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Dr. Richard Shepherd: Como é trabalhar com a Morte

Conheça o autor de Causas Não Naturais

05/08/2024

Já pensou em ter a Morte como a sua grande parceira profissional? Esse é exatamente o caso do dr. Richard Shepherd, patologista forense que soma o número impressionante de mais de 25 mil autópsias. Shepherd passou três décadas dedicando sua vida à área da patologia forense, trabalhando com mortes causadas por doenças, crimes, massacres e até mesmo grandes catástrofes. 

LEIA TAMBÉM: O que é teoria e o que é fato sobre a morte da princesa Diana

Participando das cenas de crimes até os julgamentos nos tribunais, o patologista trilhou uma carreira única, sempre tentando estabelecer as causas reais por trás das mortes que investigava. Isso exigiu que combinasse o conhecimento médico com o olhar aguçado de um detetive, o que lhe rendeu uma autoridade de peso na patologia forense e o fez trabalhar em momentos marcantes da história recente da humanidade, como o atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro

Após anos trabalhando na área, Shepherd compartilhou suas experiências e vivências em Causas Não Naturais. Guiando o leitor pelo mundo da patologia forense e pelos efeitos da profissão em sua própria vida, o médico traz uma visão empática e reveladora, permeada por muito carisma e profissionalismo.

causas não naturais

Uma leitura indispensável para os interessados no assunto, Causas Não Naturais integra a coleção Profissionais da Morte da marca Crime Scene da DarkSide® Books, a qual traz relatos surpreendentes e únicos de diferentes profissionais que convivem diariamente com a Morte. Conheça um pouco da fascinante história da vida e carreira do dr. Richard Shepherd.

Tudo começou com um livro contrabandeado na escola

Richard Shepherd nasceu em 1953 em Londres, mas cresceu em Watford, cidade do Condado de Hertfordshire situada a cerca de 32km de distância da capital britânica. Quando tinha apenas 9 anos, Shepherd perdeu a mãe, que faleceu devido a uma doença cardíaca, ficando encarregado então de cuidar das tarefas domésticas e ajudar o pai. 

Seu primeiro contato com a patologia forense veio logo cedo, quando ainda frequentava a escola secundária e um colega contrabandeou para a sala de aula um livro de medicina. O jovem Shepherd ficou impressionado pela temática do mundo do crime e assassinato, sem conseguir tirar os olhos da galeria de estrangulamentos, facadas e eletrocussões que aparecia na obra. Entre tantas tragédias, inclusive a perda da própria mãe, Shepherd ficou fascinado pelo fato de que a morte poderia ser analisada, compreendida e racionalizada. Era o início de uma paixão duradoura e uma longa jornada para entender a morte em suas mais variadas formas. 

dr. richard shepherd

Após anos de muito estudo, em 1977, o britânico se formou como médico na escola de medicina do St. George’s Hospital em Hyde Park Corner, Londres. Três anos mais tarde realizou sua primeira autópsia e sete anos depois, em 1987, completou sua pós-graduação na área da patologia forense. Quase que imediatamente, se uniu ao então departamento forense de elite do tradicional Guy’s Hospital de Londres. Mais tarde, conquistou seu próprio departamento no St. George’s Hospital, um dos maiores hospitais universitários do Reino Unido. Era o início de uma prolífica jornada. 

Mais de 25 mil autópsias

Ao longo de seus mais de 30 anos de carreira, Richard Shepherd participou, nacional e internacionalmente, da investigação forense de milhares de mortes por causas não naturais. Desde o início, o patologista se viu envolvido com desastres em larga escala, como o acidente ferroviário de Clapham em 1988, que resultou na morte de 35 pessoas, e o naufrágio do barco Marchioness no ano seguinte, o qual acarretou a perda de 51 vidas. Logo, ele ganhou destaque por pressionar e incentivar que policiais recebessem treinamento adequado sobre os métodos de contenção dessas cenas terríveis.

desastre marchioness

Com mais de 25 mil autópsias no currículo, Shepherd trabalhou também com as evidências de casos notórios, como assassinatos em massa e atentados, alguns dos quais você provavelmente já ouviu falar, como o massacre de Hungerford em 1987, os ataques do 11 de Setembro em Nova York e os atentados em Bali em outubro de 2002. 

