chegada na DarkSide® Books. Um livro sobre a vida real e lugares imaginários, Afrofutulírica é uma mistura envolvente de poesia, arte visual e prosa narrativa na qual Ewing combina realismo mágico e ficção científica para abordar temas como racismo, identidade, passado e futuro. O livro leva o leitor até as ruas da Chicago dos anos 1990, quando a chegada de seres de outro mundo desafia as concepções coletivas de memória e história, colocando figuras familiares em cenários para lá de fantásticos e surreais. 

afrofutulírica

Em Afrofutulírica, Ewing emprega a imaginação como ferramenta de enfrentamento e mudança, entrando em discussões importantes sobre raça, amadurecimento, gênero e identidade. O resultado é uma obra transformadora e inesquecível, uma leitura essencial para aqueles que desejam conhecer mais do afrofuturismo.

LEIA TAMBÉM: Os trabalhos de Eve L. Ewing para a Marvel

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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