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CuriosidadesProfissionais da Morte

7 Casos famosos estudados pelo dr. Richard Shepherd

Investigações estão no livro Causas Não Naturais

10/09/2024

Com uma longa carreira dedicada à patologia forense, o dr. Richard Shepherd passou mais de três décadas trabalhando diretamente com ninguém mais, ninguém menos do que a própria Morte. Nascido em Londres, o médico não ficou conhecido apenas pela profissão inusitada, mas também pelo número impressionante de autópsias que realizou: mais de 25 mil.

LEIA TAMBÉM: Dr. Richard Shepherd: Como é trabalhar com a Morte

Sempre procurando as causas reais por trás das mortes que chegavam até sua mesa, Shepherd investigou doenças, crimes, assassinatos em série, massacres e grandes catástrofes, o que lhe rendeu um nome de peso na área. Sua experiência, marcada pela empatia e carisma, resultou em Causas Não Naturais, lançamento da DarkSide® Books que guia o leitor pelo mundo da patologia forense e pelos efeitos que a profissão teve em sua própria vida. 

causas não naturais

Entre tantas autópsias e casos, a carreira do patologista também se intercalou com alguns momentos marcantes da história recente da humanidade. Conheça alguns dos casos mais famosos estudados pelo dr. Richard Shepherd: 

1. O Massacre de Hungerford

Um dos primeiros casos de grande visibilidade de Shepherd aconteceu em 1987 na cidade britânica de Hungerford, situada no condado de Berkshire. Em 19 de agosto, um homem de 27 anos iniciou uma onda de violência que mudou para sempre a pequena e tranquila cidade, entrando para a história como um dos tiroteios em massa mais mortais do Reino Unido. Portando armas semiautomáticas, ele assassinou dezesseis pessoas e deixou outras quinze gravemente feridas. 

Durante seis horas de puro terror, o atirador se deslocou pela cidade, atirando aleatoriamente nas pessoas que ali estavam. Entre alguns indivíduos que perderam suas vidas estavam Susan Godfrey, que estava desfrutando de um piquenique com os filhos; o casal Roland e Sheila Mason, que foram assassinados em seu jardim; Francis Butler, que passeava com seu cachorro e Kenneth Clements, que estava simplesmente andando pela rua.

massacre de hungerford

O atirador também vitimou a própria mãe e o policial Roger Brereton, antes de tirar a própria vida. Conhecido como O Massacre de Hungerford, o incidente deixou uma marca para sempre na cidade e provocou mudanças nas leis britânicas sobre posse de armas de fogos, com a proibição de compra de rifles semiautomáticos e a implementação de outras medidas de segurança. 

2. Os atentados de 11 de Setembro de 2001

Outro caso bastante emblemático de Richard Shepherd foram os ataques de 11 de Setembro de 2001. O que era para ser uma típica terça-feira na cidade de Nova York se transformou no maior atentado terrorista já sofrido pelos Estados Unidos. Tudo começou quando quatro aviões comerciais que sobrevoavam o céu ao leste do país foram simultaneamente sequestrados por equipes terroristas lideradas pelo grupo extremista Al-Qaeda. O objetivo era utilizar as aeronaves como mísseis gigantes para colidir em edifícios emblemáticos de Nova York e Washington D.C. 

Foi assim que às 8h46 no horário local, o primeiro avião atingiu a Torre Norte do World Trade Center, um conjunto de dois arranha-céus comerciais que eram cartões postais da cidade de Nova York. Logo em seguida, às 9h03, outra aeronave colidiu na Torre Sul. Parcialmente destruídos, os edifícios pegaram fogo e impossibilitaram a saída das pessoas que estavam nos andares superiores. Em menos de duas horas, as duas torres de 110 andares desabaram, deixando a cidade envolta em uma nuvem de poeira.

atentados de onze de setembro

Simultaneamente, às 9h37, o terceiro avião desabou e destruiu a face ocidental do Pentágono, o quartel-general das forças armadas norte-americanas, situado perto da capital. Por fim, às 10h03, o quarto avião foi derrubado em um campo aberto na Pensilvânia após os passageiros lutarem contra os sequestradores, que pretendiam atacar o Capitólio. No total, 2.977 pessoas perderam suas vidas e mais de 6 mil ficaram feridas. Entre as vítimas estavam passageiros e tripulantes dos aviões; socorristas e bombeiros; indivíduos que estavam nas torres do World Trade Center e profissionais presentes no Pentágono. 

