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Motel Hell: Carne é carne e deve ser comida

Hospede-se nesse filme canibal dos anos 1980

11/08/2023

Calma, esse não um manifesto antivegano, apenas não seria justo deixar no fundo da terra o Santo Graal de uma legião de filmes de hotéis assassinos. Ou talvez seja mais certo dizer hotéis açougues, ou casas de carne de beira-de-estrada. Vamos por partes, sim? Como diria Jack e também… Vincent.

LEIA TAMBÉM: CASA ASSOMBRADA? QUE TAL ESSES FILMES DE TERROR EM APARTAMENTOS?

Elaborado e condimentado nas mentes perturbadas dos irmãos Robert Jaffe e Steven Charles Jaffe e dirigido por Kevin Connor, Motel Hell, de 1980 (rebatizado por aqui de Motel Diabólico) é um desses filmes precursores de crises, trazendo à tona dilemas sociais e morais que levariam algumas décadas até atingirem seu apogeu. Fome, canibalismo, isolamento, indústria da carne, nutricionismo — ou quase isso. Mas vamos logo para a diversão.

Começamos o filme conhecendo o MOTEL HELLO, que por uma estranha “coincidência” tem a letra “O” em estado terminal, oscilando e gerando o MOTEL HELL que batiza o longa-metragem. Na sacada desse charmoso hotel, um homem fuma seu cachimbo e se embala em uma cadeira de balanço. O tom vermelho e oscilante do neon parece nos preparar para algo indigesto, perigoso e nocivo. O neon segue anunciando “Há vagas”.

motel hell

O homem que apresenta certa idade logo abandona o charuto e a cadeira de balanço e os troca por sua Winchester e um punhado de cartuchos, ao som de uma empolgada pregação religiosa na TV da sala. Em seguida o mesmo homem, agora armado (Vincent Smith, interpretado pelo medalhão do faroeste Rory Calhoun), atualiza o letreiro que diz: “Não há vagas”. Claro que não, Vincent precisa sair para caçar.

Não sei vocês, mas o filme já me pegou irreversivelmente em 10 minutos.

Na estrada tomada por Vincent, que dá acesso ao hotel, avistamos um outdoor: “Fazenda do Vincent, Carne Defumada é isso!”. E começamos a pressupor canib… não… não vai acontecer. Não em um filme de 1980, não é mesmo? Seria muita ousadia.

motel hell

Seguimos Vincent quando ele desce do carro e, caminhando com sua espingarda, flagra um acidente de moto. O condutor e sua passageira se chocam com uma árvore, e nosso gentil anfitrião presta a ajuda que lhe parece conveniente ao casal ferido. Leia-se: levar os feridos na caçamba de sua caminhonete até seu hotel charmoso e infernal.

LEIA TAMBÉM: THE LAIR OF THE WHITE WORM: DEVOÇÃO, APETITE E OBSCURANTISMO

Um dos atrativos do hotel, como fomos informados, é a famosa carne defumada do Vincent, e o açougueiro que faz as especiarias usa um uniforme bastante peculiar — que conta com uma cabeça de porco. Depois desse vislumbre desagradável (quando acontece, duas irmãs gêmeas, crianças, estão bisbilhotando a área de defumação) voltamos ao martírio da garota acidentada da moto, devidamente informada que seu namorado morreu no acidente e foi enterrado sem qualquer consentimento da parte dela. Tudo isso com menos de quinze minutos de filme. E ainda não citamos um terço das peculiaridades dos irmão Vincent e Ida Smith (uns fofos).

motel hell

O maior choque vem a seguir, em uma pequena plantação oculta no hotel, e caso você desconheça esse filme, vai precisar de um tranquilizante para continuar assistindo (falando seríssimo).

Motel Hell é um verdadeiro culto à carne, um filme perverso, perturbador e doentio, e tudo isso é um grande, imenso elogio. O filme é de uma ousadia lendária, se colocando ombro a ombro com The Texas Chainsaw Massacre (O Massacre da Serra Elétrica, 1974) e The Hill Have Eyes (Quadrilha de Sádicos, 1977), entre outras pérolas da perturbação e ultraviolência cinematográfica.

O enredo é relativamente simples, com Vincent Smith fazendo o que é preciso para cuidar de sua família e de seus negócios, enquanto tece uma rede de sedução ao redor da garota acidentada, Terry (Nina Axelrod), que apresenta uma quedinha por homens mais velhos. A relação entre a família de Vincent, seus irmãos Ida e Bruce Smith, é uma loucura à parte, e precisamos mesmo chegar ao final do filme para entender essa estranha dinâmica.

Profética, Ida pergunta a certa altura a seu irmão Vincent, enquanto cuida de sua plantação peculiar: “Oh, Vincent, você acha que daqui a alguns anos as pessoas vão apreciar o que fazemos aqui?”.

motel hell

Certamente muitos apreciaram, e para não alongar muito a lista vamos resumir a Eli Roth e Rob Zombie, e suas criações perversas, respectivamente Hostel e House of 1000 Corpses (com suas sequências Devil’s Rejects e 3 From Hell). E vamos incrementar essa lista com muitos momentos de American Horror Story e filmes como Jeepers Creepers, Vacancy, The Innkeepers, Identity e The Night.

motel hell

Motel Hell não é perfeito, sentimos alguns pontos de abreviação/desconexão no roteiro, mas falamos de um passado glorioso em que o trauma final importava bem mais que a linearidade ou plausabilidade minuto a minuto. Falamos de cinismo, sarcasmo e lutas com motosserras! Além disso, existe um certo charme na imprevisibilidade. Motel Hell não admite pressuposições, ele nos engana, trapaceia, joga com nossas percepções o tempo inteiro. E que tal parafrasearmos o velho Vincent para encerrar essa nossa conversa? “Quando você considera o mundo como está hoje, não existe dúvidas que estou fazendo a muitos deles um grande favor.”

motel hell

Agora só nos resta recomendar uns petiscos defumados antes de vocês apertarem o play.

Partiu Motel Hell?

Aqui você confere o trailer para abrir o apetite!! 

LEIA TAMBÉM: 976-EVIL: DISCAGEM DIRETA AO ALÉM

Sobre Cesar Bravo

amplificador cesar bravoCesar Bravo é escritor, criador de conteúdo e editor. Pela DarkSide® Books, publicou Ultra Carnem, VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue, DVD: Devoção Verdadeira a D., 1618 e Amplificador.

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