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Radium Girls: Conheça o filme sobre a história de Radioativas

A história das mulheres que lutaram contra o tempo

30/05/2024

O ano era 1917. A U.S. Radium Corporation, companhia envolvida na extração e purificação de rádio, havia inaugurado sua primeira fábrica em Nova Jersey, voltada para fabricação de relógios com mostradores semiluminosos. Em seguida, no começo da década de 1920, vieram outras fábricas: uma em Illinois e outra em Connecticut. Centenas de trabalhadores, na sua grande maioria mulheres, foram empregados com um único propósito: pintar manualmente mostradores de relógios, os quais eram iluminados por uma tinta feita de rádio.

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Embora hoje seja praticamente impossível conceber algo assim, no começo do século XX o rádio estava na moda. A substância brilhante, que havia sido recentemente descoberta por Marie e Pierre Curie, era encarada como um elemento revolucionário e estava em todos os lugares: farmácias, clínicas, mercearias, fábricas e até mesmo no conforto dos lares. Vendido como milagroso e inofensivo, o rádio aparecia na composição de comprimidos, manteiga, tônicos, relógios e até mesmo em cremes dentais. Entretanto, havia um grande problema: ninguém imaginava a capacidade destrutiva do elemento

Então, quando as trabalhadoras da U.S. Radium Corporation foram contratadas para pintar à mão os mostradores de relógios era como se houvessem ganhado na loteria. Afinal de contas, era um emprego extremamente desejado e disputado. Após serem informadas de que a tinta era inofensiva, elas foram instruídas a lamber seus pincéis, para assim pintar traços mais finos e otimizar o tempo de trabalho. Contudo, a história logo tomou um rumo sombrio quando essas mulheres começaram a adoecer subitamente, desenvolvendo problemas como anemia, perda de dentes e cabelo, dores severas, ossos quebrados, erosão espinhal e até mesmo necrose da mandíbula.

fábrica rádio

Em 1924, cerca de 50 trabalhadoras estavam doentes e uma dúzia havia morrido, muitas das quais ainda estavam na casa dos vinte anos. Quando seus empregadores ignoraram os problemas e os efeitos colaterais, um grupo corajoso de garotas iniciou uma luta por justiça que mudou para sempre os direitos trabalhistas e a segurança no trabalho — salvando milhares de vidas pelo caminho.

Esse caso surpreendente é investigado em Radioativas: As Mulheres que Lutaram contra o Tempo, fruto da pesquisa da autora e editora Kate Moore. Recém-chegado na DarkSide® Books, Radioativas retrata um dos maiores escândalos da história norte-americana do século XX, o qual se tornou uma corajosa e emocionante batalha por justiça que merece ser conhecida por todos nós. Ao longo das décadas, a história relatada em Radioativas foi levada para diversos episódios de televisão, peças de teatros e programas de podcasts. Era uma questão de tempo até se transformar em um filme, o que finalmente aconteceu em 2018 com Radium Girls

radioativas

Radium Girls

Dirigido pela dupla Lydia Dean Pilcher e Ginny Mohler, Radium Girls conta justamente a história verídica das jovens trabalhadoras que decidiram abrir um processo contra seus empregadores após descobrir os devastadores efeitos do rádio em seus corpos. Para isso, o roteiro acompanha duas irmãs, Bessie e Josephine “Jo” Cavallo, interpretadas respectivamente por Joey King (The Act) e Abby Quinn (Batem à Porta), que vivem com o avô em Nova Jersey. Sonhando com lugares distantes e uma vida melhor, as duas trabalham pintando mostradores de relógios na American Radium Factory (fusão fictícia entre a U.S. Radium e Radium Dial). 

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Tudo muda quando Jo — conhecida por sua pintura eficiente e precisa — misteriosamente perde um dente, ficando cada vez mais doente e recebendo o diagnóstico de sífilis pelo médico da American Radium. Atordoada, a jovem Bessie de apenas 17 anos resolve investigar a causa dos sofrimentos da irmã. Juntas, elas descobrem que a saúde de Jo está se deteriorando devido à exposição ao rádio, utilizado na tinta dos relógios que ambas pintam todos os dias, e que a empresa mentiu acerca da segurança do material. 

radium girls

Radium Girls é baseado nos eventos reais, mas muitos nomes e detalhes foram alterados visando tornar a narrativa mais coerente, a qual se desenrola por meio da relação entre as irmãs Cavallo, que são baseadas em mulheres reais, mas que tiveram suas histórias ampliadas para o filme. Outra alteração que o longa faz é condensar os eventos em Nova Jersey, apesar de muitos detalhes serem retirados dos incidentes que aconteceram nas outras duas fábricas da empresa. A produção também insere o evento no contexto dos movimentos dos direitos civis e da comunidade ativista, principalmente por meio de Bessie e seu envolvimento com um jovem fotógrafo comunista, o qual lhe fornece uma nova perspectiva sobre o mundo. 

O filme teve sua primeira exibição em 2018 no Festival de Cinema Tribeca, sendo inicialmente programado para estrear em abril de 2020. Contudo, acabou sofrendo diversos atrasos devido à pandemia da covid-19, sendo lançado em outubro do mesmo ano, recebendo críticas mistas. No entanto, a obra foi elogiada pela sensibilidade ao retratar os danos físicos causados pela radioatividade, assim como a abordagem ampliada de temas como gênero, feminismo e conflitos de classe. 

radium girls

Embora Radium Girls utilize amplamente da ficção para construir suas cenas, há algo perturbadoramente real no momento em que o corpo de Mary Cavallo, irmã mais velha de Bessie e Jo falecida dois anos antes, é exumado. Essa cena vem diretamente da história de Amelia “Mollie” Maggia, que morreu em 1922 aos 25 anos. Segundo o médico examinador da U.S. Radium Corporation, a causa de sua morte era sífilis. Cinco anos após o falecimento, quando as suspeitas sobre a tinta de rádio se intensificaram, sua família permitiu que o corpo fosse exumado. A revelação foi atordoante: Mollie havia sido uma das primeiras Radium Girls de Orange, Nova Jersey, a falecer por envenenamento. Segundo Kate Moore, em Radioativas: As Mulheres que Lutaram contra o Tempo, o interior do seu caixão brilhava. Sua irmã mais nova, Quinta Maggia McDonald faleceu em 1929 pelos mesmos motivos trágicos. 

Uma emocionante busca por justiça

O caso notório abordado por Radium Girls trouxe um impacto duradouro nas áreas da saúde e segurança no trabalho, assim como nos estudos de radioatividade. Recusando ser silenciadas, essas jovens trabalhadoras decidiram lutar por seus direitos e enfrentar o sistema corporativo e jurídico norte-americano do início do século XX. 

Recém-chegada na marca DarkLove, Radioativas: As Mulher que Lutaram contra o Tempo combina história, ciência e relatos pessoais para destrinchar esse caso e as histórias dessas garotas extraordinárias, assegurando que suas lutas, dores e reivindicações jamais sejam esquecidas. Radioativas  é uma leitura forte e emocionante que com certeza vai conquistar os DarkSiders interessados em casos históricos e títulos de não ficção. 

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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