O dr. Richard Shepherd foi então levado de avião até Nova York para ajudar as autoridades do Reino Unido a identificar e trazer os falecidos britânicos para casa. Em uma entrevista, ele contou que participou de uma “procissão silenciosa” com profissionais de diversas nacionalidades, os quais trabalharam por horas e mais horas em situações extenuantes. Ele ainda comentou que o governo britânico desejava que os caixões dos falecidos fossem cobertos com bandeiras para serem velados em Downing Street. No entanto, coube ao patologista compartilhar a extensão da tragédia com todos. Segundo o próprio Shepherd: “Como eu tinha estado no necrotério durante a noite toda, receio que tenha surtado e dito: olha, eles não estão voltando em caixões, estão voltando em caixas de fósforos”. 

3. Acidente da Princesa Diana

Em 1997, o Reino Unido presenciou um dos acidentes mais notórios de sua história. No dia 31 de agosto, Diana, a princesa de Gales, morreu aos 36 anos em um trágico acidente automobilístico em Paris, na França. A morte de Diana, o membro da família real mais querido pelo público, rendeu não apenas uma intensa cobertura midiática como também deixou toda a nação britânica de luto.

acidente princesa diana

Divorciada há um ano do herdeiro do trono britânico, Diana estava com o novo namorado, o empresário egípcio Dodi Fayed, passando as férias de verão no Mediterrâneo. O casal havia chegado em Paris apenas um dia antes e na noite do acidente havia jantado no hotel Ritz com o pai de Dodi, o bilionário Mohamed Al-Fayed. Após isso, a dupla tentou fugir dos paparazzi pelas porta dos fundos do estabelecimento, o que não impediu que seu carro fosse perseguido pelos jornalistas e fotógrafos. Em uma fuga desesperada, o veículo em alta velocidade colidiu contra uma coluna em um túnel subterrâneo perto da Ponte de l’Alma, na margem norte do rio Sena.

Como resultado do impacto, a Mercedes-Benz ficou completamente destruída e Dodi e o motorista, Henri Paul, faleceram instantaneamente. Trevor Rees-Jones, guarda-costas da princesa, ficou gravemente ferido, mas permaneceu consciente e se tornou o único sobrevivente da tragédia. Já Diana ficou uma hora presa nas ferragens do carro até ser retirada com vida pelos socorristas, que precisaram cortar o teto do veículo para realizar o resgate. Mesmo com as vítimas do acidente machucadas ou mortas dentro do carro, fotógrafos continuaram tirando fotos com as imagens sendo posteriormente oferecidas aos jornais por uma quantidade absurda de dinheiro.

A princesa foi transferida com urgência para o hospital Pitie-Salpetriere, mas seus ferimentos internos eram muito extensos e irreparáveis. Às 4h, ela foi declarada morta. O evento trágico não gerou apenas comoção, mas também diversas teorias conspiratórias, que afirmavam não se tratar de um acidente. Foi dessa forma, que em 2004, o Dr. Shepherd examinou o corpo de Diana para o inquérito oficial instaurado no Reino Unido, sendo convocado para revisar as evidências e ajudar a elucidar se houve mesmo um acidente de trânsito. Segundo ele, a princesa poderia ter se salvado se estivesse usando o cinto de segurança, sendo que sua conclusão é de que realmente foi um trágico acidente. 

princesa diana

4. Assassinato de Stephen Lawrence

Stephen Lawrence era um jovem brilhante. Com muitos amigos, ele era conhecido por sua personalidade tranquila, assim como suas habilidades atléticas e o sonho de se tornar arquiteto. No entanto, tudo mudou no dia 22 de abril de 1993, quando seus sonhos foram brutalmente interrompidos por um ataque racista. Eram 22h30 quando Stephen e seu amigo, Duwayne, esperavam pelo ônibus na Well Hall Road, ao sul de Londres. Para conferir se o veículo estava chegando, Stephen caminhou um pouco pela estrada, enquanto Duwayne permaneceu no local. Foi a partir disso que um grupo de seis jovens brancos começou a proferir ofensas raciais contra Stephen, atacando-o e esfaqueando-o repetidamente.

