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Vestália: É tempo de celebrar a chama eterna

Conheça o festival que celebrava a deidade romana do lar

07/06/2023

Existe uma infinidade de deidades e espíritos associados ao lar e à lareira. Mas uma delas praticamente parava a rotina de Roma para um festival em sua homenagem. Estamos falando da deusa Vesta, celebrada através do Vestália entre os dias 7 e 15 de junho no Império Romano.

Conduzido pelas sacerdotisas vestais, Vestália era um festival de purificação e o templo aedes Vestae era aberto para as mulheres em Roma. O acesso deste templo era proibido aos homens e ele era aberto no dia 7 de junho para as matronas, que eram as parteiras. Normalmente este acesso era limitado às vestais e ao pontífice máximo — que não podia entrar no Peno das Vestais, um recinto secreto da deusa.

Durante a Vestália, as matronas entravam no templo das vestais descalças e com os cabelos soltos para orar e pedir pelo bem de sua casa e de sua família. Um dos rituais envolvia a oferenda de pratos com várias iguarias, e as vestais lhe ofereciam uma farinha de trigo especial chamada mola sala, utilizada em todos os sacrifícios oficiais.

Lá pelo dia 9 de junho, a festa ficava mais popular, abrangendo também os padeiros e moleiros por causa de sua relação com o fogo. Os burros, animais associados à deusa Vesta, ajudavam no trabalho e as rodas dos moinhos eram enfeitadas com grinaldas de violetas.

Dia 15 de junho, último dia de celebração, começavam a limpar o templo. Este era considerado um dia dedicado exclusivamente às atividades religiosas até que o ato religioso ocorresse: depois dele as pessoas poderiam voltar à sua rotina.

Evidências de registros da época indicam que os rituais de Vestália funcionavam como uma celebração do poder do lar, além da manutenção do fogo e sua capacidade transformadora em relação aos alimentos.

Quem era Vesta?

A deusa romana é descrita no livro A Casa da Bruxa Natural como uma importante deidade do lar. Seu templo abrigava uma chama eterna que simbolizava a vida e a segurança da cidade de Roma.

As vestais, guardiãs do templo de Vesta, eram sacerdotisas que juraram dedicar sua vida à deusa. Elas prometeram celibato por trinta anos, com a intenção de dedicar toda a sua energia e tempo em servidão a Vesta.

O fogo sagrado de Vesta era reaceso em todo primeiro dia de março, com uma amostra sendo retirada e guardada em um recipiente. Após a limpeza da lareira, o fogo era reaceso com as brasas do fogo original, tornando-se eterno de verdade.

De acordo com a mitoligia romana, Vesta era a terceira filha do deus Saturno. Diferentemente de suas irmãs Juno e Ceres, ela não casou e permaneceu virgem. Era associada à força vital da terra, de onde herdou seu nome e o que a sua chama sagrada representava.

Considerada uma guardiã do lar, Vesta era tão importante no contexto doméstico que emprestou seu nome ao vestíbulo, o primeiro cômodo por onde se entrava em uma casa romana. Naquela época, este espaço era considerado muito importante, pois era onde permanecia a lareira da casa.

A lareira, como bem aprendemos em A Casa da Bruxa Natural, representa o centro de todas as atividades domésticas: é a fonte primária de calor e de luz para a moradia, o que justifica a importância de Vesta para os romanos.

Vesta ou Héstia?

Mais tarde, Vesta passou a ser associada à deusa grega Héstia, que também era associada à lareira — e também é citada por Arin Murphy-Hiscock em A Casa da Bruxa Natural. Porém, Vesta era mais do que apenas uma deusa doméstica: ela era uma dos doze Di Consentes — os deuses estatais cujas estátuas figuravam no Fórum Romano. Mais do que a protetora do lar, Vesta era guardiã de todo o Estado Romano.

forum romano — Visit Colosseum Rome/Reprodução

Outra diferença entre Vesta e Héstia, é que o culto da deusa romana era formalizado, com direito a uma ordem de sacerdotisas que serviam em seu templo. Já Héstia, apesar de sua posição de primeira entre iguais, raramente é mencionada na mitologia. Ela muitas vezes é considerada mais um ideal incorpóreo do que uma divindade encarnada, como os deuses do Olimpo, por exemplo.

Porém, há algumas semelhanças entre as duas além de suas atribuições de deidades domésticas. Apesar de Héstia não ter um templo formal como seu cognato romano, ela era homenageada através de um altar público na prefeitura, onde se mantinha acesa uma chama eterna.

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