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Two Evil Eyes: Quando gênios do horror unem suas forças

O filme de terror perfeito existe e Cesar Bravo pode provar

14/03/2025

Nas terras devastadas e sempre vivas do terror, apenas alguns nomes se impõem como ritos de passagem; escritores e cineastas que são responsáveis por separar as crianças empolgadas dos verdadeiros devotos do terror. Não por coincidência, muitos desses nomes floresceram nos anos 1980, em meio à explosão tecnológica, cultural e social que sacudiu a década como um tornado.

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Two Evil Eyes, no italiano Due occhi diabolici; no Brasil: Dois Olhos Satânicos, emergiu das profundezas abissais em 1990, e pode ser classificado como uma produção ítalo-estadunidense de horror e fantasia. Com tudo devidamente catalogado, vamos aos progenitores desse filme e também gênios incontestáveis do cinema de horror: Dario Argento e George A. Romero. Ah, sim, e se isso tudo não chamou a sua atenção, esse filme fantástico ainda é inspirado em várias histórias e personagens de Edgar Allan Poe.

A abertura do longa já indica a direção do que vivenciaremos pelos próximos 120 minutos, nos mergulhando em uma trilha sonora repleta de ruídos distorcidos (gritos?), ainda nos créditos iniciais. Logo depois, somos convidados a visitar um cemitério, o túmulo de Edgar Allan Poe e, em seguida, a casa onde o escritor viveu em Baltimore. Uma homenagem justa, afinal de contas, Poe e suas histórias serão boa parte da inspiração das duas histórias desse filme antológico.

Começamos com “A Verdade sobre o caso do sr. Valdemar”, história estrelada pela incrível Adrienne Barbeau. Na trama, a esposa de Ernest Valdemar, Jessica Valdemar (Adrienne), pretende manter seu marido em estado moribundo enquanto se apropria de sua fortuna. 

Na primeira cena temos Jessica conversando com um advogado, e quando ele explica que Jessica terá que esperar um bom tempo até conseguir sua parte dos bens do marido, ela despeja toda a verdade sobre seu casamento. Segundo suas palavras, ela se casou com um homem velho e rico. Permitiu que ele, Valdemar, aproveitasse de seu corpo e a ostentasse para a cidade, e agora ela quer a recompensa pelo seu sacrifício. Jessica apresenta uma procuração para adiantar o processo de doação, mas Pike, o advogado, desconfia. Entretanto, ele é obrigado a atendê-la quando fala com o adoecido Ernest Valdemar pelo telefone.

Descobrimos na cena seguinte que o médico de Ernest, dr. Robert Hoffman, é um velho conhecido (e namorado) de Jessica, e que ele está, juntamente com ela, mantendo o desenganado Ernest Valdemar em um estado de hipnose constante, para que possam obter todas as suas riquezas e assinaturas. Além disso, Robert também quer Jessica de volta para si, uma vez que ela o deixou para ficar com o velho Ernest. Ao contrário de Robert, ela parece ainda ter um pouco de empatia pelo esposo acamado. Quando Ernest está acordado, ele sofre dores terríveis, e também sente uma profunda raiva pela esposa, a acusando seguidamente de gastar todo seu dinheiro.

Através da hipnose, Jessica consegue que Ernest assine os documentos faltantes, e dessa forma ela obtém alguns milhares de dólares como adiantamento da herança, enquanto o restante dos milhões segue os trâmites normais de doação em vida. O único problema que ela encontra é que precisa manter Ernest vivo, uma vez que as assinaturas podem ser questionadas pela justiça a qualquer momento. Caso Ernest morra, ela terá muitos problemas para conseguir seu dinheiro.

Como podemos imaginar, é exatamente isso que acontece, e Ernest passa para o outro lado bem antes das três semanas necessárias para Jessica se apossar do dinheiro. Bem, ela e Robert encontram uma solução de como simular que ele estava vivo por todo esse tempo, e para que o cadáver não se decomponha, eles o colocam em um freezer no porão. E então noite após noite, Jessica o ouve gemer e se lamentar. Acreditem: esse é só o começo. De alguma forma, o processo de hipnose deixou a alma, a consciência de Ernest Valdemar presa ao seu cadáver, e ela consegue ser ouvida por Jessica e Robert. Vamos parar por aqui para não estragar a experiência final, mas você precisa saber o que esperar: cenas perturbadoras em vários sentidos.

