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The Entity: O horror que possuiu uma geração

Horror sobrenatural com a marca de Frank De Felitta

01/12/2023

Em um passado não muito distante, todos levavam a vida, e a vida após a mortem com a mesma seriedade. Anos e anos nos quais as orações e um bom curso de datilografia poderiam colocar você à frente no disputado mercado do secretariado executivo. Eram outros tempos, se é que você me entende, tempos ideais para se adaptar o livro de maior sucesso de Frank De Felitta, The Entity. Por aqui, o filme sofreu o rebatismo de O Enigma do Mal, e, convenhamos, dessa vez o título proposto não está tão distante da verdade.

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Nascido em 1982 e dirigido por Sidney J. Furie (e com roteiro do próprio Frank De Fellita), começamos The Entity ao lado de Carla Moran (interpretada por Barbara Hershey), que é uma mulher bastante ocupada, fazendo seu melhor para garantir um espaço na sociedade americana da época. É tarde da noite, Carla chega em casa e encontra os filhos dormindo, o que não a impede de guardar alguns brinquedos, dar uma arrumada na casa e ceder um beijinho às crianças. Também conhecemos Bill, o filho mais velho, que segura as pontas em casa com os irmãos mais novos enquanto a mãe garante o sustento. Infelizmente para essa família, essa não será uma boa noite.

the entity

Antes de continuarmos, vamos deixar de vez um aviso. Se você tem algum problema muito sério ou bloqueio relacionado a violência sexual no cinema e nos livros (na vida real esperamos que você tenha, assim como nós), talvez The Entity não seja ideal para você. 

the entity

Com essa prerrogativa, tão logo Carla vai para o seu quarto e se prepara para dormir, ela é violentada por algo invisível, uma presença que, de alguma maneira, consegue agredi-la fisicamente. A cena é brutal e impiedosa, a trilha sonora nos deixa em estado de pânico, Carla e os closes realistas em seu rosto nos fazem mergulhar em desespero. 

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Quando se liberta do ataque, Carla grita por ajuda e seus filhos chegam até ela; o mais velho, Billy, vasculha a casa, sem nada encontrar. Em sete minutos de filme, a premissa está estabelecida, e nós não desviaremos os olhos da tela até sabermos exatamente se esse ataque foi fruto da imaginação da mãe (que no ataque inicial prefere acreditar ter sido vítima de um pesadelo lúcido) ou algo real e muito mais terrível.

THE ENTITY

Os eventos inexplicáveis não demoram a atormentar Carla, dessa vez afetando apenas a casa, com a ação fantasmagórica concentrada em seu quarto. Os móveis tremem, o ar do quarto congela, então ela decide apanhar sua família e ir para longe daquela ameaça, que parece estar concentrada na casa. Carla se abriga na residência de uma amiga, mas o parceiro da colega não fica satisfeito com a chegada da família, e Carla mais uma vez dispara em fuga. Sem dinheiro e sem ter para onde ir, ela acaba retornando para sua casa com os três filhos. Ela inclusive recebe o apoio dessa sua melhor amiga mais uma vez, mas quando as coisas parecem entrar nos eixos, os ataques passam a ocorrer também fora da casa, o que arrasta Carla para a ajuda médica.

the entity

O psicólogo que acompanha Carla é Sneiderman, e ele lhe oferece uma carona em uma das consultas, a fim de conhecer sua casa e o lugar onde ocorreram os ataques. Através das conversas entre Carla e Sneiderman conhecemos as histórias do passado de Carla, que estão frequentemente acompanhadas por abusos ou intempestividades de natureza sexual. Convencida por Sneiderman, Carla aceita se consultar com uma junta médica. Exatamente na véspera dessa consulta, quando estamos quase convencidos de que algo psicológico pode estar afetando Carla, ela é atacada na frente dos três filhos, e somos convencidos (em parte) do que de fato está acontecendo. Agora, somos expostos ao embate entre a ciência e o lado oculto que está atacando Carla e sua família, o que algumas vezes pode ser bastante irritante (e acredito que será insuportavelmente irritante se você for uma mulher). Segundo os médicos, Carla sofre de histeria, e sua família, de histeria em massa.

the entity

Depois da chegada de seu namorado, Jerry Anderson, tudo parece se acalmar, como previsto pelo médico, mas não dura muito tempo. Jerry sente algo estranho, diferente, em Carla, mas ela prefere manter segredo sobre o que está de fato acontecendo. Além disso, Jerry precisa voltar para a estrada, onde ganha seu sustento, o que rapidamente devolve o filme aos seus dilemas iniciais.

Com a evolução dos ataques a Carla, e o aumento dos confrontos entre ela e Sneiderman, também surgem ideias poderosas, principalmente no contexto da década de 1980, onde o sexo, principalmente o sexo livre para uma mulher, era tratado como tabu, erro, como uma espécie de pecado. Metaforicamente, o suplício de Carla nos faz acender várias luzes sobre como traumas e fantasmas do passado, e mesmo fantasmas do presente e do futuro, podem nos transtornar e nos sequestrar de nossa razão. Inclusive, para conhecer a genialidade narrativa de Felitta, você pode conferir O Demônio de Gólgota, livraço publicado pela Caveira.

a entidade

Existe um detalhe bastante fundamental em The Entity: quase sempre Carla é atacada sozinha. Isso sempre coloca um tom de dúvida em tudo o que ela narra, e mesmo em tudo o que estamos vendo, de certa forma. Ao colocarmos esse detalhe em paralelo com situações reais de violência contra a mulher, onde a vítima quase sempre é a única testemunha, percebemos a relevância desse filme não somente para o cinema de horror, mas também como uma aproximação bastante estreita com a realidade da sociedade. No filme, Carla consegue provar, pelo menos para um pequeno grupo de pessoas, que seus tormentos são reais e motivados por uma presença espiritual, e somente dessa forma ela consegue a ajuda que precisa.

the entity

Tudo bem, nesse ponto do filme temos uma equipe interessada nos fenômenos e em ajudar Carla, pessoas que acreditam no que ela diz, mas agora é a vez da ciência (digamos, mais especulativa) da parapsicologia confrontar a ciência tradicional, o que sempre se torna um deleite se você tem uma quedinha pelo time da subversão.

the entity

O filme não para por aí, e ainda teremos, sim, uma carga ficcional, principalmente nos momentos finais, quando The Entity se comunica com produções como Poltergeist (que saiu no mesmo ano de 1982 nos EUA) e clássicos como Rosemary’s Baby (1968) (e Amityville (de 1979) — temos livros de todos, obrigado, de nada. Também é interessante a ideia de como a ideia de se isolar uma entidade agressora espiritual, seja ela o que for, se tornou uma possibilidade em roteiros e encontrou muitos ecos em filmes mais modernos como Thirteen Ghosts, Paranormal Activity e The Cabin in the Woods).

De qualquer forma, talvez as mensagens mais poderosas e transformadoras — e também mais incômodas — de The Entity estejam em seu final, o que me leva a encorajar vocês a visitarem esse filme mais uma vez. E aproveitem mesmo para esticar essa visita ao livro, vale muito conferir.

Bora apertar o play? (e o pray?)

Segue o trailer! 

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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