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10 Histórias essenciais para conhecer a obra de Edgar Allan Poe

Entregue-se a esse mestre do Medo Clássico

19/01/2023

Existem alguns escritores que se tornam imortais, por mais que alguns elementos de suas obras soem ultrapassados ou inadequados ao contexto atual. Mas é inegável a sua contribuição para a literatura, para gêneros específicos e para novas gerações de autores que bebem de suas fontes. Edgar Allan Poe é um deles.

LEIA TAMBÉM: O LEGADO DE EDGAR ALLAN POE NA LITERATURA (E ALÉM DELA)

Escritor, poeta, editor e crítico literário, Poe foi um pioneiro em diversas frentes e se tornou uma lenda tanto por sua obra como por sua breve e sinistra vida (e morte). Hoje, com um distanciamento histórico seguro para observar o impacto que ele teve na literatura, é possível afirmar que o autor de “O Corvo” não apenas criou novos padrões, ele deu um jeito de mudar os cursos da arte de contar histórias.

Dentre nomes influenciados pelo seu trabalho, podemos destacar alguns que talvez você já tenha ouvido falar, como Charles Baudelaire, H. G. Wells, Júlio Verne, Robert Louis Stevenson, Arthur Conan Doyle, William Faulkner, Fiódor Dostoiévski, Oscar Wilde e Sigmund Freud. Para citar apenas alguns.

Além de autores, todo o gênero do terror, da ficção científica e da literatura policial devem muito a Poe. Isso sem mencionar a consideração que o autor tinha pela psicologia como um recurso narrativo, descrevendo comportamentos e fenômenos que só seriam material de estudo várias décadas após sua morte.

A Caveira se orgulha em trazer para os DarkSiders importantes trabalhos desse mestre do terror na coleção Edgar Allan Poe Medo Clássico, que conta com dois volumes. As edições reúnem histórias essenciais do escritor, organizadas cuidadosamente para que os leitores consigam mergulhar na mente, nos temas e na própria evolução do trabalho de Poe.

Para quem está pronto para se render ao medo clássico desse autor imortal, a Caveira selecionou dez histórias fundamentais para ter uma visão bem ampla sobre o trabalho de Poe. Todas elas foram publicadas nos dois volumes de Edgar Allan Poe Medo Clássico.

1. O poço e o pêndulo

Poe consegue misturar escuridão, tortura e ratos em um mesmo cenário nesse conto. Como se isso já não fosse horripilante o suficiente, o personagem está submetido a uma lâmina gigante que lentamente desce do teto, dando a ele — e ao leitor — tempo o bastante para pensar em como será ser cortado por ela. O escritor cria uma atmosfera de terror completa, na qual tanto o narrador como o leitor estão cientes do quão intencional aquela situação é. 

Também se trata de um conto que explora um horror mais sensorial do que suas outras obras: sem o artifício da meticulosa descrição de Poe devido à escuridão da cena, somos entregues aos sentidos do narrador, capaz de sentir o cheiro dos ratos enquanto eles roem as cordas, ouvir o silvo do pêndulo e sentir o suor congelar sob o medo da morte.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

2. A queda da casa de Usher

Um dos títulos mais conhecidos da bibliografia de Poe, “A queda da casa de Usher” também contém um dos inícios mais apavorantes: em um extenso parágrafo, o escritor dedica cada imagem, ação e palavra a aterrorizar o leitor, conduzindo-o a uma conclusão destruidora — em todos os sentidos. 

Em uma narrativa com personagens humanos, a própria casa consegue ser a protagonista. É palpável a sensação de melancolia e decadência, estabelecendo um paralelo com o efeito que o imóvel tem em seus moradores. Poe consegue unir um suspense sobrenatural com o efeito devastador da fragilidade humana. Em poucas páginas, o escritor aborda temas complexos, como a preocupação de ser enterrado vivo, dupla personalidade, a sensibilidade de objetos inanimados e as complicadas noções da vida imitando a arte e vice-versa. Tudo isso ao mesmo tempo em que encaminha a narrativa para sua arrebatadora conclusão.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

3. O baile da Morte Vermelha

Numa primeira leitura, esse conto pode até parecer “apenas” uma alegoria da morte e sua inevitabilidade. Porém, um olhar mais meticuloso conseguirá perceber a intensa crítica social de Poe, expondo o comportamento alienado dos mais abastados sobre os mais humildes: enquanto boa parte da população é assolada pela Morte Vermelha, o príncipe Próspero e sua corte conduzem um extravagante baile de máscaras.

Com uma poderosa representação da estética gótica, o autor descreve os cômodos através das cores distintas e utiliza a diversão da festa como um contraponto à mortalidade, cujo relógio de ébano constantemente nos lembra que está à espreita. O suspense é carregado graças a um silencioso intruso que satiricamente troca de cômodos até se deparar com o príncipe anfitrião.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

4. O gato preto

Aqui a abordagem psicológica de Poe se mostra absolutamente incisiva e perturbadora. No conto “O gato preto”, o uso abusivo de bebidas alcoólicas se torna descontrolável, evocando um dos principais medos do próprio autor: que o seu apetite por álcool envenenasse sua personalidade e destruísse sua capacidade de escrever. Seu narrador mistura a loucura com o remorso e a paranoia da punição de seus crimes, uma fórmula aperfeiçoada por Dostoiévski no clássico Crime e Castigo.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

