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O Satanismo de O Bebê de Rosemary

O diabo não está apenas nos detalhes na obra de Ira Levin

31/03/2022

Um jovem casal se muda para um apartamento bem-localizado em Nova York. Ele se concentra em sua carreira de ator, enquanto ela se empenha em organizar tudo para a vida a dois – e quem sabe em breve à três. A vizinhança é receptiva até demais, ao ponto de ser invasiva. O que poderia ser o plot de uma novela, na verdade esconde um fundo muito mais satânico do que aparenta.

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Provavelmente um dos aspectos que torna o horror de O Bebê de Rosemary tão perturbador é essa abordagem cotidiana. Não é um monstro ou um espírito que surge do nada, e sim, o dia a dia de um casal repleto de planos e esperanças que de repente se vê envolto em acontecimentos suspeitos que podem ter consequências demoníacas.

O livro adaptado para o filme de 1968, que consagrou a atriz Mia Farrow como Rosemary e ajudou a alavancar a carreira de Hollywood do diretor Roman Polanski, chegou na DarkSide® Books. O romance de Ira Levin explora a atmosfera sombria dos clássicos góticos com uma trama moderna sobre bruxas e demônios que nos transporta para o conturbado Estados Unidos dos anos 1960.

Maternidade demoníaca

Se hoje em dia as mães do terror já têm um cluster para chamarem de seu, elas devem muito a Rosemary. Mesmo fora das histórias do gênero a maternidade já é algo assustador: provoca mudanças significativas no corpo da mulher (algumas inesperadas) e depois vem carregada de toda a responsabilidade de criar um novo humano em um mundo cada vez mais ameaçador.

Ainda assim, há algo de milagroso e até mesmo santo na maternidade: a dedicação incansável da mãe durante a gestação e após. Isso sem contar todo o imaginário cristão em torno da imagem da Virgem Maria e do milagre que foi o nascimento do Menino Jesus – que justifica a data comemorativa mais importante do Ocidente: o Natal.

Mas Ira Levin vai além: ele pega todos os elementos da gestação santificada de Rosemary, uma mulher franzina e amável, e coloca em um ambiente potencialmente ameaçador. A própria concepção do bebê já ocorre de maneira profana, com uma Rosemary inebriada, aqueles flashes perturbadores que aparecem no filme, arranhões pelo corpo na manhã seguinte e uma futura mãe que não se lembra do que ocorreu. Naquela época já era, mas hoje em dia chamamos isso pelo seu verdadeiro nome: abuso sexual.

Conforme os vizinhos se intrometem cada vez mais na vida do casal e principalmente na gestação de Rosemary, ela começa a desconfiar das intenções do grupo, e esbarra na suspeita de que eles sejam satanistas. Porém, na cabeça da personagem o maior risco ali era o de que seu bebê seria utilizado como sacrifício em rituais satânicos, não que ela estivesse carregando o próprio filhote da Besta.

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Créditos: Paramount Pictures

Gerando o Anticristo

Muito antes de ter escrito o livro, Ira Levin partiu do princípio que o suspense é muito mais forte antes do terror acontecer do que depois. Com isso, teve a ideia de que um feto seria um mecanismo eficiente de horror se a pessoa que o estivesse gerando soubesse que havia algo maligno ali.

Anos se passaram até que o escritor pudesse definir o que seria o tal embrião do mal: ou um alienígena ou o próprio Diabo. Conforme ele aprofundou sua pesquisa sobre ritos satânicos, foi moldando todo o conceito de O Bebê de Rosemary.

Levin misturou a Manhattan contemporânea – dos anos 1960, no caso – com toda a ideia da Virgem Maria com o Menino Jesus. Em 1965 o papa Paulo havia feito uma visita a Nova York, o que alimentou ainda mais a criatividade do autor para traçar essa dicotomia cristã: como seria se, em vez de Jesus, o próprio Anticristo nascesse entre nós nos dias de hoje? 

O livro recebeu ótimas críticas, incluindo citações de Truman Capote, e logo foi adaptado para as telonas. Os direitos passaram por um verdadeiro leilão e quase acabaram nas mãos de Alfred Hitchcock. O Bebê de Rosemary foi o primeiro filme de Roman Polanski em Hollywood e, nas palavras de Ira Levin, “trata-se provavelmente da adaptação mais fiel já feita”. Mas a trajetória do filme não foi tão tranquila assim.

O diabo além dos detalhes de O Bebê de Rosemary

Ainda quando estava escrevendo o livro, Ira Levin imaginou que talvez a repercussão não fosse das melhores, justamente por lidar com o satanismo e da concepção do Anticristo possuir alguns paralelos com o nascimento de Jesus. Mas nada disso se compara à polêmica gerada pelo filme, que alcançou audiências muito maiores. Até hoje o longa é considerado amaldiçoado.

Há vários fatores e coincidências que contribuem com essa aura de maldição em torno de O Bebê de Rosemary. Tudo começa, é claro, por ter sido um dos primeiros filmes a abordar o Diabo de uma maneira tão realista, inserido na vidinha pacata de um casal. Dizem que o longa sofreu um castigo divino por falar de um assunto que nunca deveria ser abordado. 

Acredite ou não neste tipo de condenação, a verdade é que muita coisa esquisita e até algumas tragédias ocorreram em lugares e com pessoas envolvidas na produção. Conheça algumas delas:

– O edifício Dakota, utilizado nas cenas externas do prédio em que o casal do filme mora, já foi habitado por Aleister Crowley, famoso ocultista britânico. Dizem que ele praticava rituais satânicos no seu apartamento.

Upper West Side, Manhattan, New York City

– O produtor do filme, William Castle, recebeu diversas ameaças de morte alegando que ele havia trazido o mal para a Terra. Ele morreu de AVC aos 63 anos.

– Sharon Tate, companheira de Roman Polanski, e amigos do casal foram brutalmente assassinados pelos seguidores de Charles Manson. Ela estava grávida.

Roman Polanski foi preso pelo abuso sexual de uma menina de 13 anos de idade em 1977. Antes do julgamento, ele fugiu para a Europa, onde se encontra foragido até hoje.

Mia Farrow assinou os papéis do divórcio com Frank Sinatra quando ainda estava no set de O Bebê de Rosemary – o motivo teria sido o envolvimento da atriz com a produção. Mais tarde ela teve um longo relacionamento com o diretor Woody Allen, que terminou quando ela descobriu que ele a traía com sua filha adotiva do casamento com André Previn. Dylan Farrow, filha de Mia e Woody, acusou Allen de abuso sexual.

– O chefe de produção da Paramount, Robert Evans, fortemente envolvido no longa, sobreviveu a três AVCs e foi acusado de assassinato, o que quase custou sua carreira.

– O edifício Dakota também foi o local onde John Lennon foi assassinado por um fanático – mais precisamente no portão que aparece na cena de abertura do filme.

– O compositor da trilha sonora, Krzysztof Komeda, escorregou de um penhasco em Los Angeles em circunstâncias misteriosas, pouco depois do lançamento do filme. Ele entrou em coma e morreu poucos meses depois. Dizem que o único momento em que ele havia despertado do coma foi enquanto ouvia a canção de ninar escrita para Rosemary.

Dentro e fora dos sets, O Bebê de Rosemary parece impregnado por forças demoníacas. O suspense orquestrado por Ira Levin ultrapassa as barreiras dos livros e até das telonas, provocando um terror travestido da pacata vida cotidiana e lembrando que nunca estamos completamente seguros.

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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