Enquanto os atacantes fugiram, os dois amigos correram uma curta distância até Stephen cair no chão devido ao seus ferimentos. Às 22h55, a ambulância chegou ao local e levou Stephen até o hospital. Infelizmente, o jovem foi declarado como morto ao chegar na emergência, não resistindo aos ferimentos em seu braço e peito.

No entanto, a tragédia apenas aumentou. Após o assassinato, a polícia investigou os responsáveis pelos ataques e, embora alguns suspeitos tenham sido encontrados, as acusações foram retiradas antes que um julgamento pudesse acontecer. Foi alegado que não havia evidências suficientes. Na época, o inquérito foi denunciado como tendencioso, com muitas pessoas afirmando que o caso de Stephen estava sendo tratado diferente porque ele era negro.

stephen lawrence

Em 1997, o governo britânico ordenou uma nova investigação, agora com a participação de Richard Shepherd, que passou mais de uma década envolvido no caso. A nova investigação escancarou o racismo institucional da polícia britânica e em 2010, o caso foi categorizado como “um dos mais conhecidos e não resolvidos assassinatos por motivos raciais”

Dos seis assassinos de Stephen, apenas dois, Gary Dobson e David Norris, foram presos em 2012, após o surgimento de novas evidências. Embora existam outros suspeitos, a Polícia Metropolitana encerrou as investigações e declarou que o caso estava “inativo”. No entanto, a mãe de Stephen afirma que nunca irá desistir e continua até hoje buscando justiça pelo filho.

5. Atentados em Bali

No dia 12 de outubro de 2002, a Indonésia sofreu o ato mais mortífero de sua história, o qual deixou um total de 202 pessoas sem vida. Tudo começou no distrito turístico de Kuta, situado na ilha de Bali. O local desfrutava de um dos períodos mais movimentados do ano, sendo frequentado especialmente por equipes esportivas australianas que passavam as férias por lá. O terror iniciou às 23h05, quando uma bomba, montada dentro de uma mochila, explodiu no Paddy’s Bar, uma boate frequentada especialmente por jovens.

atentados em bali

Mesmo feridos, muitos clientes conseguiram fugir para rua. No entanto, vinte segundos mais tarde, uma segunda bomba, ainda mais poderosa, explodiu de dentro de um carro estacionado na rua do Sari Club, famoso bar ao ar livre localizado em frente ao Paddy’s.

A explosão deixou centenas de feridos, destruiu edifícios e abriu uma cratera de um metro de profundidade no chão. O hospital local não estava preparado para lidar com a escala do desastre e foi sobrecarregado pelo número de vítimas. Segundo relatos, havia tantos feridos que muitos tiveram que ser colocados nas piscinas dos hotéis próximos para aliviar a dor das queimaduras, até enfim poderem ser transferidos para locais com tratamento especializado. Além dessas duas explosões, uma terceira bomba foi detonada ao lado de fora do consulado dos Estados Unidos, causando ferimentos leves em uma pessoa e poucos danos materiais. 