Podemos adiantar que Valdemar está preso entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, e nós descobriremos através dele (e da ambição descontrolada do dr. Robert Hoffman) a dor e os planos que habitam o outro lado. A mão e o terror “desmorto” de Romero e os pesadelos vividos de Argento pesam bonito no final dessa primeira parte, um verdadeiro deleite. E ainda temos uma participação mais que especial para todo fã do horror em VHS quando a polícia entra em cena.

Na segunda história, também bastante conhecida pelos cinéfilos de terror e leitores de Edgar Allan Poe, visitaremos uma adaptação para “O gato preto”. 

Começamos muito bem em uma cena de crime que parece um matadouro. Os pedaços de corpos já estão se decompondo, o cheiro é terrível, mesmo os oficiais de polícia parecem atordoados. E tudo fica ainda mais impressionante com a chegada do fotógrafo Roderick Usher (interpretado por Harvey Keitel). Na mesma cena, temos o detetive Legrand (interpretado por John Amos) e outros bastiões da era de ouro do horror. O crime envolve uma moça fatiada ao meio por um pêndulo, então fiquem avisados sobre imagens que não vão te abandonar tão cedo.

Na sequência, vamos com o fotógrafo Roderick Usher até a sua casa, mais precisamente até o seu gabinete de revelação fotográfica, onde Usher é surpreendido e arranhado por uma gata, que está por ali, na sua sala de revelação. Annabel, sua namorada, explica que ela apareceu na frente da casa, e eles decidem adotar o animal.

Os problemas começam depressa, com a gata e Roderick passando a se provocar e detestar mutuamente. No contrapeso da balança, existe a presença de Annabel (Madeleine Potter), que ama tanto seu companheiro quanto a gatinha adotada.

Assim como todo ser humano, Roderick Usher tem alguma perversidade em si mesmo, um homem feito de luz e de sombras, embora no caso dele o apreço pela maldade esteja totalmente fora de controle. Isso o leva, depois de uma crítica no trabalho, a fotografar a gata enquanto acaba com ela.

Obviamente Annabel sofre com o desaparecimento da gatinha, e Usher, o assassino do felino, decide piorar tudo enchendo a cara e se tornando violento com a parceira. Depois de uma briga, a coisa esquenta de vez, e Usher agride Annabel com um tapa no rosto. Ela se tranca no quarto e ele bebe até cair no sofá. No meio desse quase desmaio alcoólico, Usher é transportado para uma comunidade medieval, onde é condenado à morte por assassinar a gata. 

Ele acorda atordoado e vai para o trabalho, enfrentar mais um dia de assassinatos e perversidade humana. Nessa próxima cena de crime, em um cemitério, temos uma participação especial de Tom Savini, mas fique atento porque ela é bem rápida.

Depois de algumas semanas, Annabel descobre que Usher matou a gata, ela está caminhando pela cidade e vê o livro ilustrado em uma vitrine, e o conteúdo do livro são as fotos que Usher tirou enquanto sufocava a gatinha até a morte. Annabel decide sair de casa, e no mesmo dia Usher reencontra a gata que ele havia matado em um bar. Segundo a garçonete, o gato preto apareceu por lá e ela o alimentou. A gata é a mesma, não há dúvidas. E Usher, após terminar sua turnê pelos bares do centro, a leva de volta pra casa.

Infelizmente, Annabel não teve tempo o bastante para arrumar as malas e partir, e quando ela ouve a gata em pânico, decide confrontar Usher. Não podemos dizer o que vem a seguir no filme, mas é algo que apenas uma mente genial como a de Edgar Alan Poe poderia ter gerado. Sob a direção de Dario Argento e com efeitos de Tom Savini, o resultado amplificado é avassalador.

Com a execução magistral de Dario Argento e George Romero, Two Evil Eyes consegue ser poético, perturbador, dramático e gore, tudo ao mesmo tempo, e a única queixa possível é que o filme tenha apenas duas histórias. A potência criativa desses gênios resulta em um filme de terror perfeito, tanto pelas histórias quanto pela condução e pela escolha de excelentes atores. Se você ainda não conhece esse filme, me deixe insistir para que se aventure, porque esse não é um filme qualquer, mas talvez seja a melhor homenagem à Edgar Allan Poe já feita no cinema.

Com um pouco de tenacidade, vocês o encontram on-line em boa definição, mas deixaremos o trailer para deixar todo mundo um pouco mais aficionado. Edgar Allan Poe, Dario Argento e George Romero (e uma ponta de Tom Savini). Pedir qualquer coisa além disso nos mandaria direto pro inferno.

Bora apertar esse play? Não dói — quase — nada!

LEIA TAMBÉM: 8 Adaptações de Edgar Allan Poe por Roger Corman

Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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