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Waxwork: Um mundo esculpido em cera, surpresas e horror

Bem-vindo ao bizarro universo dos museus de cera

01/09/2023

Visitas a museus de cera podem ser incríveis e igualmente desconfortáveis. Se em determinado corredor você esbarra com a Princesa Diana e o Arnold Schwarzenegger, em outro pode encontrar Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler. E sempre existirá essa ou aquela estátua brilhante que o seguirá com os olhos… (acontece o tempo todo, se você não acredita em mim, pode dar uma olhada em Madame Tussaud, publicado pela Macabra em parceria com a DarkSide®).

LEIA TAMBÉM: DE EMPREGADA DOMÉSTICA AO MUSEU DE CERA MAIS FAMOSO DO MUNDO: QUEM FOI MARIE TUSSAUD?

Waxwork foi concebido em 1988, e dirigido por Anthony Hickox (que também emprestaria sua visão a Warlock 2, Hellraiser III, e ao videoclipe “Hellraiser” de Mothörhead), e é um daqueles grandes filmes que acabam se perdendo na poeira dos anos em vez de ocupar um lugar de destaque no museu do terror. Mas vamos resolver esse problema e revitalizar essa obra de arte.

waxwork

Sem dúvida o filme é dono de um grande início: violento, quente e musicalmente empolgante. Em menos de cinco minutos não fazemos ideia do que o longa irá entregar, mas somos tão bem recebidos que ficamos otimistas (bem mais do que se poderia esperar pelo título que por aqui recebeu o infame A Passagem).

Assim que retomamos o fôlego, vamos para um café da manhã com a realeza da cidade, os Loftmore, e conhecemos uma senhora de família e bons costumes preocupada com o destino dos genes de sua dinastia. Sim, e também conhecemos seu primogênito criado no Ovomaltine, Mark Loftmore (interpretado por Zach Galligan, que aliás também deu as caras na franquia Gremlins). Bem, só pelo fator Gremlins gostamos imediatamente do mancebo, e o filme continua interessante com as pequenas transgressões matinais desse jovem herdeiro da elite local e a inserção das garotas, suas amigas, China e Sarah, que nos apresentam um pouco de suas vidas segundos antes de toparem com um Museu de Cera. Segundo as garotas, a atração parece ter aparecido na rua da noite para o dia, assim como seu misterioso anfitrião. O gancho é um convite desse homem (David Warner), para uma visita no museu à meia-noite, e não mais que seis pessoas! A proposta nos fisga imediatamente, como quase todas as coisas estranhas dos anos 1980. E falando nesses anos adoráveis e persistentes, na cena seguinte aproveitamos para conhecer o colégio local e seu mundo recheado de adolescentes clichês (que também conta com o Twin Peaker Dana Ashbrook, emprestando um pouco de seu charme questionável ao personagem Tony).

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Com um pequeno atraso, os seis amigos se reúnem e enfrentam a escuridão noturna até chegarem ao museu de cera. Na entrada, eles voltam a ser quatro rapidamente, porque uma das garotas (Gemma) é esperta demais para cair nessa, e seu namorado achou melhor não arriscar contrariar a moça no meio da madrugada.

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A entrada é franqueada por um anão de fraque, e não vamos comentar mais nada para não irritar o sindicato dos anões. Mas digamos que a imagem e a voz do sujeito sejam um pouquinho fora dos padrões, assim como o mordomo agigantado que surge a seguir, sem ser convidado, para ajudar a abrir os portões do inferno para uma noite de atrações improváveis.

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Como já dissemos, museus de cera são estranhos, mas o museu desse filme parece mesmo ter colocado essa premissa em todas as suas atrações. Olhando atentamente, elas parecem vivas, com carne, cabelos e ossos, como se a qualquer instante pudessem irromper de sua paralisia sorumbática e correr atrás de você.

Tony se interessa por uma dessas figuras, e então acontece algo que apanha a audiência de assalto e transforma a previsibilidade desse filme em algo muito mais interessante. Dessa vez eu não vou contar para vocês, não ainda. Mas posso dizer que os visitantes do museu terão uma experiência viva e cármica que irá muito além do 3D e do 4K.

LEIA TAMBÉM: EDWARD CAREY: “EU EVITAVA QUE PESSOAS DE CARNE IMPORTUNASSEM AS PESSOAS DE CERA”

Apesar de não trazer grandes novidades em relação aos personagens explorados (algo que não difere muito dos museus de horror espalhados mundo afora), o filme se organiza em ares antológicos, onde histórias distintas se unem em prol de uma trama maior, composta pelo museu, seus anfitriões e visitantes, e suas atrações.

No elenco, além do já mencionado Twin Peaker Dana Ashbrook e do pai de gremlins Zack Galligan, ainda temos David Warner como David Lincoln, Jennifer Bassey (a magnata senhora Loftmore) e J. Kenneth Campbell como Marquês de Sade, entre outros rostos conhecidos das produções da época.

O gore é valorizado e mais que satisfatório, com milhares de litros de sangue, torturas e cenas alimentícias para testar nossos estômagos. Algumas sequências beiram o ultraje, então se prepare para a pior. Apesar da máscara divertida — quase uma matinê —, a coisa fica bem pesada em algumas sequências. A produção é de primeira, bem feita, é possível ver o investimento financeiro caminhando lado a lado com a preocupação narrativa e estética.

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Mas tenha calma, se você acha que esse é filme é apenas um “survive the night”, será surpreendido novamente quando dois dos visitantes conseguem sair do museu sem ferimentos, e ir para a escola em um novo e radiante dia de sol — e ainda chamar a polícia. 

Essas reviravoltas são um grande trunfo de Waxwork, que seguidas vezes surpreende a audiência com plots originais e inesperados.

Assim como as estátuas de cera da galeria, esse é um filme de muitas camadas. E apesar de enxuto, existe um pouco de gordura na metade do filme, mas mesmo essa parte funciona positivamente, e ajuda inclusive a criar uma mitologia que deixa a produção ainda mais interessante — o oposto das enrolações modernas que descarregam “ação” com o objetivo de alongar 75 minutos pertinentes para uma produção de 3 horas e meia insuportável.

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Waxwork funciona bem, compartilhando da mesma fonte que Fright Night, An American Werewolf in London, Monster Squad, Night oh the Creeps e outros filmes que equilibraram tons de comédia com ótimos elementos de terror. Na cereja desse bolo, estão homenagens a monstros reais e imaginários, inclusive uma visita aos zumbis de George Romero e uma esticadinha ao palácio de pecados do Marquês de Sade.

E com tudo o que expusemos até aqui, “de que servem essas obras de arte, se não há ninguém para vê-las?”. Bem, eu também gostaria de saber. Então é melhor não fazer muita cera e apertar logo esse play. O ticket é por nossa conta, mas a sobrevivência fica com você (parece um ótimo negócio pra mim).

Como gostamos de frases ultrajantes, vamos deixar uma sequência que escolhemos exatamente para essa ocasião:

“O que acontece quando você vende a alma para o Diabo?”

“Você recebe um emprego permanente”

O trailer dessa obra de arte você confere aqui: 

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Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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