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5. William Wilson

Embora seja difícil provar uma influência direta, Dostoiévski também compartilhou de muitos temas do conto “William Wilson” em suas obras O Duplo: o conceito de sósia, dupla personalidade e a autocorreção da própria consciência (temas recorrentes nas obras do autor russo). Nessa história, Poe consegue equilibrar choque e humor (ainda que bem sinistro). Sabendo que o narrador é um canalha, é difícil ter compaixão por ele, apesar de toda a humilhação enfrentada pelo personagem. “William Wilson” é um potente estudo de caso psicológico, com um narrador não confiável que é torturado por uma merecida consciência de sua verdadeira natureza.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 2

6. O barril de amontillado

Não são apenas as frases de abertura e de encerramento que fazem de “O barril de amontillado” uma das obras-primas de Poe, o conto é meticulosamente construído frase após frase, tal qual seu protagonista ergue a parede de tijolos que selará o destino do azarado Fortunato (que significa sortudo. Ah! A ironia!). 

Não sabemos qual foi o insulto que levou Montresor à sua fúria homicida, o que torna tudo ainda mais ameaçador. Também a frieza com que ele atrai sua vítima embriagada para sua catacumba nos leva a perguntar se o narrador é menos ou mais insano do que os outros assassinos de Poe. Em pouquíssimas páginas, o escritor consegue imprimir na memória do leitor uma das cenas mais perturbadoras e memoráveis da literatura.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

7. Os assassinatos na rua Morgue

Considerada a primeira história de detetive moderna, revolucionando o gênero, “Os assassinatos na rua Morgue” apresenta ao leitor o investigador extraoficial Auguste Dupin, que também protagonizou duas outras histórias policiais: “O mistério de Marie Rogêt” e “A carta roubada” (ambas publicadas em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1). 

Utilizando a razão para solucionar mistérios, é inegável a influência que Dupin tenha sobre detetives consagrados da literatura, como Sherlock Holmes e Hercule Poirot. Em “Os assassinatos na rua Morgue”, Poe utiliza seus poderes de investigação e descoberta, aplicados com inteligência em uma narrativa que equilibra humor e terror e nos apresentando a um personagem que prova que é mais inteligente do que todos os outros.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

8. O escaravelho de ouro

Afastando-se um pouco da aura gótica, “O escaravelho de ouro” envolve o leitor em uma verdadeira caça ao tesouro que também deixou fortes influências nas histórias desse tipo. Robert Louis Stevenson, autor de O Médico e o Monstro e Outros Experimentos, é um dos que admitiu as influências do conto para escrever sua obra Ilha do Tesouro. Se pensarmos somente nos efeitos de uma picada de insetos, também podemos enxergar as semelhanças com Homem-Aranha e A Mosca

Outra característica marcante dessa história é a ampla utilização de enigmas criptografados, que poderia ter inspirado o assassino do Zodíaco. Com tanta inventividade em apenas uma história, “O escaravelho de ouro” sorrateiramente se tornou uma das obras mais importantes do escritor. 

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

9. O coração delator

Em outra possível influência à obra de Dostoiévski, “O coração delator” também se utiliza de um narrador pouco confiável que tenta conquistar a compreensão e a pena do leitor. Como uma história de terror, esse conto talvez se pareça leve demais para audiências modernas, mas ainda se mantém como um estudo valioso de obsessão e psicose na literatura

Ao levar a patologia do protagonista a extremos irracionais, Poe pavimentou o caminho para personagens psicóticos como Norman Bates, de Psicose. Aqui, o verdadeiro medo não está na brutalidade ou na inocência do narrador, mas na própria insistência de que ele é são. Com uma ironia que nem sempre recebe seus méritos, Poe decodifica as mentiras que os mais perigosos psicopatas contam a si mesmos.

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 1

10. A verdade sobre o caso do Sr. Valdemar

Na época de sua publicação, esse conto causou alvoroço justamente porque era crível até demais. Na história, Poe nos guia por um estudo científico sobre um paciente que é hipnotizado para um estado inexplicável: ele está morto e vivo ao mesmo tempo. Se hoje a descrição, o ritmo e o suspense empregados pelo autor já são capazes de causar calafrios, imagine para as pessoas de 1845!

Publicado em Edgar Allan Poe: Medo Clássico vol. 2

edgar allan poe: medo clássico

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Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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3 Comentários

  • HÉLDER PINHEIRO MAYER

    20 de janeiro de 2023 às 22:19

    O impecável estilo do imortal escritor de língua inglesa se traduz no domínio de expressão criativa das sensações sobrenaturais do ser humano no labirinto do desafio do íntimo complexo de revelar a dimensão da existência de uma outra existência espiritual, após a existência terrena. O pavor cria uma tensão de despertar os instintos primitivos atávicos dos arquétipos submersos profundos de inexplicável complexidade do ocultismo.

  • José Carlos

    21 de janeiro de 2023 às 09:11

    o cara era de uma inteligência criativa extraordinária. sou fã desde garoto.

  • Socorro Aguiar

    22 de janeiro de 2023 às 15:26

    Extraordinário é o mínimo pra conceituar Poe e sua obra. Com toda a “modernidade”, todos os Outros são Discípulos talentosos. O Grande Mestre, o Gênio, segue sendo Ele!

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