Para além desses casos, Shepherd se envolveu nas investigações de casos famosos que atraíram muita atenção do público, como o acidente da princesa Diana em 1997 e a série de assassinatos cometidos por Harold Shipman, serial killer britânico conhecido como “Doutor Morte”.  Houve também casos longos e conturbados, como o assassinato de Stephen Lawrence, um jovem de 18 anos que foi esfaqueado em um ataque racista no sul de Londres em 1993. Shepherd passou mais de uma década trabalhando no caso, o qual escancarou o racismo institucional da polícia. Dos seis assassinos de Lawrence, apenas dois foram presos em 2012.

acidente princesa diana

O conhecimento e a técnica do patologista também ajudaram a elucidar a natureza de muitas outras mortes súbitas e inexplicáveis, que a partir de sua minuciosa investigação foram comprovadas como naturais ou acidentais. Além de seu trabalho oficial, Shepherd apareceu na televisão inquirindo sobre os mistérios que envolvem mortes de celebridades de alto perfil, como Michael Jackson e Michael Hutchence, vocalista da banda INXS. 

Nem tudo são flores

Embora se orgulhasse de sua capacidade de transitar entre seu local de trabalho e sua casa, saindo do papel de investigador e assumindo suas obrigações como pai e marido, Shepherd viu seu casamento entrar em colapso em 2007. Sua esposa implorava que ele demonstrasse mais suas emoções. 

Alguns anos mais tarde, a vida diária rodeada por cadáveres, dissecações e tragédias cobrou outro preço alto quando Shepherd foi diagnosticado com Transtorno de Estresse Pós-Traumático em 2016. Contudo, engana-se quem acha que o diagnóstico veio após um incidente em particular. O trauma ocorreu mesmo pela acumulação gradual e constante de estresse e danos emocionais ao longo dos 30 anos que passou enfrentando violências e corpos ensanguentados quase todos os dias. 

dr richard shepherd

Segundo ele, embora fosse acostumado com a morte e treinado para deixar suas emoções de lado, chegou um determinado momento em que não conseguia mais abafar tudo que sentia e os gatilhos apareciam a partir de coisas simples, como cubos de gelo que o lembravam da refrigeração de cadáveres após atentados violentos. Essa experiência e o custo da memória são abordados em Causas Não Naturais, em que conta a história de casos que o assombraram e como foi viver uma vida mergulhada na morte. 

Dois anos após o diagnóstico de TEPT, com terapia e medicação, Shepherd enfim conseguiu recuperar seu entusiasmo pelos mistérios do corpo humano e o amor pela disciplina que o tornou tão famoso. A experiência fez com que levantasse a importância de os patologistas receberem acompanhamento psicológico. 

Em 2017, o doutor se aposentou oficialmente, saindo da lista de patologistas forenses do Ministério do Interior do Reino Unido. No entanto, ele ainda aceita casos isolados a pedido de equipes de defesa, sendo constantemente requisitado por suas habilidades e conhecimentos no mundo todo. 

Patologista, aviador, apicultor e escritor

Embora a patologia forense seja uma grande parte da sua vida, Shepherd encontra espaço para outras atividades. Desde 2004, por exemplo, o médico possui uma licença de piloto privado, sendo um aviador experiente com mais de 500 horas de voo. Ele também se tornou um renomado professor e conferencista, lecionando em universidades do mundo inteiro e dando palestras para profissionais de sua área em conferências nacionais e internacionais. Como se não bastasse, em seu tempo livre, Shepherd ainda é um apicultor ávido, cultivando colmeias e compartilhando o mel produzido com a família e amigos. 

dr richard shepherd aviador

Quando não está fazendo tudo isso, o patologista se dedica à escrita. Seu primeiro livro, Causas Não Naturais, traz uma visão reveladora deste mundo, inserindo os efeitos da inusitada carreira em sua própria vida e levando o leitor por uma jornada que vai da cena do crime até a sala do tribunal. A obra foi um grande sucesso e vendeu mais de 400 mil cópias apenas no Reino Unido, entrando para a lista dos dez mais vendidos do Sunday Times por 18 semanas. 

Eleito o livro do ano pelo Times True Crime e traduzido para 18 idiomas, Causas Não Naturais integra a coleção Profissionais da Morte da DarkSide® Books, ao lado de outros best-sellers como Ossos do Ofício, de Sue Black, e O Segredo dos Corpos, de Vincent DiMaio. Uma obra única, Causas Não Naturais já está à venda na Loja Oficial Dark, provando que falar da morte é saber que estamos vivos. 

LEIA TAMBÉM: 4 Profissões da morte que você não imaginava que existiam

Sobre DarkSide

Avatar photoEles bem que tentaram nos vender um mundo perfeito. Não é nossa culpa se enxergamos as marcas de sangue embaixo do tapete. Na verdade, essa é a nossa maldição. Somos íntimos das sombras. Sentimos o frio que habita os corações humanos. Conhecemos o medo de perto, por vezes, até rimos dele. Dentro de nós, é sempre meia-noite. É inútil resistir. Faça um pacto com quem reconhece a beleza d’ O terror. O terror. Você é um dos nossos.

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