Graphic Novel • Lançamento

O que é o Ritual Romano abordado na nova Graphic Novel da DarkSide?

O livro litúrgico escrito em latim e com mais de 500 páginas orienta padres católicos do mundo todo a lidar com o maligno

05/09/2019

Publicado originalmente em 1614, o livro intitulado Rituale Romanum (Ritual Romano) contém mais de 500 páginas com instruções e rituais a serem seguidos pelos padres católicos. O livro litúrgico também apresenta o único ritual formal para exorcismo sancionado pela Igreja Católica no final do século XX. Há orientações de como abençoar água e imagens, além dos ritos necessários para exorcismo de demônios incorporados em pessoas, casas e outros lugares que possam ter sido dominados por entidades malignas.

Imagens da HQ Exorcismo: O Ritual Romano. — Exorcismo: O Ritual Romano

O Rituale Romanum, no entanto, orientava os padres católicos a não realizar ritos de exorcismo em pessoas que não estivessem realmente possuídas. Os casos de possessão demoníaca real são extremamente raros – tornando-se muito mais difíceis de determinar quando o mal está presente e mais fácil de confundir manifestações malignas com doenças mentais. Desde sua publicação, essa espécie de manual sagrado permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

Essas revisões mudaram, por exemplo, “sintomas de possessão são sinais da presença do demônio” para “sintomas de possessão podem ser sinal de demônio”. Em outra, “aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades” foi alterada para “aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais”.

Apesar da raridade desses acontecimentos, o padre Cesare Truqui, ex-aluno de um dos maiores exorcistas do Vaticano, o padre Gabriele Amorth, que afirmava ter realizado mais de 10 mil rituais de exorcismo, ainda considera importante a formação de padres exorcistas.

Em 2018, Truqui ministrou uma série de palestras durante um curso sobre “exorcismo e oração de libertação”, de acordo com o Vaticano. O curso visava oferecer uma reflexão rica e articulada sobre um tema que, por vezes, é omitido e controverso. Padres da igreja católica reconhecem que temas que envolvam possessões demoníacas e o maligno ainda são encarados como tabu — algo que pode prejudicar ainda mais a busca por libertação.

Segundo Truqui, “a luta contra o maligno iniciada em nossa origem, é destinada a durar até o fim do mundo. Mas hoje estamos em uma fase crucial da história: muito cristãos não acreditam mais na sua existência, são nomeados poucos exorcistas e não existem mais jovens padres dispostos a aprender a doutrina e a prática de libertação das almas”. Para ele “Cristo foi o primeiro exorcista”.

Em Exorcismo: O Ritual Romano, HQ do roteirista em quadrinhos El Torres, com ilustrações tenebrosas de Jaime Martínez, os recantos mais sombrios do Vaticano são revelados e fazem com que o leitor testemunhe um caso de possessão demoníaca que pode mudar para sempre o destino da humanidade. Lançada pela DarkSide Books, Exorcismo: O Ritual Romano, mesmo sendo uma obra de ficção, apresenta uma versão do que poderia ter motivado a renúncia de Bento XVI. O papa alemão foi o primeiro a abdicar de seu ministério desde 1415. No texto em que analisa o processo de criação da graphic novel, El Torres conta que a semelhança não foi intencional. Ele já trabalhava com a ideia quando o Santo Pontífice anunciou seu afastamento. “A realidade contou a história mais rápido do que eu. Uma pequena vingança, já que normalmente costumo usar fatos aqui e ali quando estou construindo uma história”, afirma o autor.

Como deve ser realizado um exorcismo, segundo o Ritual Romano

Escrito em latim durante o papado de Paulo V, o Rituale Romanum não conta apenas com orientações para os demônios voltarem para seus devidos lugares, mas também com ritos de batismo de criança entre outras práticas comuns na igreja católica.

Como já observamos nos cinemas e nos livros do casal de demonologistas Ed & Lorraine Warren, os exorcistas nunca trabalham sozinhos. E o ato de exorcizar um demônio não deve ser feito por qualquer um — apenas um padre, após analisar o caso e pedir permissão a um bispo superior, ele poderá iniciar os ritos de exorcismo. Há uma preparação antes do padre se encontrar com a pessoa possuída para, em seguida, aplicar o que orienta o livro litúrgico Rituale Romanum.

O livro recomenda que o padre exorcista deve se confessar — antes de iniciar o ritual. Ele deve vestir sua sobrepeliz com estola roxa e, ao entrar no local, deve fazer o sinal da cruz nos demais envolvidos no ritual e em si mesmo, além de espalhar água-benta pelo lugar. O ritual começa com a Ladainha dos Santos até o demônio se manifestar no possuído. Após a expulsão, o padre exorcista deve finalizar o rito com oração pedindo proteção à pessoa que foi possuída pelo maligno.

Malachi Martin, famoso padre exorcista, classifica as etapas de um ritual de exorcismo como: fase 1: presunção — quando o demônio esconde sua verdadeira face; fase 2: ponto fraco — quando o demônio, finalmente, se mostra; fase 3: conflito — quando há uma disputa entre o exorcista e o demônio pela alma da pessoa possuída; e fase 4: expulsão — quando o demônio abandona o corpo do possuído. Não há uma estimativa de tempo desses rituais, que podem levar dias. Malachi morreu após ser empurrado por uma força inumana durante um ritual de exorcismo em uma menina de 4 anos, em 1999. Sua vida virou tema do documentário Hostage To The Devil, pela Netflix, que conta com depoimentos de pessoas que conheceram Martin, sua assistente nos rituais de exorcismo e entrevistas dadas pelo padre.

2 Comentários

Gracielly Ferreira Da Costa

6 de setembro de 2019 às 12:55

Gracielly Ferreira Da Costa

6 de setembro de 2019 às 12:55

Achei interessante ,que,quando falamos em exorcismo muitos na geração de hoje não acredita em certa possessão maligna… Essa pequena leitura me fez ver que o mal pode sim ser combatido.

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