Enquanto a maioria das vítimas eram australianas, indonésias e britânicas, pelo menos cidadãos de 21 países foram mortos no ataque. Isso fez com que investigações fossem realizadas não apenas pelas autoridades locais, mas também por forças-tarefas australianas e britânicas, levando à identificação da organização terrorista Jemaah Islamiyah como a responsável pelos ataques. Uma semana após a tragédia, a polícia indonésia prendeu o primeiro dos mais de 30 indivíduos responsáveis por planejar e executar os atentados

atentados em bali

6. Harold Shipman, o “Doutor Morte”

Harold Shipman foi um médico britânico que ficou conhecido como “Doutor Morte” após ser condenado pela morte de 15 mulheres idosas. Visto como um médico confiável e um homem de família, Shipman já possuía um passado turbulento envolvendo receitas e diagnósticos falsos, os quais utilizava para alimentar seu vício em analgésicos. Ele chegou a ser afastado do hospital onde trabalhava e foi internado em uma clínica de reabilitação, voltando à profissão dois anos depois. 

No entanto, as suspeitas sobre seu comportamento surgiram logo em seguida quando um agente funerário local notou que os pacientes de Shipman possuíam uma taxa de mortalidade muito alta e seguiam um padrão semelhante: eram mulheres idosas, que moravam sozinhas e faleceram após uma dose letal de morfina.

Contudo, devido à reputação do médico, as suspeitas não foram levadas a sério até 1998, quando uma de suas pacientes, Kathleen Grundy, foi encontrada sem vida no sofá de sua casa. Seus amigos e família estranharam as circunstâncias, afinal Grundy não estava doente e a última pessoa que havia a visto com vida era seu médico de confiança, Harold Shipman. As coisas ficaram ainda mais suspeitas quando a filha da vítima, que era a responsável pelas finanças da família, soube por um suposto advogado que a mãe havia deixado mais de 300 mil libras para o médico.

harold shipman

Uma investigação foi oficialmente aberta e, para a surpresa de todos, a polícia encontrou na casa de Shipman joias de suas outras pacientes e uma máquina de escrever, a qual era utilizada para falsificar testamentos. A partir disso, foram revisadas as mortes de outras 14 pacientes que haviam falecido por doses letais de morfina e tiveram seus certificados de óbito falsificados pelo médico.

Após reunir provas e acusações, Shipman foi preso e em 31 de janeiro de 2000 condenado à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pela morte de 15 mulheres entre 1995 e 1998. Contudo, é estimado que o médico pode ter matado centenas de outras mulheres, já que a investigação policial levantou mais de 150 mortes que também poderiam ser atribuídas a ele.

7. Atentados no transporte público de Londres

A manhã do dia 7 de julho de 2005 entrou para a história britânica quando o sistema de transporte público de Londres foi alvo de uma série coordenada de atentados terroristas. Os ataques, que aconteceram um dia após a capital ser eleita a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2012, começaram por volta das 8h50, um dos horários de pico do transporte, quando três explosões ocorreram simultaneamente no metrô, dentro de trens que estavam perto das estações Aldgate, Edgware Road e Russell Square. Um quarto dispositivo explodiu logo depois, às 9h47, em um ônibus de dois andares que passava pela Praça Tavistock. 

atentados transporte público de londres

O caos foi instaurado na cidade, levando à paralisação de todas as linhas do metrô e ônibus, assim como à interdição de diversas ruas. Ao final das operações, foi divulgado que os atentados mataram 52 pessoas e deixaram mais de 770 feridas, tornando-se o ataque com maior número de vítimas em Londres desde a Segunda Guerra Mundial.

Duas semanas depois, novas explosões paralisaram a cidade, no entanto, as bombas falharam e não causaram nenhum estrago para além do pânico coletivo. O acidente também acabou conectado ao caso do brasileiro Jean Charles de Menezes, que 17 dias após a tragédia foi confundido como um possível terrorista, responsável pelo atentado, e acabou sendo assassinado por engano pela Polícia Metropolitana de Londres em uma estação de metrô.

Eleito o livro do ano pelo Times True Crime e traduzido para dezoito idiomas, Causas Não Naturais integra a coleção Profissionais da Morte da DarkSide® Books. Uma obra reveladora e essencial para conhecer o trabalho de Richard Shepherd, Causas Não Naturais está a um clique de distância na Loja Oficial DarkSide. 

causas não naturais

LEIA TAMBÉM: O que é teoria e o que é fato sobre a morte da princesa Diana

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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